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Channel: Marcos Brolia – 101 Horror Movies
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740 – May – Obsessão Assassina (2002)

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MAY (2002) poster


May


2002 / EUA / 93 min / Direção: Lucky McKee / Roteiro: Lucky McKee / Produção: Marius Balchunas, Scott Sturgeon; Richard Middleton (Coprodutor) / Eric Koskin, John Veague (Produtores Executivos) / Elenco: Angela Bettis, Jeremy Sisto, Anna Faris, James Duval, Nichole Hiltz, Kevin Gage, Merie Kennedy


May – Obsessão Assassina é mais um daqueles subestimados filmes de terror, pouco conhecido do grande público e que teve o infortúnio de um lançamento porco direto para home vídeo, ignorando um excelente thriller dirigido por um novato Lucky McKee, hoje um dos bons nomes de sua geração.

A velha história da garota esquisita, pária da sociedade, que não possui nenhum amigo, traquejo social ou relacionamentos amorosos, ao melhor estilo Carrie – A Estranha se mistura com o clássico Frankenstein de Mary Shelley e sua ideia de montar pessoas a partir de restos mortais de cadáveres, afinal, como a própria família tresloucada da May, nossa protagonista vivida por Angela Bettis, ensina: “se você não pode achar um amigo… faça um”!

Isso porque a menina nasceu com um grave estrabismo que lhe afastava dos amiguinhos, que praticavam bullying com a garota, obrigando-a a viver sozinha e utilizar um tapa-olho para cobrir seu “olho preguiçoso”, mais uma das excentricidades de sua mãe, que lhe dera de presente a boneca de porcelana Suzy, que fica trancada dentro de uma proteção de vidro, a qual a garotinha vivia costurando vestidos, sendo ela sua única amiga (e com quem conversava também, diga-se de passagem).

Pois bem, May fica mais velha, conserta o problema de ambliopia com uma lente de contato e trabalha em uma clínica veterinária, junto da recepcionista lésbica Polly (interpretada por Anna Faris, mais conhecida pela franquia Todo Mundo em Pânico), que tem uma queda pela garota. Certo dia ela conhece o mecânico Adam Stubs (Jeremy Sisto) por quem se apaixona à primeira vista. Detalhe é que o cara tem sonho em ser cineasta e seu diretor preferido é Dario Argento. Certo momento da fita ele exibe para May em um date um curta que fez onde um casal começa a trocar carinhos em um parque e a paixão é tanta, que o amor se consuma em atos de canibalismo, com os dois devorando pedaços um do outro.

Quanto mais a agulha vai brincando, costureira vai traçando terror no ar
Quanto mais a agulha vai brincando, costureira vai traçando terror no ar

O problema é que May passa então a ficar obcecada por Adam, que obviamente vai dar um pé na bunda da garota por conta do seu comportamento estranho e doentio. Ela se envolve então com Polly, mas que é bem das adeptas do poliamor e também fica com outras garotas e tudo isso vai afrouxando os parafusos da protagonista, até que em uma atividade escolar voluntária com um grupo de crianças cegas, ela leva Suzy para eles conhecerem, que acaba acidentalmente se quebrando.

Pronto, esse é o estopim para que May surte de vez e resolva construir uma “nova”  amiga, chamada Amy (anagrama de May) assassinando seus chegados, e até estranhos que encontra na rua, para montar sua versão da criatura de Frankenstein, usando suas habilidades em costura, em operação nos animais e suas noções de anatomia.

McKee apresenta um filme que vai se construindo lentamente, onde você vai acompanhando o drama da personagem de Bettis, que está simplesmente perfeita no papel, com seus problemas sociais, misturando doses certeiras de humor negro com romance, até explodir em seu final bizarríssimo, quando a psicopatia da mulher foge do controle e ela aflora seus instintos assassinos, vítima da sociedade e da criação familiar. Apesar das cenas de matança e gore serem bem contidas, elas são altamente eficazes e interessantes, fazendo com que no final, seja um daqueles filmes que você normalmente não daria nada e se torna uma gratíssima surpresa.

McKee e Angela Bettis criaram uma frutífera parceria desde então, com a moça atuando em outros dois filmes do diretor, A Floresta e The Woman – Nem Todo Monstro Vive na Selva (talvez o pior subtítulo já dado na história do cinema aqui no Brasil, salvo pelo clássico Parenthood – O Tiro Que Não Saiu Pela Culatra), e no episódio dirigido por ele na antologia Mestres do Terror, que recauchuta algumas ideias de May – Obsessão Assassina, tanto da visão do diretor quanto da personagem de Bettis. Vale lembrar também que a atriz, ainda imersa nesse tipo de papel, fez aquela versão HORROROSA de Carrie – A Estranha para a TV no mesmo ano, que lógico, foi sacaneado de acordo no Horrorcast.

Eu sou normal, tá?
Eu sou normal, tá?



Novo Sexta-Feira 13 é adiado para 2017

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E anda a caça de um roteirista, como Jason caçava adolescentes com hormônios em ebulição!


Não sei se essa notícia é boa ou ruim, mas o re-reboot de Sexta-Feira 13 foi adiado para 2017, e os produtores continuam a procura de um roteirista para escrever o longa. Porque realmente deve ser MUITO DIFÍCIL escrever uma história para Jason Voorhees…

De acordo com o Bloody Disgusting, os motivos ainda são incertos e aparentemente está rolando uma indecisão por parte da Paramount, mas ao que indica, o roteiro de Nick Antosca (Hannibal) não foi aprovado. David Bruckner (O Sinal, V/H/S/) continua como diretor do projeto e segundo o que disse o produtor Brad Fuller, da Platinum Dunes, no começo do ano, a ideia é de expandir a mitologia de Jason e ao mesmo tempo, se passar nos anos 80 voltando ao clima slasher de acampamento de verão. Aí sim!

O novo Sexta-Feira 13 tem previsão de estreia para 13 de janeiro de 2017, sendo que antes seu lançamento seria em 13 de maio do ano que vem.

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Veja o trailer do filme de terror com filha de Sean Penn

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Condemned coloca um grupo de pessoas infectadas por um vírus preso em um prédio abandonado.


Condemned parecer ser “tipo REC“, parafraseando aquele comercial do “tipo NET”. Só que sem os zumbis, sem o enredo religioso e sem o found footage, e com um belo tom de trasheira.

Na trama, um grupo de pessoas fica preso em um apartamento abandonado, onde mora todo tipo de chorume social, foco de um terrível infestação de um vírus que os transformará em assassinos dementes com sede de sangue.

O novo filme do diretor debutante Eli Morgan Gesner, tem Dylan Penn, a filha do Sean, no elenco junto de Ronen Rubinstein, Lydia Hearst, Jon Abrahams, Honor Titus e Genevieve Hudson-Price,e estreia no próximo dia 13 de novembro nos cinemas dos EUA, junto de seu lançamento em Digital HD. Chega em VOD no dia 05 de janeiro. Confira abaixo a sinopse, pôster, imagens e o trailer do mesmo.

Cansada  das brigas com seus pais, a “pobre-garota-rica” Maya (Dylan Penn) vai morar com seu namorado em um antigo prédio condenado na Lower East Side de Manhattan (NE: Tipo um Baixo Augusta). Seus vizinhos são viciados em metanfetamina, drogras, degenerados e esse buraco depravado do inferno é mais tóxico do que parece. Após um vírus nascido da combinação de resíduos e lixo tóxico infectar os moradores do edifício, um por um sucumbe a um aterrador patógeno que os transforma em furiosos assassinos sanguinários que fará com que o prédio se torne um selvagem matadouro


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Veja o curta nacional de zumbis Bosque Vermelho

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Exibido dentro do 15º Festival Kinoarte de Cinema, curta é resultado da primeira Oficina de Realização em Cinema de Gênero do Cine Guerrilha


E o cinema nacional de terror continua bombando! Já está disponível online, para assistir gratuitamente no Vimeo, o curta Bosque Vermelho, resultado da primeira Oficina de Realização em Cinema de Gênero do Cine Guerrilha, que rolou dentro do 15º Festival Kinoarte de Cinema em Londrina.

Aproveitando a ida do cineasta Rodrigo Aragão (Mangue Negro, A Noite do Chupacabras, Mar Negro) com a oficina de maquiagem para cinema de horror, o Cine Guerrilha aproveitou para colocar em prática seus ensinamentos, realizando a primeira produção de horror gore zumbi da cidade, que também é recheado com músicas de bandas londrinenses, trazendo um panorama dos sons produzidos por lá, além dos usar os cartões postais como locação.

Confira abaixo.


741 – O Olho que Tudo Vê (2002)

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My_Little_Eye


My Little Eye


2002 / EUA, Reino Unido, França, Canadá / 95 min / Direção: Marc Evans / Roteiro: David Hilton / Produção: Jonathan Finn, Alan Greenspan, David Hilton, Jane Villiers; Christopher Zimmer (Coprodutor Executivo); Tim Bevan, Eric Fellner, Natascha Wharton (Produtores Executivos) / Elenco: Sean CW Johnson, Kris Lemche, Stephen O’Reilly, Laura Regan, Jennifer Sky, Bradley Cooper, Nick Mennell


Taí um daqueles filmes indies de terror pouco conhecido do grande público, que é bem legal. Assisti pela primeira vez O Olho que Tudo Vê no Telecine em uma dessas noites em que mais nada que prestasse passava na TV à cabo, num remoto tempo antes do Now, Netflix e do Popcorn Time, sem dar absolutamente nada, e o resultado acabou me surpreendendo.

Apesar do lançamento deveras tardio no país, e do próprio caminho tortuoso que a produção teve para chegar até a distribuição da Universal Pictures e estreia nos cinemas, sendo que quase foi lançado direto para o vídeo e seu primeiro corte fora um fracasso nos testes de audiência, O Olho que Tudo Vê tornou-se até um semi-hit, se podemos dizer assim, pois surgiu naquele começo do milênio onde os reality shows haviam virado uma verdadeira febre televisiva.

Quem aí não lembra de ficar ligado na televisão nas primeiras edições de Casa dos Artistas, com o Supla e o Alexandre Frota, e os primeiros Big Brother Brasil, que hoje já virou uma carne de vaca insuportável, mas tinha lá sua curiosidade mórbida naqueles tempos. Tudo era motivo de diversas discussões sobre a exploração da imagem, a invasão de privacidade, a busca incessante pelos cinco minutos de fama, a falta de conteúdo desse tipo de programa, o oportunismo e sensacionalismo dos produtores que manipulavam as pessoas em busca de audiência, e por aí vai.

Foi uma sacada das mais interessantes o diretor Marc Evans e o roteirista David Hilton abordarem esses assuntos em um filme de terror. Ainda mais em uma época que o found footage, como os próprios reality shows, não tinham sido copiados à exaustão e tornado-se sempre cada vez mais do mesmo. Hoje isso continua acontecendo com o found footage e os reality shows foram substituídos pelos programas de competições culinárias. E tudo ainda com uma pegada de deep weeb e snuff movies.

Casa dos Artistas!
Casa dos Artistas!

A história é bem simples, e creepy as hell, se você parar para pensar. A produção enxuta, usando o aparato de câmeras espalhadas por uma casa acompanha cinco competidores de um reality show transmitido pela web que devem ficar confinados em um casarão gótico no meio do nada, durante seis meses, e cada pode um levar a bolada de um milhão de dólares. Mas há um detalhe peculiar: se alguém desistir ou abandonar o jogo, todos perdem a grana. O que já vai dar pano da manga para que eles permaneçam juntos, custe o que custar.

Acontece que os seis meses estão se completando e diferente dos BBBs da vida que estamos acostumados, onde rola sempre umas festinhas, culto ao corpo, provas de resistência, pegação generalizada, bebedeira, corpos sarados, banhos de piscina em meio ao verão tropical brasileiro, a Solange cantando “Iarnuou”, o local é completamente ermo, inóspito e faz um frio desgraçado, colocando todos na mais pura provação, e não é sempre que eles vão receber alimentos ou cigarros.

Obviamente os ânimos e nervos vão ficando exaltados, naquele clima de paranoia constante, fora a sensação de sentirem-se sempre observados, além de acontecimentos estranhos devidamente manipulados que vão deixando o ambiente e as reações ainda mais tensas. Certo dia um estranho aparece na casa, dizendo que havia se perdido em uma de suas andanças pela região para praticar esqui, e acaba confidenciando que nunca tinha ouvido falar do programa de Internet que eles estavam participando. E vejam só a surpresa ao rever O Olho que Tudo Vê e descobrir que esse esquiador é na verdade uma ponta de Bradley Cooper, que aparece lá só para causar e trepar com uma das participantes.

Um minuto de silêncio
Um minuto de silêncio

Um dos participantes então consegue hackear uma conexão na Internet e simplesmente não encontra o show na Internet em nenhum website ou sistema de busca. A conta não fecha, pois eles deveriam ter anunciantes e patrocínio, afinal essa é a intenção da exposição de um produto pela Internet que deveria gerar assinaturas e publicidade, e não ser meticulosamente escondido do grande público. Após acessar alguns fóruns, ele descobre que na verdade os cinco desafortunados estão participando de um programa transmitido pela Internet sim, mas que apenas figurões tem acesso e apostam uma nota em qual deles sairá vivo da casa.

Muito mais legal que Big Brother, né? Daí então o filme começa a caminhar para seu tenso clímax, ao melhor estilo caçada humana na aplicação da lei do mais forte, sem contar um tom conspiratório que irá surgir com a mancomunação de um dos participantes e os famigerados representantes da companhia por trás do macabro programa snuff.

Joga contra o longa uma série de situações inverossímeis de furo no roteiro, como, por exemplo, a falta de química entre os personagens que ficaram juntos seis meses vivendo embaixo do mesmo teto e até mesmo a situação de familiares e amigos daqueles participantes, que teoricamente estão em um programa que nem eles conseguem assistir, e isso não levanta nenhuma investigação ou algo do tipo.

Mas em compensação, a percepção na utilização de um tema, que mesmo que não seja inédito, estava em voga e completamente atual, somado as técnicas de filmagem ao melhor estilo cinema verité, a aposta em atores desconhecidos e a construção de uma atmosfera sinistra e claustrofóbica que vai explodir em seu final, acaba fazendo com que O Olho que Tudo Vê torne-se uma película interessante, eficaz quanto experiência de suspense e faz com que o espectador se envolva e entre no clima, até seu final pessimista e desconcertante.

Corta para a dois!
Corta para a dois!


Novo Halloween também é adiado!

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O produtor Malek Akkad abriu seu coração e disse porque o gato de Michael Myers também foi para o telhado.


Depois de Sexta-Feira 13 ser adiado para 2017, agora é a vez de outra franquia slasher receber o sinal vermelho: Halloween Returns, próximo filme com o facínora mascarado, Michael Myers.

O produtor Malek Akkad, filho de Moustapha Akkad, produtor do original e morto em um atentado a bomba em 2005, se abriu para o Daily Dead sobre os atrasos envolvendo a produção, dizendo que tudo é pelo “bem maior” do filme, e que isso irá resultar em um filme melhor, que os fãs irão apreciar, apesar de algumas mudanças estarem sendo feitas do que o anunciado anteriormente.

Além disso ele falou sobre os problemas com o estúdio e trabalhar com o diretor Marcus Dunstand (O Colecionador de Corpos) e o roteirista Patrick Melton (Roteirista de Jogos Mortais 4 para frente):

Tenho que dizer, e isso é novidade de alguma forma – que infelizmente coisas acontecem em Hollywood quando você tem problemas com estúdios e diferentes variáveis, por isso tivemos que dar um passo para trás e agora estamos tentando reconfigurar esse monstro que é o novo Halloween.

Nós descobrimos que todos (Dunstand e Melton) estamos na mesma página e queremos fazer as mesmas coisas, e o fato é que o estúdio não necessariamente concorda conosco. Eu sinto que tenho parceiros que irão comprar essa briga comigo e lutar por suas ideias e pela certeza que as coisas sejam feitas do jeito certo. Eu os acho fantásticos e super talentosos.

Malek Akkad

Originalmente, o roteiro se passaria depois dos acontecimentos dos três primeiros filmes da série, e seria um standalone que reintroduziria Myers para a audiência depois de sua inicial matança, com um novo grupo de jovens de Haddonfield lutando contra o serial killer, tendo o filho de 18 anos de uma de suas primeiras vítimas, em busca de vingança, em um papel principal,

Mais um atraso que também não sei se é bom, ou ruim. Mas o fato de não ter Rob Zombie envolvido, já é um baita alívio.


Remake de The Rocky Horror Picture Show encontra sua “Dra. Frank-N-Furter”

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Laverne Cox de Orange is the New Black abocanha o papel que fora de Tim Curry no original.


A FOX anunciou uma nova versão do clássico INSUPERÁVEL (em letras garrafais, tá) The Rocky Horror Picture Show e pretende atualizar a emblemática comédia/musical de horror para a nova audiência.

De acordo com o SpoilerTV, eles acabam de escalar a “nova Dra. Frank-N-Furter”: Laverne Cox (Orange is the New Black) reprisará o papel emblemático de Tim Curry no original.

O remake será um evento de duas horas exibido no outono de 2016 (deles) e terá produção executiva de Gail Berman e Lou Adler, os mesmos do original de 1975.

Espere uma enxurrada de críticas e muita xingação no Twitter por conta da escolha, mas pense no baita potencial disso aí, uma vez que Cox é uma transex (e não só isso, a primeira mulher negra transex a ter um papel de destaque em uma série de televisão)! E Curry intepretava justamente o quê? Um doce travesti e sempre vale lembrar que TRHPS é exatamente sobre aceitação, um grito de liberdade e quebra de barreira de gêneros.

O 101 Horror Movies curtiu isso pacas!


742 – A Sétima Vítima (2002)

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Darkness


2002 / EUA, Espanha / 103 min / Direção: Jaume Balagueró / Roteiro: Jaume Balagueró, Fernando de Felipe / Produção: Julio Fernadéz, Brian Yuzna; Antonio Nava (Coprodutor Executivo); Carlos Fernandéz, Guy J. Louthan, Bob Weinstein, Hervey Weinstein (Produtores Executivos) / Elenco: Anna Paquin, Lena Olin, Iain Glen, Giancarlo Giannini, Fele Martínez, Stephan Enquist


Já falei aqui como a Espanha é um excelente celeiro do cinema de terror e fantástico. No meio dos anos 90 até o final dos anos 2000, principalmente, surgiram uma leva de excelente cineastas espanhóis que fizeram com que o gênero despontasse e virasse objeto de exportação, principalmente para o mercado americano. Alex de La Iglesia, Juan Carlos Amenábar, J.A Bayona são alguns desses nomes.

Entre eles, dois merecem destaque: Paco Plaza e Jaume Balagueró, que trilharam uma interessante carreira solo até se juntarem em REC, o melhor filme de terror da década passada. Eu conheci Balagueró exatamente em A Sétima Vítima (não confundir com o filme homônimo de 1943 produzido por Val Lewton), certa noite assistindo sua exibição no Telecine, uma produção ibero-americana que tem a produção da Fantastic Factory do filipino Brian Yuzna, esse já velho conhecido do fã de horror, e do espanhol Julio Fernandéz,.

Se eu não me engano isso foi em 2005 ou 2006, sendo que na Espanha ele fora lançado em 2002 e nos EUA só chegou aos cinemas dois anos depois, mantido na geladeira pela Miramax/Dimension, que comprou seus direitos de distribuição, e ainda mutilou a fita para pegar uma classificação PG-13.

Antes do escamagris
Antes do escamagris

A Sétima Vítima é aquele tipo de filme que tem um potencial gigantesco desperdiçado, nem falando da direção de Balagueró e nem na atuação dos atores, mas sim em seu roteiro mal executado, cheio de buracos e situações inverossímeis que desafia demais a lógica do espectador, principalmente no que tange o relacionamento familiar, e acaba prejudicando demais no construir dos elementos da trama, apesar de seu final trágico e pessimista.

A fita começa mostrando um acontecimento de 40 anos atrás, onde seis crianças desaparecem após a prática de um ritual oculto interrompido. Um casal americano, Maria (Lena Olin) e Mark (Iain Glein, hoje mais conhecido como o Jorah Mormont de Game of Thrones) muda-se para uma tétrica e afastada casa na Espanha com seus filhos, a adolescente Regina (Anna Paquin, a Vampira/Sookie Stakehouse) e Paul (Stephan Enquist), o caçula.

Mark passa a sofrer de um grave colapso mental que o transforma em uma pessoa violenta, transtorno que já o acometera no passado, enquanto um anunciado eclipse solar se aproxima. A relação na família começa a ficar estremecida, e uma misteriosa força obscura passa a aterrorizar o garoto mais novo, que passa a ficar calado e acordar com hematomas, algo ignorado de acordo pela mãe, uma das grandes falhas do roteiro. O pai de Mark, e seu médico, Albert (o sempre ótimo Giancarlo Giannini) também parece não ligar muito o que se passa com o neto e os ataques do filho.

I wanna do bad things with you!
I wanna do bad things with you!

Bom, tudo isso para que Regina, a única que não julga a inteligência do espectador e seu namoradinho, Carlos (Fele Martínez) resolvam tentar entender o que há de errado com aquela sinistra casa e que influencia o comportamento errático do pai, apavora seu irmão e isso sem contar uma sombrias presenças que surgem pelos cantos escuros. Em suas investigações, encontram o arquiteto do local que os conta que o imóvel fora construído sob restritas ordens para se parecer um templo circular, onde uma seita satânica sacrificaria sete crianças durante um eclipse (que vejam só, se repete cada 40 anos) para liberar a vinda das trevas para nosso mundo.

Regina então, crente de que Paul será a sétima vítima, procura ajuda de seu avô, uma vez que o pai está transtornado e poderá matar o próprio filho e a manhã é uma relapsa de mão cheia, para tentar impedir a tragédia. ALERTA DE SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco. Mas eis que na verdade, a sétima vítima é Mark, a criança original que escapara, auxiliado pelo pai no último momento, que arquitetara esse plano durante todo esse tempo para que fosse morto pelas mãos de alguém que o amasse. O ponto interessante é que numa malsucedida operação de traqueostomia, tudo manipulado pelas forças das trevas, Regina acaba matando o próprio pai acidentalmente, libertando a danação eterna e ferrando com o rolê todo.

A Sétima Vítima é um típico filme que intriga em uma primeira assistida, impressiona por sua atmosfera e pela sua tentativa de originalidade, pela excelente direção de Balagueró e a fotografia soturna de Xavi Giménez, e apesar de seu final macabro, peca em entregar aquilo que se propõe por conta das pontas soltas do próprio roteiro, não resistindo a uma boa segunda (ou terceira) revisão.

Pro Instagram
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HORRORVIEW – Canibais (2013)

Eli Roth em dose dupla!

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Em menos de duas semanas o “MAR-GHE-RI-TI” chapa de Tarantino lançou dois filmes comercialmente. E sem querer mostrou o que sabe, e não sabe fazer no gênero


Tá certo, Eli Roth é um dos grandes nomes do cinema de terror atualmente. Mestre do horror moderno? Acho exagero, mas é inegável a importância que o sujeito ganhou no gênero nessas duas décadas.

Acontece que no espaço de tempo de duas semanas, dois filmes de Roth foram lançados comercialmente (na gringa). Por uma coincidência do destino, ou por conta dos inúmeros problemas com o lançamento de Canibais (eu queria muito saber quem foi o espertalhão que deu esse título nacional para The Green Inferno, uma vez que já existe um – talvez até mais, sei lá – filme com esse mesmo nome e poxa, “Inferno Verde” , custa?) que só conseguiu chegar no circuito DOIS ANOS depois de sua produção, e só graças ao midas do terror Jason Blum que comprou os direitos para exibição, entrou como produtor executivo, e assim foi lançado nos cinemas americanos em 25 de setembro.

Duas semanas depois, eis que estreia o longa mais recente de Roth, Bata Antes de Entrar, segunda coprodução EUA/Chile, com produção de Miguel Asensio e Nicolás Lopez, e ambos com a belíssima Lorena Izzo e Ignacia Allamand no elenco.

Você vai ali e reclama com a FUNAI
Você vai ali e reclama com a FUNAI

Canibais é um antigo desejo de Roth, fã confesso do ciclo italiano canibal e que decreta Cannibal Holocaust de Ruggero Deodato como seu filme preferido ever. O próprio nome original, The Green Inferno é um termo cunhado por Deodato em seu controverso filme e no final dos créditos vemos escrito em bom italiano: Per Ruggero.

Isso sem contar a caralhada de referências e homenagens, não só a Holocaust (o sujeito empalado, a vingança dos indígenas contra o homem branco, etc), mas a diversos outros filmes do subgênero, principalmente Cannibal Ferox, de Umberto Lenzi  (a sequência final e a decisão da protagonista ao retornar à selva de pedra é indiscutível) e A Montanha dos Canibais, de Sergio Martino, outro dos grandes italianos do terror, como a ideia da tribo deificar uma das garotas e pintá-la para algum tipo de ritual/ sacrifício sexual.

A trama segue o BEÂBÁ do ciclo italiano, quando um bando de ativistas se embrenha na Floresta Amazônica peruana para impedir que uma escusa companhia devaste o local e risque do mapa uma população indígena inteira. Após conseguir a sabotagem, um acidente de avião os joga no meio do mato, a mercê de uma tribo de canibais.

Cafunés
Cafunés

Daí para frente, veremos sempre o que Roth sabe fazer de melhor: uma porrada de cenas de gore intenso, brutais, violentas, com decapitação, membros decepados, canibalismo, empalhamento, castração feminina e toda barbárie que esperamos, trazida de forma exuberantemente grotesca pela maquiagem de Howard Berger e Greg Nicotero, papas no assunto.

E também vamos acompanhar o dilema moral, o choque de costume e a filhadaputagem do homem branco, como um bom filme de canibal manda, ao descobrir que o mocinho e líder dos ativistas é um verdadeiro canalha sacana, que certamente fez escola com Alan Yates de Carl Gabriel Yorke em Holocaust, ou o Mike Logan de Giovanni Lombardo Radice em Ferox.

E claro, tudo isso, com o alívio cômico, marca registrada do diretor, que sempre abusa do humor negro camp em seus longas de temática pesadíssima, como já o fizera em Cabana do Inferno e O Albergue. Muita gente torce o nariz, mas eu acho até de certa forma, saudável para quebrar um pouco do choque gráfico, mesmo que muita das vezes sejam piadas escatológicas e de gosto duvidoso.

Destaco aqui a sequência em que do nada, Alejandro, o personagem de Ariel Levy, começa a se masturbar, preso com os colegas na jaula de madeira, para dar uma aliviada na tensão, logo depois que uma das garotas não aguenta o tranco e se suicida, ou quando os sobreviventes resolvem entubar essa mesma garota de maconha, tipo um cookie, um bolo, um brigadeiro, você tá ligado, para os índios ficarem doidões ao comê-la e assim tentarem fugir. Só se esqueceram da larica que bate depois…

Canibais é um filme em que Roth entrega aquilo que promete e não decepcionará o fã do trash e do ciclo italiano canibal, que se divertirá com as situações, a brutalidade e a penca de referência. E já que Roth é um cineasta de influências e referências (tal qual Del Toro, Shyamalan, Tarantino, e por aí vai). Emulou Sam Raimi e Peter Jackson em Cabana do Inferno, Deodato e cia limitada em Canibais, Takashi Miike em O Albergue, foi a vez de Adrian Lyne e seu Atração Fatal em Bata Antes de Entrar.

♪ Elas são doidas demais! ♫
♪ Elas são doidas demais! ♫

Esse, mesmo tendo uma veia de Roth, é um filme bem fora dos padrões do diretor, até porque, como ele manja dos paranauê do Torture Porn, aqui faz um filme bem dos comedidos, quando podia pegar BEM pesado nas cenas de tortura, mas apenas o faz de leve, explorando uma psicopatia pueril forçadíssima das duas belas protagonistas, Genesis (Lorenza Izzo) e Bel (Ana de Armas).

O thriller erótico prometia chocar o espectador com o personagem de Keanu Reeves, pai de família, arquiteto bem sucedido, paizão de dois filhos, caindo na tentação quando durante uma viagem da família, duas ninfetas batem na porta de sua casa numa noite de tempestade e acabam fazendo um threesome com o Neo. Parecia que você estava assistindo o Teste de Fidelidade com a Marcia Imperator e uma amiga tentando seduzir o caboclo que procurava um emprego de mil reais.

Tá certo que a situação toda como é construída é desconcertante, você como homem falho vai pensar o quanto a carne é fraca, sem hipocrisia nenhuma, mas toda a boa dose de suspense vai pro ralo quando as meninas se mostram duas malucas de marca maior, chantageando, sequestrando  e torturando Reeves, mas sem chegar ao dedinho do pé do que Glenn Close fez com Michael Douglas no clássico do Supercine, ou outras mulheres malucas do cinema como a Annie Wilkes de Louca Obsessão ou a Montse de Musarañas.

Ups, deixei escorregar o sabonete
Ups, deixei escorregar o sabonete

O que poderia ser um filme para te deixar com os nervos à flora da pele, vira um pastiche, com as duas sendo propositalmente caricatas (a loirinha daria uma ótima Arlequina), Roth segurando a mão no peso que poderia haver nas cenas de tortura e né, sabemos que Keanu Reeves não é lá dos melhores atores do mundo. A cena em que ele está amarrado e tem um ataque histérico chega a ser hilária, o que não devia ser a intenção.

Há todo o discurso pseudo-moralista com uns belos toques de misandria. Uma deturpada lição de moral que logo um sujeito como Roth quer imprimir no espectador. Aqui as patrulheiras da boa conduta masculina que estão aí de olho em você, e lhe tentando para provar sua tese, são duas 9nhas gostosas (mas que convenhamos, não teriam menos de 18 nem em cada perna!), que abusam da sua sensualidade, do jogo da malícia e da sedução, forçando bastante a barra da situação, que mais uma vez me lembrou o saudoso quadro do João Kléber nas segundas à noite . Parecem duas filhinhas de papai mimadas que não tem nada melhor do que fazer na vida do que ficar batendo na casa dos ricaços para seduzi-los e provar que “todo homem não presta”, como vigilantes do bom costume que elas não devem ser nem a pau.

Até mesmo a putaria que todo mundo achava que seria da boa, afinal, Roth também curte uma nudez e um sexo, taí O Albergue que não me deixa mentir, é bem das brandas, com um par de peitinhos aparecendo acolá, uns closes de coxa, umas cenas de trepada meio Cine Privé, e é isso. Não sei se veremos uma futura versão do diretor e essa é aquela que passou pelo MPAA para ser exibida nos cinemas, mas, what you see is what you get. O que salva Bata Antes de Entrar de uma completa perda de tempo é exatamente seu final, sua deliciosamente irreverente e sacana sequência antes dos créditos subirem, com o infortúnio do protagonista nas redes sociais e a reação da sua família ao voltar para casa, onde eu pelo menos ri alto.

Você vai ali e toma a pílula azul!
Você vai ali e toma a pílula azul!

Foi interessante a experiência de ver dois filmes de Eli “MAR-GHE-RI-TI” Roth lançados comercialmente tão próximos, principalmente para ver as diferenças gritantes entre ambos, e o cineasta, mesmo que sem querer, mostrar o que sabe, e o que não sabe fazer no gênero.

Agora é esperar suas vindouras parcerias com Jason Blum, que podem ser para o bem ou para o mal, e sua versão do megalodonte gigante em Meg, outro filme que há anos está de rosca para sair do papel, baseado no livro de Steve Alten sobre o titânico tubarão pré-histórico que comeria o Grande Tubarão Branco de café da manhã. Será Roth atacando no eco-horror dessa vez.

Antonio…

TOPE NOVE – Canibalismo

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Aproveitando que essa semana teve o Horrorcast do Cannibal Ferox, hoje o HORRORVIEW sobre Canibais e o texto sobre Eli Roth, vai aí o TOPE NOVE dos filmes sobre canibais ou canibalismo, até para já dar ideias para o jantar dessa sexta à noite:


9) Mundo Canibal (1972)

Pontapé inicial de Umberto Lenzi no infame ciclo italiano canibal. Um fotógrafo é capturado por nativos de uma floresta tropical e depois de um tempo acaba se casando com a filha do chefe e os ajuda em proteger a aldeia de uma tribo canibal rival.

Vai uma língua aí?

8) Motel Diabólico (1980)

Um fazendeiro rapta e “cultiva” viajantes incautos, usando-os como ingrediente secreto na preparação de sua famosa carne defumada vendida no comércio local.

VAI PALESTRA!

7) Anthropophagus (1980)

O demente Joe D’Amato entrega um dos mais emblemáticos nasty videos de todos os tempos, onde um canibal apavora turistas em uma ilha grega deserta. Detalhe: sujeito curte comer fetos e suas próprias entranhas também.

Comeu ELA e o BEBÊ!

6) Mortos de Fome (1999)

Guy Pearce é um covarde herói-soldado que é promovido para um posto militar na Califórnia onde um misterioso colono surge contando uma arrepiante história sobre canibalismo, emitindo o fato de que ele era o tal fã da antropofagia.

É friboi?

5) Quadrilha de Sádicos (1977)

O carro de uma família americana suburbana quebra na estrada no meio do deserto e eles são obrigados a lutar selvagemente por sua sobrevivência ao serem atacados por uma gangue de violentos mutantes canibais.

Maldita mesa!

4) Cannibal Ferox (1981)

Lenzi ficou com invejinha do Cannibal Holocaust de Deodato e quis chocar geral com seu Cannibal Ferox. Um grupo quer desmistificar a existência de tribos canibais na Amazônia, mas acaba sendo capturado junto de um salafrário traficante em busca de diamantes que hostilizou os índios.

Mata a cobra e corta o pau!

3) Cannibal Holocaust (1980)

Suprassumo do cinema italiano canibal, o filme de Deodato é taxado como o mais controverso, polêmico e apelão já feito. Empalamento, estupro, canibalismo, castração, crueldade com animais, tá tudo lá para os fortes. Ainda é o precursor do found footage.

Me dá ibagens!

2) O Massacre da Serra Elétrica (1974)

Seminal filme de Tobe Hooper que apresenta Leatherface e sua família disfuncional de canibais que aterroriza um grupo de jovens hippies que passavam pelo Texas para visitar o túmulo da família.

Amaciando a carne!

1) O Silêncio dos Inocentes (1991)

Hannibal Lecter é o mais famoso canibal do cinema, ponto! Baseado no livro de Thomas Harris, traz a agente federal Clarice Starling na caça um serial killer de mulheres e pede um help para o doutor que curte fígado com favas e um bom Chianti.

Tirando uma lasquinha!

743 – Sinais (2002)

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2002 / EUA / 106 min / Direção: M. Night Shyamalan / Roteiro: M. Night Shyamalan / Produção: Frank Marshall, Sam Mercer, M. Night Shyamalan; Kathleen Kennedy (Produtora Executiva) / Elenco: Mel Gibson, Joaquim Phoenix, Rory Culkin, Abigail Breslin, Cherry Jones


M.Night Shyamalan é uma infeliz vítima de seu próprio sucesso. Quando ele arrebatou público e crítica em O Sexto Sentido e seu mais que lendário plot twist final, o indiano, cria de Alfred Hitchcock, talvez NUNCA imaginasse o estrago que estava fazendo com sua carreira, pelo nível de expectativa altíssima colocada em seus próximos filmes e pela incessante busca do público pelas reviravoltas em seus finais, como conseguiu até de certa forma cumprir em Corpo Fechado.

Hoje, 16 anos depois que Haley Joel Osment “viu pessoas mortas a todo momento” comprovamos que Shyamalan é bem na verdade um embuste, um truqueiro, uma fraude, sendo que ele falhou miseravelmente EM TODOS os seus próximos filmes, alguns dignos de pena como A Dama da Água, Fim dos Tempos e O Último Mestre do Ar, e sua carreira hoje se encontra no estágio: “fazendo found footage para a Blumhouse Pictures”, apesar da boa recepção da crítica para o inédito no Brasil, A Visita.

Mas Sinais ainda mostra certo respiro do diretor e é uma aula de suas influências cinematográficas. Eu nunca fui muito fã da fita, principalmente por um motivo que vocês que já acompanham o blog devem muito bem adivinhar: a mensagem carolona e panfletária religiosa que ele entuba no final da fita. Eu sou um bom e velho adepto do niilismo de Lucio Fulci, então sacumé, essa coisa de fé, perder e recuperá-la, por talvez sorte, acaso ou coincidência, para mim não cola.

Bloqueadores mentais!
Bloqueadores mentais!

Mas como não estou aqui para falar do meu ateísmo (e sempre chove comentários a respeito quando o faço) revendo Sinais pela segunda vez (sim, só tinha assistido uma única vez e não gostado) percebo que ele é sim um bom filme, Shyamalan ainda tem brilho na criação e manutenção do suspense, o longa tem um timing cômico realmente surpreendente (auxiliado pela estranha e ótima química de Mel Gibson e Joaquim Phoenix, e destaco aqui o engraçado diálogo sobre a atleta saltadora de vara ) e a direção é um verdadeiro primor. Sempre centralizando seus personagens na câmera, como dada as devidas proporções, o ponto de fuga de Stanely Kubrick, e com seus closes e planos americanos extensos que trabalha com os personagens.

Eu, como fã ardoroso de sci-fi e de filmes de invasão alienígena, e quando adolescente ficava fuçando na Internet de madrugada informações sobre os famigerados círculos nas plantações, adoro a história de Sinais, e principalmente aquela pegada Guerra dos Mundos, não de H.G. Wells e suas adaptações cinematográficas, mas a dramatização radiofônica de Halloween de Orson Welles. A cena da gravação amadora do alienígena aparecendo numa festinha de aniversário aqui em Terras Brazilis (claramente inspirada no famoso vídeo de Patterson-Gimlin do Pé Grande) é de meter medo de verdade.

Curioso é a reação de paranoia e medo crescente acompanhando as notícias da invasão pela televisão (ao melhor estilo sci-fi dos anos 50, como Vampiros de Almas), além de colocar os personagens principais em uma situação de verdadeira claustrofobia, enquanto presos em sua própria casa (ao melhor estilo A Noite dos Mortos-Vivos), a mercê das terríveis criaturas extraterrestres que encurralam o ex-reverendo e fazendeiro Graham Hess (Gibson), seu irmão Merril (Phoenix) e seus filhos, Morgan (Rory Culkin – irmão do Macaulay ) e Bo (uma novíssima Abigail Breslin) no porão (ao melhor estilo A Guerra dos Mundos, de novo).

A coisa na soleira da porta
A coisa na soleira da porta

Sinais vai sendo construído lentamente, preparando o espectador em banho-maria, deixando-o nervoso e assustado com os nervos a flor da pele (a cena quando Gibson vai de encontro de Shyamalan, ponta do diretor como o homem que atropelara a esposa do reverendo, responsável pela perda de sua fé, prende um dos ETs na dispensa é um bom exemplo), para um final abrupto e de saída fácil mais uma vez inspirado até o talo em Guerra dos Mundos, mas pelo menos sem reviravoltas costumeiras (e isso deve ter frustrado uma pá de gente, ô se deve).

Só que esse anticlímax final maniqueísta estraga tudo aquilo que o diretor vinha tecendo com maestria até então. Uma solução “milagreira” salva a família, um recurso dramático quase tão tosco quanto “era tudo um sonho” para claro, nosso herói resgatar sua fé, que deve sempre ser inabalável e inquestionável e estamos sempre errados se o fizer, amém, auxiliado por elementos fantásticos de uma premonição feita pela agonizante esposa do reverendo.

Sinais é o último bom filme de Shyamalan, mas confesso que precisei assisti-lo novamente agora nessa fase de escrita do blog para conseguir considera-lo (antes minha lista terminava em Corpo Fechado). Talvez isso aconteça quando eu assistir A Vila novamente, outro filme que não me desce de jeito algum (que até vai indo muito bem até aparecer o Koopa em cena), mas eu volto para lhes contar quando chegar seu devido post.

Aqueles que caminham entre as espigas
Aqueles que caminham entre as espigas


Horrorcast#94 – A Casa do Espanto (1986)

Um gif de terror para cada dia de outubro!

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Quem não ama gifs, bom sujeito não é! Ainda mais de Halloween!


O pessoal do coletivo Baboon Creation, que se auto denominam “uns esquisitos que amam design”, são especialistas em branding, design gráfico e web design. Para comemorar o Halloween, durante todo o OUTUUUUBRO DO TERROR, eles postarão um gif de um movie maniac ou personagem de horror por dia, até atingir a marca de 31 gifs chegando o Dia das Bruxas.

Tem o Jigsaw, o Ash, o Jason, o Freddy, o Chucky, a Samara, o Ghostface, a Carrie, e por aí vai…

Dá uma olhada nos mais da hora, na minha opinião. Você pode conferir todos AQUI


Um filme de terror para cada dia de outubro!

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Fun Size Horror, coletivo de cineastas amantes do gênero liberam um curta de horror por dia até o Halloween — e você pode assistir a todos de graça no YouTube!


O Halloween já está aí virando a esquina e a data é sempre um momento mágico para o cinema de terror e seus ávidos fãs. A atenção pelo gênero dobra de tamanho, partilhada não somente pelos entusiastas, mas também por um público mais abrangente que aproveita outubro e seu tradicional último dia do mês para encarnar o espírito do SAMHAIN e se dar o direito de baixar um pouco a guarda pra se assustar um bocadinho. É divertido e faz bem. Até pro Saci. ;)

Acontece que existe uma galera que curte celebrar o Halloween O ANO INTEIRO, o que eu acho justíssimo, e um desse exemplos é o Fun Size Horror, um coletivo de cineastas amantes do gênero que vive à procura de novos e EXCITANTES filmes de terror. #empregodosonho

A ideia, concebida por Zeke Pinheiro, Mali Elfman e Michael May é, segundo eles, satisfazer a audiência com curtas que exploram o horror de vários ângulos, desde suspenses elaborados, passando por animações sinistras até filmes de criaturas toscas, tudo misturado como em um delicioso SACO DE DOCES pra recepcionar aquelas crianças fantasiadas que batem à sua porta.

Em outubro do ano passado, os caras resolveram convocar uma galera pra essa empreitada e o resultado disso foi uma engajada coletânea chamada Fun Size Horror Volume 1, lançada em Abril deste ano em VOD. Contendo nada menos que TRINTA E UM diferentes curtas de terror, um para cada dia do mês, costurados como uma espécie de monstro de Frankenstein cinematográfico, ela formava uma mixtape do horror, uma maratona moderna de Além da Imaginação.

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Só observamos

Os curtas são produzidos e dirigidos por nomes como Josh Waller (diretor de Obsessão Perigosa, escritor do recente Cooties: A Epidemia e produtor executivo de A Garota Sombria que Anda à Noite) e Glen Murakami (produtor dos desenhos animados da DC, como Superman, Batman do Futuro, Liga da Justiça e Os Jovens Titãs), e contam com atores como Lance Reddick (Fringe), Rose McIver (Um Olhar do Paraíso e iZombie), Tracie Thoms (À Prova de Morte e Looper: Assassinos do Futuro) e Brea Grant (Halloween 2, aquele do Rob Zombie) nos elencos.

Já pra esse ano, o trio Pinheiro-Elfman-May criou a plataforma FunSizeHorror.com e abriu inscrição para cineastas mandarem seus curtas e dessa forma se tornar parte de uma crescente comunidade HORRORÍFICA. Desde o último 15 de outubro um novo curta tem sido disponibilizado todo santo dia, para ser visto gratuitamente no site ou em seu canal do YouTube. Depois do Dia das Bruxas, eles serão reunidos no Volume 2 da coletânea.

Pra essa edição, nomes como Karen Gillan (A Nebula de Guardiões da Galáxia e a Amy Pond de Doctor Who <3), o produtor Adi Shankar (produtor executivo de Dredd e Power/Ranger, aquele curta dark dos Power Rangers que fez ESTARDALHAÇO nas internets) e James Ransone (A Entidade e o remake americano de Old Boy) já estão presentes.

O pontapé inicial foi dado com Conventional, dirigido e estrelado por Gillan, o que de bate pronto gerou grande interesse do universo nerd. O curta traz a moça como Rachel Milligan, uma outrora famosa atriz de uma franquia slasher chamada “Axe Wound” (eleita ficcionalmente Scream Queen do ano 2007 pelo Bloody-Disgusting) em plena decadência, toda botocada, participando de convenções de terror falidas, obrigada a dar autógrafos e tirar fotos com um bando de fãs creepy que se vestem como o assassino da série, Stu Mac.

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A minha voz continua a mesma…

Com humor negro escancarado, ela entrega uma sátira mordaz sobre as MAZELAS de se tornar uma estrela do cinema de gênero, no qual suas habilidades dramáticas se resumem a diferentes tipos de gritos e formas de rastejar pelo chão, e que fatalmente será substituída por uma atriz mais jovem e mais sexy nos próximos filmes da série, lhe restando um futuro deprimente e, nesse caso, trágico.

Entre os outros curtas que já foram lançados, destaque para Kill Them Mommy, que tem a produção executiva de Brett Rattner (diretor de X-Men: O Confronto Final, já que estamos falando de horror) e direção de Peter Chun Mao Wu, altamente influenciado pelo cinema de terror italiano, com inspiração rasgada na PALETA DE CORES de Suspiria de Dario Argento, assim como sua trilha sonora; o grotesco e visceral, Whispers, dirigido pelo cingalês Max Isaacson, que traz um perturbado homem que sofre de MUSOFOBIA e mora em uma casa infestada de ratos (ou não) que ficam sussurrando em seus ouvidos (ou não); Prey, primeiro filme de estudante a ganhar uma competição realizada pelo Fun Size, no qual um grupo de garotos se mete em um abrigo de pesquisa nuclear da Guerra Fria abandonado que, reza a lenda, é lar de uma criatura mutante; e o melhor de todos, And They Watched, cuja trama é sobre um sujeito responsável pela limpeza de uma cadeira elétrica, aterrorizado pelo fantasma de um homem inocente ali fritado. Destaque para a excelente maquiagem de David Scott, que trabalhou em Madrugada dos Mortos e 300 do Zack Snyder e em Clown, aquele dirigido por Jon Watts, diretor do próximo filme do Homem-Aranha.

Até o dia 31 mais curtas serão lançados e recomendo fortemente que você acompanhe cada um deles, pois não é sempre que temos a oportunidade de assistir a um material de terror inédito, gratuito – e de qualidade – por dia, algo que só essa data tão ímpar nos proporciona. E QUE SE TORNE TRADIÇÃO. :)

E quem sabe aqui no Brasil se crie uma iniciativa parecida, uma vez que o cinema de terror está encorpando com excelentes curtas (e longas) que vem ganhando atenção em festivais no mundo todo. Taí a comunidade do Facebook Filmoteca do Horror Brasileiro, iniciativa do intrépido Carlos Primatti, que não me deixa mentir e sempre posta material do terror nacional o ano todo, indo muito além apenas do Dia das Bruxas, ou do Saci. #fikdik.

Publicado originalmente no Judão

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Espantados!


744 – Telefone (2002)

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Pon / Phone


2002 / Coréia do Sul / 104 min / Direção: Ahn Byeong-ki / Elenco: Ha Ji-won, Kim Yu-mi, Choi jae-woo, Choi Ji-weon, Eun Seo-woo


Não é só do Japão que vive o cinema de terror asiático. A Coréia do Sul também foi um grande expoente do subgênero no início da década de 2000 e até mesmo um dos mais prolíficos celeiros cinematográficos da década passada, lar de nomes como Park Chan-Wook e Bong Joon-ho.

Telefone é um desses exemplares do K-Horror (Korean Horror), que emula muito dos trejeitos do J-Horror, mas com uma estética um pouco mais ocidentalizada que seus vizinhos da Terra do Sol Nascente.

Digo isso porque além de copiar os já famosos fantasmas cabeludos, e uma metáfora fantasmagórica de aversão a tecnologia em contraponto das tradições milenares orientais (nesse caso o telefone celular, como Ring – O Chamado já havia feito com as fitas VHS e Dark Water – Água Negra com prédio de apartamentos), seu ritmo é completamente diferente, mais acelerado, com edição e cortes mais rápidos e menos arrastados, maior quantidade de ação física e utilização do jump scare como recurso de susto (mas nada próximo a banalização do mesmo como se vê no cinema atual).

Encoxto
Encoxto

Telefone é uma peça assustadora, mas irregular, com um roteiro que chega a ser até bem confuso, principalmente em sua desnecessária e arrastada primeira metade, mostrando só ao que veio mesmo do meio até seu explosivo final, aquele preparado para a boa e velha vingança espectral, afinal, sabemos que basicamente só esse expediente fora usado no cinema de horror asiático, aqui, inspiradíssimo em Edgar Allan Poe.

Ji-Won é uma jornalista que escreveu uma série de artigos denúncia sobre pedofilia, e passa a receber ameaças de morte em seu celular. Ela muda seu número e aceita a oferta de sua amiga próxima, Ho-Jung e de seu marido, Chang-hoon para morar em sua casa vazia no interior. Porém ela começa a receber estranhas ligações nesse novo número, além de ouvir toda noite “Sonata ao Luar” de Beethoven no piano, sem que ninguém no local a tocasse.

Em paralelo, a filha de Ho-Jung, que é sua afilhada, após atender a uma das chamadas do celular de Ji-Won passa a ter um estranho comportamento violento com relação a sua mãe e uma misteriosa atração sexual pelo seu pai. Enquanto isso, a repórter passa a investigar os antigos donos daquele número de celular e descobre que eles morreram em circunstâncias bizarras, e uma das proprietárias era a estudante Jin-hee, que desaparecera sem deixar vestígios (e costumava tocar “Sonata ao Luar” no piano).

Me tlaz um pastel de flango!
Me tlaz um pastel de flango!

Indo a fundo, Ji-Won descobre que Jin-Hee teve um caso com Chang-hoon, seu professor, que decidira terminar o relacionamento secreto, fazendo com que a garota fique obsessiva, como manda a cartilha. Okay, nesse momento você já desenha completamente a trama, só que o final revela uma reviravolta que foge um pouco do clichê já pré-estabelecido.

ALERTA DE SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco. Você vai imaginar que a garota ameaçava o casamento do adúltero e ele tinha a matado, como zilhões de filmes com essa temática. Mas acontece que aqui Ho-Jung foi a responsável pelo assassinato da amante do marido, e depois do ato, a emparedou em casa, junto com o celular pré-pago que usava para o marido receber as ligações. Como disse lá em cima, ao melhor estilo Edgar Allan Poe, a nossa heroína descobre tudo isso exatamente ao ligar para o número e escutá-lo chamar atrás da parede. Sorte que a bateria do celular era infinita! Lógico que o espírito rancoroso da estudante surgirá para executar sua vingança.

Telefone é um dos bons exemplares do K-Horror, que hoje parece um tanto quanto batido, uma vez que fez parte de uma verdadeira enxurrada do subgênero, assim como o próprio J-Horror, caindo no mesmo problema da exaustão da fórmula, mas que funciona de sua metade para frente e apresenta uma característica atmosfera assustadora assim como seu fantasma que dá as caras para o susto final.

Quando visualiza sua menagem do WhatsApp mas não responde...
Quando visualiza sua menagem do WhatsApp mas não responde…


745 – The Eye: A Herança (2002)

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Gin gwai / The Eye


2002 / Hong Kong, Singapura / 99 min / Direção: Pang Brothers / Roteiro: Pang Brothers, Hui Yuet-Jan / Produção: Lawrence Chang, Peter Chan; Udom Piboonlaupdm (Coprodutor); Hui-Yuet-Jan (Produtor Associado); Allan Fung, Eric Tsang, Daniel Yun (Produtores Executivos) / Elenco: Angelica Lee, Lawrence Chou, Jinda Duangtoy, Yut Lai So, Candy Lo, Edmun Chen


O excelente The Eye: A Herança, mais um dos expoentes do cinema asiático de terror, catapultou a carreira dos irmãos Danny e Oxide Pang e levou para o mundo o cinema de horror feito em Hong Kong, que bebe na fonte tanto do J-Horror, como no cinema chinês, quanto na estética ocidental do subgênero sobrenatural, com uma edição mais rápida e uso do jump scare e efeitos em CGI (digo isso sem demérito).

O filme tem realmente algumas cenas bem emblemáticas e assustadoras do subgênero, como a famosa sequência angustiante do elevador (daquelas que elevam o nível de tensão e cagaço de qualquer um), o garoto que aparece todo momento perguntando sobre seu boletim ou a esposa e filha fantasmas de um açougueiro que sempre volta ao estabelecimento e fica lambendo as carnes penduradas. Entre outras.

Além de ser completamente atmosférico, rendendo boas doses de susto e angústia, The Eye: A Herança possui uma trama simples e interessante, que dá bastante pano para manga para abusar de expedientes perfeitos para assustar os incautos. Lee é uma violinista cega que recebe um transplante de córneas e tem a recuperação completa de sua visão.

Porém, ao invés de conseguir enxergar apenas nosso plano de existência, a moça passa a ver pessoas mortas, todo tempo, em diversos lugares e situações. Sem entender direito o que acontece, uma vez que não consegue distingui-los devido ao seu pequeno repertório visual por conta da cegueira, Lee fica aterrorizada ao ser assombrada por aqueles espectros que desencarnaram e não deixaram nosso mundo por diversos motivos de cunho religioso.

Não olhe para trás!
Não olhe para trás!

Com a ajuda do Dr. Wah, por quem passa a ter uma queda, e a recíproca é verdadeira, Lee tenta então descobrir quem foi a doadora das córneas, para elucidar o motivo de ser amaldiçoada com tais visões pré e pós-cognitivas. Viajando até um vilarejo no interior do país, descobre-se que os órgãos pertenceram anteriormente a uma garota clarividente, tida como bruxa pelos matutos moradores do local, que se suicidara após a visão de um trágico incêndio de largas escalas, sendo desacreditada por todos o peso na consciência de não conseguir evitar todas aquelas horríveis mortes.

Seguindo a cartilha do cinema asiático de terror, apesar de não encontrarmos aqui um espírito vingativo cabeludo, a resposta para os problemas de Lee está em descobrir o amargurado tormento da garota e tentar encontrar uma forma com que ela descanse em paz e receba o perdão de sua mãe após o suicídio.

The Eye: A Herança fez um baita sucesso, não só no Sudeste Asiático, mas também nos EUA e até no Brasil, no mercado de home video, em uma época áurea que muito do cinema de terror oriental era lançado nessas bandas (mesmo que com um senhor atraso), o que como disse lá em cima, credenciou os irmãos Pang em realizar uma sequência, igualmente lançado no Brasil com o nome de Visões (e que ainda depois rendeu um terceiro filme) e também a fazer as malas para Hollywood, dirigindo o fraquinho Mensageiros e Perigo em Bangkok, com Nicholas Cage, refilmagem de seu primeiro longa.

Isso né, sem esquecer que The Eye ganhou uma sofrível versão americana (até aí nenhuma novidade), batizada por essas bandas de O Olho do Mal, com uma igualmente sofrível Jessica Alba no elenco. Preferível ser cego a assisti-lo.

Sem criatividade para a legenda dessa foto
Sem criatividade para a legenda dessa foto


Em novembro, encarnarei na tua TV

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Assisti aos dois primeiros episódios da série sobre vida e obra do cineasta José Mojica Marins, pioneiro e desbravador do cinema fantástico no Brasil – e que você pode chamar de Zé do Caixão


Nesta quinta-feira (29), rola uma première durante a 39ª Mostra Internacional de Cinema de SP, já com ingressos esgotados, dos primeiros episódios da minissérie Zé do Caixão — a primeira produção autoral do canal Space, que estreia dia 13 de Novembro. Mas saiba você, você e tooooooodos você que eu já assisti, antecipando as maldições de Halloween, e recomendo com força, com vontade, com todo o poder das trevas.

Matheus Nachtergaele encarna José Mojica Marins, o cineasta marginal, maldito, gênio, louco, pioneiro e desbravador do cinema fantástico nacional, criador que se confunde com sua criatura. No caso, o coveiro ateu de capa preta, cartola e unhas grandes que se tornou ícone da cultura pop, em sua busca incessante pela mulher que lhe dará um filho, a perpetuação de seu sangue.

Que Nachtergaele é um BAITA ator, isso ninguém tem a menor dúvida. Mas ainda assim é impressionante sua atuação como Mojica. Seus trejeitos, a semelhança física e o sotaque carregado, caricato e com seus erros de português, porém sem a intenção de satirizá-lo (como já fez questão de deixar claro o próprio Matheus). Tudo está assustadoramente fiel, pelo menos à imagem que nós temos da figura, tanto de seus filmes, como de suas aparições televisivas, campanhas políticas e, claro, como apresentador do saudoso Cine Trash da Band, o TERROR DAS TARDE!

Dirigida por Vitor Mafra, a série Zé do Caixão é inspirada pelo livro biográfico Maldito – A Vida e o Cinema de José Mojica Marins, de André Barcinski e Ivan Finotti, e pretende em seus seis episódios, com roteiro do próprio Barcinski, em parceria com Mafra e Ricardo Grynszpan, abranger 30 anos da vida e obra de Mojica – começando em 1958, com as filmagens de A Sina do Aventureiro, “primeiro faroeste brasileiro feito no Brasil”, segundo o próprio Mojica.

Ali ó, dois e dois!
Ali ó, dois e dois!

Ali a figura do diretor já começa a ser desvendada para o público. Vemos sua ligação umbilical com sua trupe cinematográfica que lhe seguiria em quase toda sua vida, como um verdadeiro exército de Brancaleone, embarcando nas ideias mais absurdas do cineasta, composta pelo produtor Mário Lima (Felipe Solari), sua secretária, editora e amante, Dirce (Maria Helena Chira) e o diretor de fotografia, Giorgio Attili (Antônio Saboia). Além disso, somos apresentados ao seu famoso jeitão DYI de fazer cinema, como pintar uns PANGARÉS com tinta para parecerem cavalos diferentes em uma cena de perseguição; e às maracutaias para conseguir dinheiro para rodar seus filmes, desde vender cotas de atuação para os alunos de sua escola de atores (segura esta, Kickstarter!) – com mil cruzeiros você poderia ser o galã e com 150 cruzeiros, um defunto – até garantir o papel principal para o irmão da manicure que lhe deu um gordo cheque; e a fama de mulherengo, conquistador e machista de Mojica.

A criação da figura mitológica de Zé do Caixão só acontece no segundo episódio, após o famoso pesadelo em que Mojica se vê arrastado por uma sinistra figura de capa e cartola para seu próprio enterro — aqui, este trecho modificado pela liberdade poética para um espectro de sombra sem rosto, mas o impacto é o mesmo. Obstinado, mesmo desacreditado pelo próprio meio cinematográfico, Mojica faz nascer à fórceps o cinema de terror nacional com À Meia Noite Levarei Sua Alma, lançado em 1963, inspirado pelos monstros clássicos da Era de Ouro da Universal. Surgia ali o primeiro grande personagem midiático das telonas brasileiras, que nas décadas de 1960 e 1970 frequentou não só o cinema mas a televisão, HQs e até lançou uma linha de cosméticos, uma pinga (batizada de Marafo Zé do Caixão) e um disco com marchinhas de carnaval (!).

Nesse meio tempo, também vamos conhecer outros “demônios” de Mojica: seu envolvimento com a bebida, com as drogas e claro, sua impressionante habilidade de perder dinheiro e fazer péssimos negócios, vivendo em uma verdadeira montanha-russa que passou pelo ápice de sua popularidade, a perda da terrível batalha contra a censura, a decadência ao dirigir filmes de sexo explícito com bestialismo e até o quase ostracismo. Ao mesmo tempo, a série jamais deixa de mostrar que este é um sujeito que fazia tudo em nome do cinema, pelo amor puro e incondicional pela Sétima Arte e que celebrava a vida intensamente, apesar de seu personagem máximo ser uma ode à morte.

Dirigindo o diretor
Dirigindo o diretor

Pelo que deu pra sacar neste começo, aliás, a ideia é ir além do personagem, apesar do título. É sair da superfície, do óbvio. É apresentar Mojica também como o cineasta transgressor, cultuado lá fora (COFFIN JOE!) mas desconhecido por toda uma nova geração que só conhece a caricata persona funesta de longas unhas que habita o inconsciente coletivo nacional, vítima de suas próprias escolhas popularescas, animando eventos e participando de programas de auditório.

Tudo isso em um momento em que há uma espécie de revival do Mojica, no qual coincidentemente junto da estreia da minissérie com exibição na Mostra, soma-se a exposição A Meia-Noite Levarei Sua Alma, que entra em cartaz no MIS em São Paulo em pleno sábado de Halloween; o relançamento de Maldito pela editora Darkside (com providenciais 666 páginas, duzentas a mais que o original); e ainda sua codireção em As Fábulas Negras que será exibida pela primeira vez na televisão logo após a estreia da série, no próprio Space.

E que no dia 13 de novembro, às 22h30, não por acaso uma SEXTA-FEIRA 13, quando Zé do Caixão debutar, ele encarne em sua televisão, leve sua alma e faça com que o público conheça os delírios desse gênio, incompreendido e BASTIÃO não apenas do cinema marginal e de terror, mas do cinema nacional como um todo. Caso contrário, que a praga seja das bravas!

Publicado originalmente no Judão

Atores da série Zé do Caixão: Matheus Nachtergaele, Maria Helena Chira e Felipe Solari, dirigida por Vitor Mafra. Casa do Povo, Bom Retiro, São Paulo. 05 de abril de 2015. Foto Ana Ottoni/Divulgação
Vocêêêêêêêêê! Crédito: Ana Ottoni/Divulgação


746 – Alta Tensão (2003)

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Haute Tension / High Tension / Switchblade Romance


2003 / França / 91 min / Direção: Alexandre Aja / Roteiro: Alexandre Aja, Grégory Levasseur / Produção: Alexandre Arcady, Robert Benmussa; Mehdi Sayah  (Produtor Assistente); Luc Besson  (Co-Produtor não creditado); Andrei Boncea (Produtor Executivo) / Elenco: Cécile De France, Maïwenn, Phillippe Nahon


 

O cinema de terror é um fenômeno cíclico. De tempos em tempos, surge uma nova escola que é responsável por nos entregar as melhores produções do gênero. No começo do século passado, era o expressionismo alemão. Nos final dos anos 70 e início dos anos 80, foi o ciclo splatter italiano. Ainda nos anos 80, o slasher americano. No final dos anos 90 até meados dos anos 2000, foi a vez do J-Horror. Atualmente a bola da vez são as produções francesas, as mais alucinadas, sangrentas e violentas do cinema de terror atual. E o começo dessa nova safra de diretores e películas se deu em 2003, com Alta Tensão de Alexandre Aja.

Hoje em dia, Aja é conhecido por seus filmes extremamente brutais e gráficos, gastando litros e litros de sangue para cobrir tanto suas vítimas quanto protagonistas, tingindo a película de vermelho. E foi Alta Tensão que revelou ao mundo esse apreço gore do diretor francês e de seu fiel escudeiro, Grégory Lavesseur, inspirado claramente no cinema de terror dos anos 70.

E nesse momento em específico do novo século, o cinema sobrenatural havia tomado de assalto o gênero, principalmente com a invasão dos filmes japoneses. Alta Tensão resolveu voltar ao básico, como uma espécie de O Massacre da Serra Elétrica moderno: uma trama bastante simples (mas que se torna diferenciada em seu final), um assassino impiedoso com sede de sangue, uma garota tentando escapar com vida, e muita, mas muita tensão, como seu próprio nome sugere.

Mulher macha!

Marie e Alexia são duas amigas universitárias, que resolvem passar o final de semana na casa de campo dos pais de Alexia, que fica exatamente no meio do nada, perto de um milharal, para poderem se focar em seus estudos. Enquanto as duas pegam a estrada a caminho do local, já temos um ínterim para lá de bizarro, quando um sujeito dentro de um furgão estacionado nas proximidades está recebendo um belo de um boquete. Até aí tudo bem, se esse boquete não estivesse sendo realizado por uma cabeça decapitada!!!! Vai vendo…

Um dos pontos chaves para entender o desenrolar do enredo é que vamos descobrindo que rola uma queda de Marie pela amiga, nutrindo certo desejo lesbo-platônico por ela. Tanto que durante a noite, ela fica espiando a amiga tomando banho e vai para seu quarto ouvir um reggae no seu MP3 player e se masturbar. Só que a calma e tranquilidade do local é quebrada com a súbita visita de um tiozinho caminhoneiro-assassino-piscopata-pervetido (aquele mesmo da cabeça decapitada), que gratuitamente começa a caçar e matar a família de Alex sem a menor piedade. Primeiro ele enfia a cabeça do pai no vão da escada e a decapita empurrando com toda força um pesado móvel contra ela. Depois ele abre a jugular da mãe e corta sua mão fora. Ainda mata o irmãozinho mais novo com um tiro de espingarda à queima roupa. Tudo isso com galões de sangue jorrando na tela.

Marie então tenta se esconder para conseguir libertar Alex, que foi feita de prisioneira pelo assassino. E todo o decorrer da cena que se passa dentro da casa, é de doer o estômago, tamanho o grau de tensão e adrenalina que Aja consegue alcançar. Seguido por uma música minimalista que vai aumentando de intensidade conforme o assassino se aproxima, qualquer ruído, respiração ofegante, gota que cai na pia é o suficiente para te deixar com os nervos em frangalhos. O assassino rapta Alex e vai embora com ela em seu furgão. Marie se esconde no veículo e segue junto até ele parar em um posto de gasolina para abastecer. Ela bem que tenta pedir ajuda para o balconista, que é igualmente morto pelo maluco com uma machadada bem no peito. E tome mais coração na boca quando ele vai até os banheiros procurar por Marie, que por pouco consegue se safar mais uma vez. Marie chama a polícia e resolve ir atrás do cara para acertar as contas, enquanto a música New Born de um Muse antes de fazer trilha sonora para A Saga Crepúsculo vai comendo solta durante uma perseguição de carro.

Tiozinho-caminhoneiro-assassino-psicopata-pervertido

Aí vem a grande reviravolta do filme, que faz você olhar para a tela e soltar um CA-RA-LHO bem alto! Tome SPOILER. Aconselho a pular para o próximo parágrafo ou já sabe, leia por sua conta e risco. Quando a polícia chega ao posto de gasolina e recupera a fita da vigilância eletrônica, eles veem Marie acertando o balconista com o machado. Pronto, daí que descobrimos que na verdade o tal tiozinho caminhoneiro é a garota, completamente surtada, que matou toda a família da amiga em uma crise psicopata passional para que ela seja para sempre só sua. O que se segue é uma atuação visceral das duas atrizes e muito mais banho de sangue por vir até o desfecho. Mas aí você começa a pensar: mas esse filme tem um monte de furos no roteiro. É impossível que tudo que tenha acontecido na casa e no posto de gasolina tenha alguma conexão lógica com Marie e o assassino ser a mesma pessoa. É aqui que está o pulo do gato de Aja. Se você voltar no comecinho da fita, você vai perceber que Marie está internada no hospício e pergunta se já começou a gravar. Ou seja, ela está contando a versão da história que estamos vendo, conforme aconteceu na cabeça dela. O tiozinho assassino era só uma dupla personalidade, uma espécie de válvula de escape da sua mente distorcida para não levar a culpa sobre as atrocidades e loucuras que vinha cometendo.

Pois bem, Alta Tensão é um tipo de filme dúbio, que é oito ou 80. Ou você ama, ou você odeia, principalmente por causa de seu final controverso. E ao mesmo tempo, foi elevado ao status de filme cult e contribui para esse sucesso a excelente fotografia de Maxime Alexandre, com um toque bem peculiar do cinema francês e a maquiagem do lendário Giannetto de Rossi, parceiro de Lucio Fulci em seus filmes mais memoráveis, como Zumbi 2 – A Volta dos Mortos e Terror nas Trevas, que é simplesmente incrível e extremamente realista.

Para concluir, podemos apontar dois principais resultados do lançamento de Alta Tensão. Primeiro foi o nome de Alexandre Aja despontar como um dos mais promissores do gênero, logo raptado para Hollywood e responsável pelos ótimos Viagem Maldita (remake de Quadrilha de Sádicos de Wes Craven), Piranha 3D e a produção executiva do thriller P2 – Sem Saída. Claro que teve também algumas escorregadas, como o sofrível Espelhos do Medo, com Kiefer Sutherland. Produziu também o remake do clássico slasher dos anos 80, O Maníaco. O segundo foi a enxurrada de filmes transgressores franceses, conhecidos como new french extremety, que surgiram ali no começo dos anos 2000, todas ótimas produções, algumas das melhores do cinema de horror da até o final década passada.

Uh lá lá, o goooooooooore…

 

 


Festinha de Halloween neste sábado!

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Lema Session – Halloween Edition acontece na Praça Velorama em São Paulo, a partir das 14h, e com projeção de filmes de terror pelo 101 Horror Movies. E a entrada é gratuita!


Amanhã é Halloween (e nem vem com essa de Dia do Saci), e para aproveitar a ocasião, vai rolar uma festinha ~trevosa à fantasia (ou não…) na Praça Velorama, em São Paulo, para quem ficar pela cidade nesse feriado prolongado. A Lema Session – Halloween Edition é organizada pela Agência Lema, uma agência de comunicação, assessoria de imprensa e social media, e o 101 Horror Movies estará por lá, a cargo das projeções de filmes de terror, além desse que vos escreve discotecar no evento.

Quem quiser colar por lá, só confirmar a presença aqui no evento do Facebook. A entrada é gratuita, e a festa vai das 14h até 21h. Além disso terá decoração temática, food truck de  burguers e de comida vegana, bons drinks, boa música, ação da Desperados com cerveja de grátis e concurso de fantasia: as cinco melhores ganharão um kit da LRG. Mas a fantasia é opcional, tá.

Caso o fã do horror apareça por lá, chegue junto para tomarmos uma cerveja. A Velorama fica na Rua Groêlandia, 808 – Jardim Europa – São Paulo.

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