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Channel: Marcos Brolia – 101 Horror Movies
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814 – Terror no Pântano (2006)

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Hatchet


2006 / EUA / 84 min / Diretor: Adam Green / Roteiro: Adam Green / Produção: Scott Altomare, Sarah Elbert, Cory Neal; Roman Kindrachuk, Andrew Mysko (Produtores Executivos) / Elenco: Joel David Moore, Tamara Feldman, Deon Richmond, Kane Hodder, Mercedes McNab, Parry Shen


 Terror no Pântano é sensacional e divertidíssimo! A paródia aos slasher movies do espirituoso Adam Green – sério, um dos diretores mais legais do gênero atualmente e que vê o terror tosco e não se levando a série como entretenimento salutar – não tinha como dar errado.

Pegue aí a fórmula do sucesso: escracho, humor negro, sacanear todos os clichês slasher, os vilões do subgênero e seus personagens estereotipados, violência gráfica extrema, mas como alívio cômico repleto de sangue falso jorrando e exagero cômico, e claro, Kane Hodder, o eterno Jason Voorhees no elenco, como o já icônico vilão psicopata deformado Victor Crowley e seu machado, e ainda tem a participação de Robert Englund e o Tony Todd! Chupem essa manga!

A sua tagline “Old school American Horror”, em tempos de torture porn e aquela enxurrada de filmes de terror asiáticos que chegavam no mercado não poderia ser mais precisa! É um festival gory insano tão caricato e tão exagerado, que sério, você tem que ser muito xiita, ou não tiver um pingo de senso de humor, para não se divertir com Terror no Pântano.

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Coisa linda do pai!

Aqui Green mostrou de fato ao que veio e porque passou a fazer parte do cenário do cinema de terror – e adorado – que mais tarde se consolidaria com a sequência Terror no Pântano 2, o igualmente tosco Pânico na Neve, a sensacional paródia mockumentary Digging Up the Marrow e a série de TV nerd máster do horror, Holliston.

Completamente straight forward, a trama, igualmente escrita por Green, traz Ben (Joel David Moore) e Marcus (Deon Richmond), dois sujeitos que estão em Nova Orleans para curtir o Madri Grass. Mais ou menos, porque Ben está na fossa por ter levado um pé na bunda da namorada. Ele não quer saber de diversão, bebedeira e nem peitos, e ao invés disso, quer participar de um tour pelos pântanos supostamente assombrados da região.

Pois bem, ele e o amigo se metem numa roubada, num barco navegando ilegalmente por aquelas águas turvas, pilotado por um chinês que não tem muita ideia do que está fazendo, duas atrizes pornô, um “suposto” agente que quer fazer o filme com elas, um casal de idosos e Marybeth (Tamara Feldman), moça silenciosa e temperamental, que depois descobrimos estar no passeio para saber do paradeiro de seu irmão, um dos dois caipiras mortos brutalmente no prólogo do filme.

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Olha o tamanho da criança!

Ali naquele pântano também mora ele, o homem, o mito, Victor Crowley, o tal assassino da vez, considerado uma lenda urbana, que nascera deformado, vivia escondido, sofrendo bullying e acabou sendo morto acidentalmente pelo próprio pai, que depois tirara a própria vida por conta da culpa. Mas como nós, eles irão descobrir da pior maneira que não se trata de uma lenda e Crowley realmente é um redneck maluco feio de doer (num tosco mas sensacional trabalho de maquiagem), todo anabolizado, que vive nos pântanos com seu machado – vestindo suspensório e tudo – e claro, um por um serão mortos das formas mais brutalmente bizarras e ridículas possíveis.

Hodder como Crowley é a cereja do bolo, assim como todas as mortes espetaculosas, envolvendo armas brancas ou a própria força descomunal do psicopata (que consegue numa boa arrancar cabeças com colunas cervicais e desmembrar pessoas com as próprias mãos). Hilário e um banho de sangue, mas tudo da forma mais caricata possível.

Nem há muito que se aprofundar em uma análise de Terror no Pântano, até pelo teor do filme e como ele próprio se enxerga: uma sangrenta homenagem satírica dos filmes que tanto fizeram a cabeça de Green em sua adolescência nos anos 80. E quem ganha com isso, somos nós!

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Duas caras!



Hangout do 101HM – S01E04: Cinema de horror nacional

815 – Turistas (2006)

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Turistas


2006 / EUA / 96 min / Direção: John Stockwell / Roteiro: Michael Ross / Produção: Marc Butan, Scott Steindorff, John Stockwell, Bo Zenga; Caíque Martins Ferreira, Raul Guterres, Dylan Russell (Coprodutores); Andrew Molasky, Rubia Negrão (Produtores Associados); Mark Cuban, Rick Dallago, Elaine Dysinger, Scott LaStaiti, Kent Kubena, Todd Wagner (Produtores Executivos) / Elenco: Josh Duhamel, Melissa George, Olivia Wilde, Desmond Askew, Beau Garrett, Max Brown, Agles Steib, Miguel Lunardi


 Esse pseudo torture porn só tem relevância mesmo para nós, brasileiros. E nem por causa do filme em si, mas claro, por conta de toda a polêmica que o filme gerou, que nem se trata de marketing negativo a meu ver, porque até gera interesse em vê-lo, mas que evidencia realmente o quanto nosso país é sensível e sofre de complexo de vira-lata.

O xiliquinho da Embratur na época, assim como aconteceu com o famoso episódio de Os Simpsons, O Feitiço de Liza, em que a família visita e esculacha o país – e que gerou até outro xiliquinho do FHC e de uma nota da FOX antes de sua exibição, lembram? – só ajudou a popularizar ainda mais o filme – sendo que foi até sugerido um boicote – e só reforça mesmo que o brasileiro médio não sabe rir de si mesmo, se acha bem superior, se ofende quando algumas de suas verdadeiras mazelas são mostradas pelos outros –mas adoram o drama de favela da Globo Filmes – e definitivamente não tem cabeça para obras de ficção.

A alegação de nota oficial do Ministério do Turismo era “elogiando a má recepção do filme na América do Norte” e afirmando que Turistas prejudicaria a imagem do Brasil e como espectadores iriam diferenciar a realidade da ficção? Ah, qual é… Por acaso ninguém sabe diferenciar a realidade da ficção de O Albergue, por exemplo? Aliás, quantas e quantas vezes o cinema americano retratou outros países e outras cultura de forma pejorativa e ameaçadora, ainda mais no cinema de terror? Mais: em quantos e quantos filmes os próprios americanos detonam o seu precioso way of life?

O grande fato consumado é que Turistas é ruim de doer, e não um retrato deturpado do país. Aliás, o que seria retrato deturpado aqui? Um maluco roubar turistas, sequestrá-los, dopá-los e roubar seus órgãos pensando no tráfico do mercado negro. Sim, é um exagero ficcional, mas gente, aquela cena do ônibus no começo do longa, se não é das mais verossímeis, eu não sei mais o que é!

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Cirurgia no SUS
Turistas tem um roteiro péssimo, se vale de uma apropriação cultural tacanha da nossa brasilidade (incluindo aí a péssima trilha sonora), explora e exagera em arquétipos e estereótipos propositalmente caricatos e absurdos, tanto do brasileiro quanto do país em si e dos próprios turistas que visitam nossas terras a rodo atrás de praias, paraíso, bebedeira e turismo sexual. O discurso do vilão até é bem válido dentro da megalomania de um personagem do gênero: durante anos os “gringos” se aproveitaram de nosso país, e um psicopata quer fazer a forra, roubando seus órgãos para aqueles que estão na falida fila de espera no SUS.

E vamos falar a real, pelo menos a galera fala português, porque sacumé, podia ser espanhol e tudo mais. Mas voltando aqui, o ponto da questão é que Turistas é um filme ruim, com atores péssimos, história xucra, a violência gráfica, algo tão imprescindível no torture porn, é bem das fajutas, tirando uma única cena de cirurgia quando os órgãos da mina são extraídos, e depois, na fuga dos americanos cativos, vira um filme de ação qualquer nota, tipo Sessão da Tarde, que nem a claustrofobia dos mergulhos nas cavernas subterrâneas ajuda. Aliás, uma geografia completamente doida né, uma vez que os fulanos estão em Ubatuba e andando vão parar nas cavernas da Chapada Diamantina, mas belê.

Depois da polêmica toda, o ator Josh Duhamel que vive o personagem Alex, teve que se desculpar ao povo e ao governo (???!!!) brasileiro durante um episódio do The Tonight Show, do Jay Leno, dizendo que a intenção não era fazer com que turistas parassem de ir ao Brasil. Bom, isso não acabaria mesmo, queridinho. E mais: 1) era a droga de uma ficção. 2) era um filme B de terror, que foi um fracasso de bilheteria, faturando 3 milhões no final de semana de abertura (contra R$ 10 milhões de orçamento). Menos, gente.

Enfim, Turistas é completamente dispensável como obra cinematográfica, como subgênero, mas pelos motivos errados, e não por mimimi e histeria causada pelo famosíssimo complexo vira-lata nacional, mas sim por ser uma bela de uma porcaria.

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Nativos


Horrorcast#103 – A Noite dos Coelhos (1972)

Blake Lively cercada por um tubarão no trailer de Águas Rasas

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Longa do diretor de A Órfã e A Casa de Cera chega ao cinemas do Brasil no dia 11 de agosto


 

Em meio a uma enxurrada de filmes toscos com tubarões, onde há tornados de tubarões, tubarão fantasma, tubarão dentro de uma casa, tubarão possuído pelo demônio, e por aí vai, é um alento quando os fãs do peixe se deparam com um filme sério trazendo o monstro marinhos para as telas.

Águas Rasas, estrelado por Blake Lively e dirigido por Jaume Collet-Serra, o mesmo de A Órfã e A Casa de Cera, chega aos cinemas do Brasil no dia 11 de agosto pela Sony Pictures e promete ser daqueles thrillers angustiantes, ao melhor estilo Mar Aberto.

Nancy (Lively) está surfando sozinha em uma praia deserta quando é atacada por um grande tubarão branco e fica presa a uma curta distância da costa. Embora esteja a apenas 200km de sua sobrevivência, chegar lá se provará como a sua mais importante competição.

Abaixo você confere o trailer e pôster.

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816 – Viagem Maldita (2006)

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The Hills Have Eyes


2006 / EUA, França / 107 min / Direção: Alexandre Aja / Roteiro: Alexandre Aja, Grégory Levasseur / Produção: Wes Craven, Samy Layani, Peter Locke e Marianne Maddalena, Cody Zwieg (Produtor Associado), Frank Hildebrand (Produtor Executivo) / Elenco: Aaron Stanford, Kathleen Quinlan, Vanessa Shaw, Emilie de Ravin, Dan Byrd


Raríssimas vezes uma refilmagem é melhor do que o original. Dá para contar nos dedos as vezes em que isso aconteceu. Mas claro que há casos como Os Invasores de Corpos (Vampiro de Almas), O Enigma de Outro Mundo (O Monstro do Ártico), A Mosca (A Mosca da Cabeça Branca) e A Bolha Assassina (A Bolha) nos anos 70 e 80, e mais recentes, como é  caso de A Vingança de Willard e Maníaco. Rolou até um TOPE NOVE sobre. Viagem Maldita é mais um que entra nessa seleta lista, remake do clássico de Wes Craven, Quadrilha de Sádicos, de 1977.

Que justiça seja feita, também é um ótimo filme. Mas como tive que escolher um dos dois, minha opção ficou pela versão extremamente sanguinária e violenta do francês Alexandre Aja. Após ter surpreendido o mundo do terror com o neo-cult Alta Tensão, aquele promissor diretor chamou a atenção de Craven que o levou para Hollywood para a refilmagem de um de seus filmes mais icônicos e autorais. Com o roteiro escrito pelo próprio Aja e seu parceiro / comparsa Grégory Lavesseur, e Craven atuando como produtor executivo, o filme segue exatamente a mesma história e narrativa de seu predecessor e inclusive com a mesma tônica: uma implacável crônica de sobrevivência da luta de classes americanas, da suburbana classe média republicana se confrontando contra os “deformados” moradores das colinas que representam a minoria e os socialmente oprimidos.

Tendo como ponto de partida esse simples argumento, o que Aja traz de novo à produção (que é exatamente o que faz um remake se tornar atrativo e não uma simples cópia de carbono do original) é toda a crítica política e social oriunda da saturação dos quase oito anos do governo Bush, visto pelo ponto de vista de um diretor estrangeiro, que não tem o menor pudor de jogar isso na cara do cidadão médio americano, com a benção de Craven.

Os Carters são uma típica família do subúrbio do EUA que estão atravessando o deserto do Novo México em direção à Califórnia, para celebrarem juntos as bodas de 25 anos de casamento de Big Bob (Ted Levine, o Buffalo Bill de O Silêncio dos Inocentes) e Ethel (Kathleen Quinian). Viajam juntos em seu trailer motorizado seus três filhos, os adolescentes Brenda (Emilie de Ravin) e Bobby (Dan Byrd) e a mais velha, Lynn (Vanessa Shaw) que é casada com Doug (um excelente e irreconhecível Aaron Stanford) com quem tem uma bebê pequena. Ah, os Carters também levam um casal de pastores alemães: Bela e Fera.

Nada como um passeio ao sol com o cão…

Pois bem, o patriarca resolve parar em um posto de gasolina no meio da estrada, gerenciado por um tipo realmente estranho que os avisa sobre um atalho que passa pelo meio das colinas, onde poupariam duas horas de viagem à família. Mal eles sabem que esse dono do posto de gasolina está mancomunado (mesmo que já cansado disso) com uma quadrilha de mutantes canibais que vivem no deserto, local utilizado pelo governo americano para testes com armas nucleares no passado.

Através de sabotagem, os maníacos provocam um acidente e deixam os Carters isolados no deserto, à mercê de toda sua crueldade. Big Bob e Doug tentam procurar ajuda, cada um indo para uma direção da estrada. Doug encontra um cemitério de carros abandonados de outras vítimas dos salteadores enquanto Big Bob não tem a mesma sorte e é capturado ao voltar ao posto de gasolina. A coisa fica realmente feia para a família quando os mutantes promovem o primeiro ataque ao trailer, desviando a atenção de todos ateando foto em Big Bob ainda vivo, enquanto invadem o veículo e estupram Brenda, matam Lynn e Ethel e levam a bebezinha como refém.

O que se segue é uma desesperada luta pela sobrevivência dominada pela raiva. Doug que era um completo coió, dono de uma loja de celulares, que vivia sendo espinafrado pelo sogro por ser um democrata e não acreditar em armas como o republicano ex-policial e seu filho doutrinado, vai sendo banhado de sangue enquanto busca por sua filhinha, muito parecido com o que Aja havia feito com a personagem Marie em Alta Tensão, e ficando cada vez mais violento e transtornado, deixando de ser insosso para enterrar um machado na cabeça de um dos mutantes. A mesma degradação psicológica vai acontecendo com os dois adolescentes, principalmente o furioso Bobby, para tentar continuar vivos e sobreviver ao cerco.

Esse cara vai acordar com uma dor de cabeça…

Com a maquiagem feita pela dupla Greg Nicottero e Howard Berger, os mutantes têm uma aparência impressionante. Mutantes que o próprio governo americano, e o “povo de Doug” criaram ao realizar testes em uma região habitada por mineiros, como enfatizado por Big Brain, um dos monstrengos mais deformados. Sem ter para onde ir, esconderam-se nas minas e foram severamente afetados pela radiação e pela geração congênita de sua prole.

Entre uma carnificina e outra, Aja vai destilando seu veneno contra os valores e bons costumes. Ethel, por exemplo, é uma protestante boa cristã que tenta unir sempre a família, inclusive fazendo uma pequena oração antes de Big Bob e Doug irem buscar ajuda. No momento em que seu marido é queimado vivo, ele está pregado em uma cruz como uma afronta a moral judaico-cristã, ardendo em chamas, mostrando que de nada valeu a religião deles e as preces perante a selvageria. Já uma das cenas mais marcantes com uma extrema conotação de crítica política é quando Doug encontra o Big Brain cantando o hino dos Estados Unidos e é atacado por Pluto, um dos mutantes. Depois de muita luta e de perder dois dedos da mão, Doug perfura sua garganta com uma bandeira dos EUA, que estava anteriormente enfincada na cabeça de Big Bob, aquele que tanto acreditava naquele estilo de vida e defendia os conceitos governamentais de seu amado país.

Talvez a grande diferença entre Quadrilha de Sádicos e Viagem Maldita seja na questão da organização dos mutantes. No original eles são uma quadrilha com suas tarefas e posições muito bem definidas, e Papa Júpiter é o líder que os guia com mão de ferro, utilizando táticas de guerrilha para abordar suas vítimas. Já no remake, eles são muito mais selvagens, com o poder descentralizado e agem como uma tribo nômade do deserto. O canibalismo também é mais explícito na fita de Aja do que de Craven.

Mas fora isso, Viagem Maldita é um filme para fã de gore nenhum botar defeito. Todo o clima de suspense e tensão do filme é pontuado com uma alucinada trilha sonora eletrônica distorcida, edição primorosa, fotografia estourada pela luz do implacável sol do deserto, e isso sem contar os litros e litros de sangue derramados no filme, cortesia da insanidade do diretor francês.

Banho de sangue


HORRORVIEW – The Hallow (2015)

817 – 1408 (2007)

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1408


2007 / EUA / 104 min / Direção: Mikael Håfström / Roteiro: Matt Greenberg, Scott Alexander, Larry Karaszewski (baseado no conto de Stephen King) / Produção: Lorenzo di Bonaventura; Kelly Dennis, Antonia Kalmacoff, Jeremy Steckler (Produtores Associados); Jake Meyers, Richard Saperstein; Bob Weinstein; Harvey Weinstein / Elenco: John Cusack, Samuel L. Jackson, Tony Shallhoub, Mary McCormack


 1408 é outro dos filmes baseados na obra de Stephen King que entram na categoria “nhé”. Não é ruim, mas também não é bom. Fato que é uma ótima premissa desperdiçada, ainda mais com um puta potencial em mãos, grana de um grande estúdio por trás e nomes queridinhos como John Cusak e Samuel L. Jackson no elenco.

Recauchutando uma ideia de hotéis, uma vez que lembramos que Stephen King escreveu O Iluminado, o filme baseado no conto presente na coletânea “Tudo É Eventual”, traz uma trama sobre um escritor – outro dos assuntos comuns de King – personagem bem interessante, chamado Mike Enslin (papel de Cusack), que vive escrevendo livros sobre lugares mal-assombrados, largando o terreno da ficção após a trágica morte de sua filha, vítima de câncer.

Claro, ele se tornou um sujeito amargurado, mal-humorado, cético, separou-se de sua esposa e passou a escrever esses livros de sensacionalismo barato, motivado em desmascarar as picaretagens e golpes publicitários por trás desses lugares considerados assombrados, tipo um Pe. Quevedo da literatura pulp.

Certo dia ele recebe um cartão postal de NY em sua caixa de correio, para que ele ligue para o nababesco e decadente Dolphin Hotel e pergunte sobre o infame quarto 1408, local que não está a disposição para hospedagens devido ao seu suposto passado trágico de mortes, acidentes fatais e suicídios, Mais de 30 pessoas perderam a vida entre aquelas quatro paredes. O gerente do hotel, Geral Olin (Jackson) tenta a todo custo demovê-lo da ideia de se hospedar lá, porém sem sucesso, com Enslin também tendo respaldo jurídico de sua editora para conseguir o quarto.

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I’ve had it with these motherfucker writers in this motherfucker hotel

Não tarda para que, quando instalado, uma série de acontecimentos bizarros passe a ocorrer, como se Enslin tivesse entrado em um portal para outra dimensão, com todo tipo de fantasma, visões, alucinações, poltergeist, mudanças de temperatura, que vão fazendo com que o outrora cético escritor trave uma luta contra sua própria sanidade e contra os perigos reais daquele local maldito que a todo custo quer que ele tire sua vida, nem que para isso, fique preso entre flashbacks e revivendo de hora em hora (tipo o resultado da Telesena) os infortúnios vivenciados ali dentro – incluindo aí golpes baixos relacionados a lembranças de sua filha.

A ideia de um filme focado apenas em um homem sozinho num quarto mal-assombrado é ótima, mas fica bem má explorada em 1408, que prefere se ater nos efeitos de CGI e no jumpscare do que em um filme mais psicológico e atmosférico, com Cusack fazendo o básico e não deixando se entregar MESMO à insanidade da situação e sua batalha contra o que é real e vendo seu precioso ceticismo indo para o ralo, com sua arrogância e sarcasmo dando lugar a uma paranoia exagerada e caricata. É entretenimento mediano, e para isso, parece que bastou ao diretor Mikael Håfström e ao ator principal.

Além disso, o final de 1408 é um dos grandes calcanhares de Aquiles do longa, BEM dos meia-boca, uma solução de roteiro fácil, maniqueísta e piegas ao extremo. Se não tivesse aquela conclusão do gravador, poderia ser muito pior. Mas isso nem foi culpa dos idealizadores, uma vez que no final original – ALERTA DE SPOILER – Enslin morria queimado no quarto que tentara destruir, mas os testes de audiência sinalizaram um final muito pessimista (YEAH!), mesmo que o utilizado se aproxime mais do conto, que convenhamos, nem é lá grande coisa também.

No frigir dos ovos, 1408 é mais um filme nada inspirado, que não representa muita coisa na filmografia do escritor do Maine, e vale como entretenimento passável sem grandes pretensões.

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You can check out anytime you like, but  you can never leave


818 – 30 Dias de Noite (2007)

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30 Days of Night


2007 / EUA, Nova Zelândia / 113 min / Direção: David Slade / Roteiro: Steve Niles, Stuart Beattie, Brian Nelson (baseado na HQ de Steve Niles e Ben Templesmith) / Produção: Sam Raimi, Robert Tapert; Ted Adams, Chloe Smith (Coprodutores); Joe Drake, Aubrey Henderson, Nathan Kahane, Mike Richardon (Produtores Executivos) / Elenco: Josh Hartnett, Melissa George, Danny Huston, Ben Foster, Mark Boone Junior, Mark Rendall


 

Escrevendo como se estivesse falando com o brother sobre 30 Dias de Noite: PUTA QUE PARIU QUE FILME FODA! Infelizmente nunca li a HQ de Steve Niles e Ben Templesmith, mas a versão cinematográfica certamente está na minha lista de filmes de vampiros preferidos. Até o Josh Harnett tá bom! Apesar de que ele meio que se redimiu ultimamente com Penny Dreadful.

Enfim, digressão à parte, tudo em 30 Dias de Noite funciona perfeitamente, com um pequeno porém, que tem a ver com a linguagem videoclíptica e câmera exageradamente tremida de David Slade nas cenas de ataques vampirescos. De resto, fotografia incrível, estética quadrinesca, história sensacional, caracterização inovadora dos vampiros, até com sua linguagem própria, efeitos de CGI e maquiagem de primeira, final pessimista que dá vontade de cortar os pulsos e litros e litros de sangue derramado!

Produzido por Sam Raimi (que nos primeiros estágios do roteiro, seria o diretor, mas passou a bola) e Ropert Tapert para a Ghost House Pictures, outro dos golaços foi Niles ter escrito o roteiro do longa, junto de Stuart Beattie e Brian Nelson. Aliás, um fato curioso é que a história surgiu como um filme, e após ser recusado diversas vezes por diversos estúdios, ele resolveu readaptá-lo para os quadrinhos, que depois ganhou a versão em celuloide por, veja só, um dos estúdios que o rejeitou. Parece que o jogo virou, não é mesmo?

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Banho de sangue!

Em Barlow, extremo norte do Alasca, há um período de 30 dias no ano em que o sol não nasce e a cidade fica imersa em uma noite sem fim durante todo o mês (geográfica e climaticamente isso está errado, na verdade os dias ficam mais curtos e anoitece mais cedo, porém o sol chega sim a nascer e se por). Prato cheio para um grupo de vampiros errantes que vê a oportunidade de ficar o mês inteiro se refestelando de sangue humano.

Muitas pessoas deixam Barlow nesse período e ninguém mais entra ou sai da cidade, pois o aeroporto fica fechado no meio de uma intensa nevasca. O grupo de sanguessugas manda um batedor (vivido por um ótimo e irreconhecivelmente assustador Ben Foster) fazer o scout do local, sabotar o sistema de comunicações e voilá, o palco está armado para a carnificina que virá a seguir. O xerife Eben Olseon (Hartnett – ótimo), junto de sua ex-esposa em conflito, Stella (Melissa George – linda) e mais outros moradores da cidade precisam tentar resistir durante essa longa noite das terríveis criaturas.

A mistura de tensão crescente, os conflitos humanos, a paranoia e a claustrofobia, além do medo instaurado por enfrentarem monstros cruéis que fogem de sua compreensão e não podem ser derrotadas, é uma das válvulas motoras de 30 Dias de Noite, e que compensa a sensação que nos dá que aquele mês passou muito rápido. Junte isso ao excelente trabalho de caracterização dos vampiros, que deixam de lado todo o ar aristocrático dos mortos-vivos para seres com feições deformadas, completamente inumanos, donos de sua própria língua morta e uma voracidade sem limite. Efeitos especiais cortesia da Weta Digital de Peter Jackson (aliás, o filme foi todo gravado na Nova Zelândia), diga-se de passagem.

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Nada tranquilo e pouco favorável

Para aquele que curte mesmo é um gorefest, 30 Dias de Noite não deixa nada a desejar. Lembro-me da conversa com um amigo meu na época, quando vimos no cinema, lá em dezembro de 2007, quase com o Natal dobrando a esquina, que aqueles vampiros não sugavam a jugular das vítimas. ELES ARRANCAVAM A DENTADAS! E isso é sensacional! E o que dizer então daquela fatídica cena dentro da refinaria, que envolve vampiros, prensa e machado? Baldes de sangue derramados!!!!

Pegando-me em um exercício mental, não se lembrava do último filme de vampiros que havia visto tão bom e original quanto. Talvez Um Drink no Inferno, ou Vampiros de John Carpenter. E pensar que pouco depois, no ano seguinte, as criaturas virariam motivo de xacota por conta da explosão pop da Saga Crepúsculo. E ainda o longa ganharia uma sequência INDECENTE lançada direct to video.

30 Dias de Noite serviu também para colocar de vez o nome de David Slade no mapa (que por ironia do destino, até dirigiria o terceiro filme da cafonalha de Edward e Bella), pós-sucesso hype de Menina Má.Com, que hoje está mais envolvidos em projetos de TV, sendo um dos produtores executivos da finada e excelente Hannibal e dirigirá o piloto de Deuses Americanos, baseado no livro de Neil Gaiman.

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Azul de fome…

Horrorcast#104 – Vamp – A Noite dos Vampiros (1986)

819 – Atividade Paranormal (2007)

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Paranormal Activity


2007 / EUA / 86 min / Direção: Oren Peli / Roteiro: Oren Peli / Produção: Jason Blum e Oren Peli, Amir Zbeda (Produtor Associado), Produtor Executivo (Steven Schneider) / Elenco: Katie Featherston, Micah Sloat, Mark Fredrichs


Apesar de ter sido lançado comercialmente nos cinemas em 2009, Atividade Paranormal foi produzido em 2007 e o diretor e roteirista israelense Oren Peli vinha exibindo-o em festivais e sessões da meia-noite desde então, além de entregar DVDs para amigos e distribuidoras sem obter muito sucesso em sua empreitada, apesar de ter agradado os fãs do gênero.

Porém só quando ele recebeu a devida importância, dinheiro, e a máquina comprossora de marketing da indústria Hollywoodiana, além de uma forcinha de ninguém menos que Steven Spielberg, que o filme virou um dos maiores fenômenos de bilheteria do final do século passado. Um desses DVDs “demo” foi parar na mão de executivos da Dreamworks em 2008, que prontamente foi entregue a Spielberg, que segundo reza a lenda, não conseguiu dormir à noite quando o assistiu pela primeira vez.

Produzido com supostos 15 mil dólares, rodado na própria casa do diretor, com um roteiro extremamente simples e com toda aquela estética mockumentary para dribrlar possíveis problemas de orçamento, Spielberg comprou os direitos do filme por 300 mil dólares e decidiu mexer algumas coisas na fita original, reeditnado-a, adicionando novas cenas, invertendo sequências e criando um novo e mais apelativo final. Como a Dreamworks foi comprada pela Paramount, o lançamento do filme acabou sendo adiado. Foi aí que começou o burburinho pela Internet e pelas redes sociais, algo extremamente parecido com o que havia acontecido com A Bruxa de Blair há exatos dez anos, e vendo o enorme potencial da produção em mãos, a Paramount começou a lançá-lo em um circuito menor para ir expandindo depois que o marketing boca a boca começou a aumentar a procura pelo filme. E deu no que deu. Faturou quase 200 milhões de dólares pelo mundo, tirou o sono de muita gente por aí e gerou uma franquia (claro!!!!).

Na história, somos testemunhas oculares de um casal que é atormentado por um poltergeist, que faz de tudo para não deixá-los dormir à noite. Como não há efeito especial, maquiagem e nada, Oren Peli apenas usa do medo básico e primal do ser humano pelo desconhecido e sobrenatural e vai insinuando sugestões de eventos assustadores que acontecem quando estão dormindo, captados por uma câmera amadora, comprada exatamente para gravar esses fenômenos. Você inclui nesse pacote portas se mexendo sozinhas, baques vindo do interior do local, barulhos de passos subindo a escada, sussurros, vultos no quarto e por aí vai.

A vida como ela é.

E diferente de outros supostos mockumentaries ou found footage, como REC, Cloverfield – Monstro e Diário dos Mortos, que apesar de também ter esse tom documental, contam com efeitos especiais, edição precisa, jogo de luz e sombra, atores de verdade e tudo mais, Atividade Paranormal aumenta as doses de realismo de formas cavalares exatamente por ser quase amador, parecendo mais um vídeo do Youtube, ter dois atores que são péssimos e parecem mesmo com nossos vizinhos e nos aproximar demais deles, fazendo com que fiquemos íntimos de sua vida conjugal e assim vamos acompanhando junto com eles o aumentar dos seus problemas espirituais e vendo somente o que a câmera deles registra.

Quando você faz uma rápida enquete de qual gênero do terror mais mete medo nas pessoas, sempre os que envolvem espíritos e fantasmas estão em primeiro lugar do ranking. E por isso que Atividade Paranormal fez tanto sucesso. Explora esse medo de uma presença fantasmagórica invadir a tranquilidade do seu lar e vai sugerindo muito mais do que mostrando, como realmente aconteceria na vida real, e prendendo a tensão do aspectador que fica se contorcendo na poltrona do cinema até seu ritmo ir se acelerando no final para o susto derradeiro.

Claro que muita gente também não vai sentir um pingo de medo e vai achar o filme ridículo e sair achincalhando por aí. Mas ele tem muitos méritos, não só pelo status que alcançou, já que isso foi mais campanha de marketing do que qualquer outra coisa, mas também pela sua realização simples e por cumprir o que promete, sem falsas expectativas (que se foram criadas não foi por Oren Peli e sim mais uma vez pelo fantasma do marketing) sendo aterrorizante de verdade. As pessoas realmente curtem sentir medo. Eu mesmo achei assutador da primeira vez que assisti, de verdade. Depois perde completamente a graça quando se assiste de novo. Mas se você entrar no clima do filme e ativar o seu botão da suspensão de descrença, você realmente vai aproveitar essa viagem apavorante.

Big Brother Fantasma

 


HORRORVIEW – Visões do Passado (2015)

820 – Diário dos Mortos (2007)

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Diary of the Dead


2007 / EUA/ 95 min / Direção: George A Romero / Roteiro: George A Romero / Produção: Sam Englebardt, Peter Grunwald, Ara Katz, Art Spiegel; Paula Devonshire (Coprodutora); Donna Croce (Produtora Associada); Steve Bernett, Dan Fireman, John Harrison (Produtores Executivos) / Elenco: Michelle Morgan, Joshua Close, Shawn Roberts, Amy Lalonde, Joe Dinicol


 George Romero acertou na veia DE NOVO com Diário dos Mortos. Sua nova tentativa de recriar um universo de mortos-vivos, ao fim de sua tetralogia original, visto hoje, quase dez anos depois, não poderia parecer mais atual, em tempos de superexposição na Internet e nas redes sociais, celebridades instantâneas online e vloggers no YouTube, busca por audiência, cliques, shares, etc.

Ainda foi um dos precursores do found footage moderno, antes do gênero virar Brasil (tanto quanto zumbis) seguido de perto pro Cloverfield – Monstro e REC, aquela safra que assim como A Bruxa de Blair, preferiu utilizar o efeito “fita encontrada” e do “falso documentário” como recurso narrativo, e não simplesmente estético.

Claro, Diário dos Mortos é um filme menor, nada tão impactante e pungente quanto seus filmes anteriores dos cadáveres ambulantes comedores de gente, tem suas falhas, baixo orçamento, cara de “feito em casa”, mas Romero sabe como colocar o dedo na ferida de questões sociais em seus filmes como nenhum outro diretor do horror conseguiu. E isso não apenas em seu cinema zumbi.

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Rodando…

A premissa do “se não foi gravado, não aconteceu” é muito pertinente, sendo que o que importa é apenas o que é mostrado através das lentes de uma câmera. Antecipa, de forma precisa e voraz, o que acontece hoje nas redes sociais, no Facebook e Instagram, onde se você não tirou a foto, não fez um check in, não postou sua opinião ou comentário sobre tal assunto, simplesmente você não viveu aquilo. Se todos não ficarem sabendo, não importa e não se tornou factível. Eleva na enésima potência os conceitos de “Simulacro e Simulações” de Baudrillard.

O contexto do zumbi está ali apenas pela fantasia, pelo lúdico do horror, pela representação de uma situação extrema, sem contar que outro subtexto, adorado pelo mestre, ainda se encontra na sua obra, que oras bolas, os humanos, esses são sempre os piores que suas contrapartes putrefatas que se levantam do túmulo. E nos momentos de sobrevivência é que conhecemos nossa verdadeira natureza.

E como disse lá em cima, o mockumentary “A Morte dos Mortos”, projeto que o estudante de cinema Jason Creed (Joshua Close), pego no meio da hecatombe com a câmera na mão, é obcecado – mais que sua própria segurança e de seus colegas – existe como recurso narrativo do longa, escolhido em Romero como forma de uma pessoa registrando e sentindo-se no dever cívico de informar a todo mundo pela Internet do que acontecia durante a insurreição dos mortos. Mas apesar do pretenso altruísmo, sua verdadeira intenção mesmo, como fica claro, também era ganhar milhões de cliques e de views.

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Múmia é zumbi?

Todo o filme captado em DV, handhelds, imagens de circuito de vigilância e aquela pegada de cinema verité já vem editado, com narração da namorada de Jason, Debra (Michelle Morgan), trilha sonora, como a versão final da fita que estamos assistindo, mais ou menos como acontece com Noroi, e não é uma “filmagem encontrada pela polícia de não sei onde…”. Ou seja, recurso narrativo de Romero, importante exatamente para a compreensão total da trama HUMANA, já que zumbis são colocados em segundo plano. Não são alegorias do comentário social do diretor como outrora, e estão lá para o entretenimento e para o gore (a cena do crânio de um deles derretendo com ácido é sensacional).

O ritmo é bastante lento, o que pode obviamente desagradar uma grande parte do público e quando disse o gore lá em cima, não é o gooooooore, e nem pense no splatter zumbi que Tom Savini, junto com o próprio Romero, ajudou a pavimentar em Despertar dos Mortos, mas sim algo comedido para não extrapolar na tela como elemento principal.

Diário dos Mortos também foi o último sopro de vida cinematográfica de Romero no cinema zumbi, sendo que sua continuação direta, Ilha dos Mortos, definitivamente é um dos piores filmes do subgênero, de um diretor cansado e que já enfrentava a superexposição da criatura e dosar a crítica social com o peso do cinema de terror.

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Uma câmera na mão e um desfibrilador na cabeça

821 – Extermínio 2 (2007)

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28 Weeks Later


2007 / Reino Unido, Espanha / 100 min / Direção: Juan Carlos Fresnadillo / Roteiro: Juan Carlso Fresnadillo, Rowan Joffe, Enrique López Lavigne, Jesús Olmo / Produção: Enrique López Lavigne, Andrew Macdonald, Allon Reich; Bernard Bellew (Coprodutor); Danny Boyle, Alex Garland (Produtores Executivos) / Elenco: Rober Carlyle, Rose Byrne, Jeremy Renner, Harold Perrineau, Catherine McCormack, Idris Elba, Imogen Poots, Mackintosh Muggleton


Em 2002, Danny Boyle foi o responsável por lançar um dos filmes que ajudaria a impulsionar o modismo apocalíptico deste novo século: Extermínio. Cinco anos depois, com a iminente popularização do zumbi batendo na porta – apesar de tecnicamente não estarmos aqui falando de mortos-vivos – e antenadíssimo na questão da política internacional, Boyle retorna, junto de Alex Garland, como produtor executivo de Extermínio 2, dessa vez com a direção a cargo do espanhol Juan Carlos Fresnadillo.

Passados 28 semanas (ou seis meses, se preferir) depois da primeira infecção de raiva que praticamente devastou quase toda a Inglaterra, Extermínio 2 é um daqueles felizes casos de continuação bem sucedida, algo extremamente raro no gênero, conseguindo ser tão boa quanto o original. Mérito de todos os envolvidos, a participação de perto de Boyle e Alex Garland (escritor do original) e da direção de Fresnadillo (que também escrevera o roteiro junto de Rowan Joffe, Enrique López Lavigne e Jesús Olmo) que manteve o mesma estética alucinada e estilo de guerrilha do primeiro longa.

Isso já dá para ser sentido logo na prólogo, quando o personagem de Robert Carlyle (Don) vive com sua esposa Alice (Catherine McCormack) escondido junto com outros sobreviventes em uma casa de fazendo (ao melhor estilo A Noite dos Mortos-Vivos), quando são atacados de forma frenética por alguns infectados, quando Don consegue escapar desenfreadamente (ao som de “In The House – In A Heartbeat” de John Murphy – mesma trilha usada na primeiro filme), deixando a esposa para trás para ser morta ou infectada em uma atitude egoísta.

Elipse temporal e vemos Londres cercada pelo exército americano, chamado para garantir a reocupação e reconstrução do local, em uma clara analogia crítica a presença militar dos EUA no Afeganistão e Iraque, onde os sobreviventes estão limitados a um complexo conhecido como Distrito Um e as demais regiões estão inacessíveis, mesmo que todos os infectados já tenham morrido de fome e o surto do vírus controlado. Aqui vemos Don recebendo seus filhos, Andy (Mackintosh Muggleton) e Tammy (Imogen Poots) que estavam em visita aos avós na Espanha quando a epidemia se alastrou e agora trabalha dentro das instalações do Distrito Um, sentindo o peso sobre a morte da esposa e mentindo aos filhos sobre sua atitude nada altruísta em deixá-la para trás.

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Sete, oito, nove zumbizinhos, dez em um pequeno bote!

Tudo está indo nos conformes, até que os dois pestinhas fogem do perímetro em direção a sua antiga casa, tentando resgatar uma foto da mãe, e lá encontram Alice, que é levada para dentro do complexo, viva e apesar de infectada pelo vírus da Raiva, não desenvolvera seus sintomas, não se transformando numa agressiva criatura canibal. A Dra. Scarlett (Rose Byrne) médica responsável do exército americano a coloca em quarentena e acredita que seu sangue pode possuir alguma peculiaridade de onde pode surgir uma vacina contra o vírus.

O efeito cascata logo começa: Alice infecta o arrependido Don, que começa a atacar outras pessoas e rapidamente quase todo o contingente dos moradores do Distrito Um passam a ficar contaminados e em questão de horas, um novo surto se instala, fazendo com que os militares passem a agir, primeiro ordenados a atirar para matar qualquer um que tente deixar o local, incluindo aí civis, e depois bombardear a cidade toda para garantir que a infecção não se espalhe novamente. Nisso, um dos atiradores de elite, Doyle (Jeremy Rener) deserta de seu posto, e se encontra com a Dra. Scarlett e as duas crianças para tentar fugir com eles, uma vez que a médica aposta que o garoto pode possuir as mesmas propriedades genética da mãe e também carregar uma cura dentro de si.

O ritmo alucinante, alguns bons momentos de tensão crescente e suspense (a sequência da estação do metrô está aí que não me deixa mentir) misturado com os excelentes efeitos de maquiagem dos infectados e a intensa crítica social, política e militar, fazem com que Extermínio 2 acerte em cheio como produto cinematográfico. E claro, não tem como falar do filme sem citar o verdadeiro gore fest que é a cena do helicóptero dilacerando infectados com sua hélice em um campo aberto, com sangue, vísceras e membros decepados voando para todos o lados!

O final emblemático de Extermínio 2, vejam só, foi alterado de última hora, uma vez que o longa terminaria com a cena do helicóptero pousado no campo do estádio de Wembley, e teve de ser filmado às pressas em uma última tomada adicional, quando a edição final já havia sido finalizada e entregue a FOX para distribuição, uma feliz escolha que mantém o nível pessimista (assim como final original de Extermínio) e deixa aberta a questão da epidemia zumbi se espalhar no continente europeu, o que daria pano para manga para uma terceira parte – que seria batizada de 28 Months Later – que esteve nas ideias de Boyle e Garland mas nunca chegou a acontecer.

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Louca escapada!

 

 

 

 


822 – Espíritos 2 – Você Nunca Está Sozinho (2007)

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Faet / Alone


2007 / Tailândia / 105 min / Direção: Banjong Pisanthanankun, Parkpoon Wongpoon / Roteiro: Banjong Pisanthanankun, Parkpoon Wongpoon, Aummaraporn Phandintong, Sophon Sakdaphist / Produção: Mingmonkul Sonakul, Yophdet Sudsawad, Yongyoot Thongkongtoon; Paiboon Damrongchaitham, Boosaba Daoruang, Jina Osothsilp, Visute Poolvoralaks / Elenco: Marsha Wattanapanich, Vittaya Wasukraipaisan, Rachanu Boonchuduang, Hatairat Egereff, Rutairat Egereff, Namo Tongkumnerd


 Ah, a picaretagem das nossas distribuidoras nacionais! Só elas mesmo que teriam a pachorra de lançar esse filme como uma “continuação” de Espíritos – A Morte Está ao Seu Lado, para se aproveitar do sucesso do filme tailandês, inclusive nos cinemas brasileiros. Isso porque Espíritos 2 – Você Nunca Está Sozinho (e sempre tem esse subtítulo canastra, né?) também é um filme dos diretores Banjong Pisanthanankun e Parkpoon Wongpoon, mas que não tem absolutamente nada a ver com a história do fantasma vingativo aparecendo em fotos de Polaroid.

Aliás, aqui se trata de outro filme, uma trama completamente diferente, com o título apenas para levar alguns incautos desavisados ao cinema. E olha, até que é um filme bem interessante, claro que inferior ao trabalho anterior, mas que tem seus momentos assustadores, um plot twist em seu final, ao melhor estilo da escola asiática de terror e principalmente do cinema sobrenatural tailandês, que utiliza muito mais o recurso de jump scare e ação aterrorizante, puxado para o ocidental, que o J-Horror, por exemplo.

Gêmeos siameses, ou xipófagos, sempre dão um caldo para o cinema de terror (na verdade, gêmeos em si, tendo em vista a quantidade de longas que utilizam irmãos, geralmente univitelínos, em suas tramas) e em Espíritos 2, vemos Pim, uma jovem que vive com o namorado, Vee, em Seoul, que tem de voltar para sua casa na Tailândia após sua mãe sofrer um AVC.

Naquela casa de memória tão antigas, ela passa a ser visitada – ou assombrada, se preferir – pelo fantasma de sua irmã siamesa, Ploy, após a morte da mesma resultante da cirurgia da separação entre as duas, motivada, como veremos no andar da carruagem, por ciúmes e o envolvimento amoroso se Pin com Vee, quando ainda adolescentes no hospital. Uma história de vingança sobrenatural como só os orientais são capazes de fazer, com Pim pouco a pouco sentindo a terrível presença incômoda de “nunca estar sozinha”, como prega o quilométrico subtítulo, e as suas ações que vão levando-a as raias da loucura.

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O maior destaque de Espíritos 2, tirando a funcionalidade de sua fórmula do espírito vingativo, boas cenas de susto, abuso do jumpscare e pitadas de ação no terceiro ato é exatamente sua reviravolta na trama, aquele que, apesar de soar um pouco clichê, realmente confere um ar de novidade para a trama, trazendo uma informação importante para seu desfecho.

ALERTA DE SPOILER: pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco. Na verdade, a garota que todos imaginamos (inclusive sua mãe e seu namorado) ser Pim, trata-se de Ploy, que tinha inveja da irmã xipófaga, e a matou, assumindo sua identidade para poder ficar com sua vida para si, e claro, se relacionar com Vee em seu lugar. Escolados que somos no cinema asiático de terror, sabemos que um final não muito bonito a aguarda.

Espíritos 2 – Você Nunca Está Sozinho surgiu naqueles sopros do cinema de terror oriental, onde quase todos tratavam-se do mesmo expediente, da aparição rancorosa – e que funcionou por muito tempo com a capacidade íntima de conseguir assustar de verdade – antes do declínio do subgênero, caindo em um loop de repetição. Momento esse em que muita coisa chegava ao Brasil, tanto aos cinemas quanto direto para o vídeo, por conta desse sucesso, e prova disso foi até as distribuidoras lançarem alguns títulos, como esse, como falsas continuações sensacionalistas, mesmo com o longa sendo completamente independente e um bom filme que poderia muito bem se vender sozinho.

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A Rutinha é boa e a Raquel é má 

 



Review 2016: #17 – Rua Cloverfield 10

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Esqueça o found footage catástrofe de monstro de 2008! Mas saiba que você  (eu, e todo mundo) está sendo enganado.


No dia 15 de janeiro deste ano a Internet entrou em rebuliço quando do mais completo nada surgiu o trailer de um tal Rua Cloverfield 10, exibido junto das cópias de 13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi de Michael Bay, e todo mundo ficou se perguntando: o que diabos era esse filme?

J.J. Abrams, o homem por trás do sensacional Cloverfield – Monstro, found footage dirigido por Matt Reeves e lançado em 2007 – que também foi filmado às escondidas, lançado num esquema super secreto, revelando pouquíssimas coisas até não poder segurar mais, sem ninguém saber muito do que se tratava e lotado de virais na Internet – disse em entrevista, confirmando o projeto, que se tratava de “um parente de sangue de Cloverfield”, mas sem dar detalhes se tratava de um spin off, uma continuação, derivado, etc.

Agora que Rua Cloverfield 10 finalmente chega aos cinemas dos Brasil, quase um mês de diferença de seu lançamento nos EUA, afirmo que o filme na verdade é uma das maiores enganações dos últimos tempos, e que, como ficou claro desde o começo, a palavra Cloverfield e essa ideia de “antologia” está lá apenas como pura e simples jogada de marketing para garantir um pouco mais de grana aos bolsos dos realizadores e estúdio, uma vez que geral não iria ao cinema assistir um thriller independente chamado de “O Porão” e que não tivesse o nome do diretor do último Star Wars nos créditos.

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Jantar no bunker

Nessa altura do campeonato todo mundo já foi mais que avisado para esquecer Cloverfield, e principalmente o MONSTRO que ele ganhou de subtítulo spoiler aqui no Brasil, mas que convenhamos, apesar dos ares de novidade do found footage naqueles tempos, e o drama de sobrevivência de pessoas comuns numa situação catastrófica, era o grande motivo da produção ser tão fodástica: uma criatura gigantesca, um tipo de kaiju, destruindo Nova York e arremessando longe a cabeça da Estátua da Liberdade.

Rua Cloverfield 10 não tem nada disso, não se passa nem na mesma timeline, no mesmo local (agora é no Texas), não tem nenhum vestígio do filme de 2008, exceto certa forçada de barra no seu terceiro ato para pelo menos justificar de uma forma mínima a “apropriação” do título (que se mostra de forma clara como um ato remendado, sem a menor ligação com todo o resto da trama), e lembrou muito aquelas salafrárias continuações de Hellrasier, onde um roteiro completamente X era pego pelos produtores e entubado Pinhead e sua mitologia só para manter a franquia viva (e seus direitos na casa) e tentar enganar os fãs.

Afinal, foi bem isso que aconteceu com Rua Cloverfield 10. O longa do estreante Dan Tratchnberg originalmente possuía o título “The Cellar”, ou “O Porão” – até está lá no IMDb para quem quiser consultar – e fora até realizadas algumas exibições teste que não tinha absolutamente nada a ver com o cult sci-fi de monstro da fita encontrada.

Nisso a gente entra na grande cagada do filme, que no final das contas é um bom suspense, um thriller psicológico honesto sobre uma garota (Michelle – papel de Mary Elizabeth Winstead) que sofre um acidente de carro, é raptada resgatada e mantida refém num bunker construído por um lunático paranoico e cheio das teorias conspiratórias, interpretado por um ótimo John Goodman – de adorável a psicopata em um piscar de olhos –, que a proíbe de sair para o exterior, assim como outro residente do local, Emmett (John Gallager Jr.) alegando que o mundo lá fora foi completamente destruído e o ar está contaminado, incapaz de respirarmos. Como, quando e por que, nunca é revelado, nem se realmente o personagem de Goodman está dizendo a verdade, e isso é uma das boas sacadas e mantenedoras da tensão e claustrofobia, diferente do cinema convencional didático que entrega tudo de bandeja ao público e que estamos acostumados a ver por aí.

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Será que tem algum monstro lá fora?

Caso Abrams e sua Bad Robot não tivessem de alguma forma entrado no meio de “O Porão”, assistiríamos um filme correto, que tem lá seus momentos na construção de personagens e na escalada de suspense, mas daqueles que você bem esqueceria no dia seguinte e nem se lembraria na hora de indicar um thriller para seus amigos assistirem. E fato que ninguém daria metade da bola, buzz ou interesse que o filme recebeu.

Mas o fato de agora ser considerado parte de uma suposta “antologia” Cloverfield e carregar consigo o peso de uma possível “franquia” e qualquer que seja a referência com aquele sensacional e intenso filme de monstro de 2008, transformou a experiência não só em um embuste, como em uma decepção, ainda mais com aquele final desconexo apenas com o intuito de contemporizar para os ávidos por alguma aparição monstruosa que de alguma forma remetesse ao original. Foi tipo o Ridley Scott ter metido um xenomorfo no final de Prometeus, só para cumprir tabela.

Na real, para mim a comparação é fácil é com Halloween III – A Noite das Bruxas. John Carpenter, assim como o “visionário” J.J. Abrams queria construir uma antologia sobre Dia das Bruxas, independente da presença de Michael Myers, e entregou uma fita com uma trama completamente diferente, sem o assassino mascarado e nenhuma ligação com o mesmo, que é até um filme OK, mas que provavelmente seria muito melhor recebido por público e crítica se não tivesse o nome da franquia no meio, pois acabou sendo visto apenas como uma jogada de marketing para tirar dinheiro do bolso dos fãs.

Rua Cloverfield 10 padece do mesmo mal, e acaba nem funcionando totalmente como suspense claustrofóbico pós-apocalíptico, e muito menos como continuação/ parente de sangue de um dos melhores filmes de monstro do século!

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Cantinho da disciplina

823 – Estrada Maldita (2007)

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Wind Chill


2007 / EUA, Reino Unido / 91 min / Direção: Gregory Jacobs / Roteiro: Joe Gangemi, Steven Katz / Produção: Graham Broadbent, Peter Czernin; Peter Lhotka (Coprodutor); Erika Armin, Peter Phillips (Produtores Associados); George Clooney, Steven Soderbergh, Ben Cosgrove (Produtores Executivos) / Elenco: Emily Blunt, Ashton Holmes, Martin Donovan, Ned Bellamy, Ian A. Wallace, Donny Lucas, Chelan Simmons, Darren Moore


 

 Estrada Maldita é um ótimo filme independente, daquelas gemas pouco conhecidas do grande público – apesar de ter como produtores George Clooney e Steven Soderbergh – que mistura um claustrofóbico thriller de sobrevivência com elementos de sobrenatural, capazes de gelar a espinha (como o próprio título original sugere), e não só pela sensação congelante que o filme emana para fora das telas.

Tramas que colocam seus personagens em situações limites, quase com capacidade nula de fuga, conflitos pessoais e sobrevivência extrema já são interessantes por si só, e Estrada Maldita consegue capturar muito bem esses elementos para prender a atenção do espectador, enquanto um subplot paralelo se constrói ao melhor estilo Stephen King.

Nas vésperas do Natal, a personagem de Emily Blunt decide pegar carona  com o desconhecido Ashton Holmes para sua cidade natal, Delaware, por meio do quadro de avisos da faculdade. Eles mal se conhecem, mas o rapaz nutre um certo amor platônico pela garota, e esquematizou aquela viagem de volta para casa para tentar conquista-la.

Devido a uma forte nevasca, a estrada se encontra em péssimas condições e o motorista resolve pegar um atalho, o que se mostra uma terrível ideia, pois eles logo sofrem um acidente colidindo com o carro vindo na mão oposta, e ambos ficam presos naquela região inóspita, com uma temperatura congelante, sem sinal no celular, e nenhuma previsão de socorro ou outro carro passar por ali.

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Deveria ter ligado para o Sr. Escavadeira

Pronto, a partir daí o diretor Gregory Jacobs começa a trabalhar tanto seu enredo psicológico, misturando a tensão e brigas crescentes entre a dupla, a situação extrema de sobrevivência, que chega a ser claustrofóbica e angustiante, mostrando o veículo cada vez menos como um lugar seguro, mas com o ambiente externo igualmente nada favorável, e os elementos sobrenaturais, uma vez que mais tarde descobriremos uma trama que envolveu vários assassinatos naquela região, cometido por um policial psicopata e depois, vários acidentes fatais que ocorreram por ali em invernos anteriores.

Outro detalhe interessante presente no roteiro escrito por Joseph Gangemi e Steve Katz (o mesmo de A Sombra do Vampiro) é o quanto a narrativa às vezes mistura realidade e ficção, com idas e vindas que lembram um filme de David Lynch, explorando a situação dos dois muito mais do que um simples aprisionamento físico, mas quase uma clausura dimensional a qual se mostra incapaz de fuga naquela estrada, há, maldita.

Os dois atores, Blunt e Holmes também estão muito bem em seus papeis, principalmente que quase todo o filme é centrado apenas neles, mostrando a disparidade entre ambos, os conflitos pessoais, principalmente quando a moça descobre que a carona fora um plano arquitetado, o que em si já aumentaria em muito sua desconfiança, e causando tensas brigas entre eles, até seu final melancólico.

Estrada Maldita é um inteligente filme de horror psicológico, com um ritmo lento que nunca lhe entrega todas as cartas de primeira, bastante etéreo e com um clima estranho, digamos assim, que conta também com uma excelente fotografia, com a escuridão da noite contrastando com o branco da neve, e uma situação sinistra de pavor real, apesar do escape para o fantástico.

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Numa fria!

 


824 – A Fronteira (2007)

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Frontière(s) / Frontier(s)


 2008 / França, Suiça / Direção: Xavier Gens / Roteiro: Xavier Gens / Produção: Laurnt Tolleron; Luc Besson, Eric Garoyan, Karim Guellaty, Rodolpho Guglielmi, Bertrand Le Delezir, Pierre-Ange Le Pogan, Noël Muracciole, Fryedryc Ovcaric, Teddy Percherancier (Coprodutores Associados); Ubert Brault (Produtor Executivo) / Elenco: Karina Testa, Aurélien Wilk, Patrick Ligardes, Samuel Le Bihan, Maud Forget


 

Sabe O Massacre da Serra Elétrica, de Tobe Hooper? Imagine agora uma versão francesa, violentíssima e troque a família de canibais sulistas por uma família de neonazistas psicopatas. Isso é A Fronteira, mais uma gema do cinema new french extremity.

Quando eu digo que as produções francesas foram das melhores da década passada do horror, eu não estou sendo exagerado. Uma nova safra de diretores e roteiristas que surgiu do sucesso de Alta Tensão de Alexandre Aja, começou a despontar com produções brutais e gráficas, sempre com aquela peculiar fotografia e ritmo do cinema francês, para aqueles que adoram ver muito sangue nas telas e o circo pegar fogo. A Fronteira segue essa escola.

E todo mundo sabe como os franceses são um povo politizado e que adoram fazer uma greve e sair quebrando tudo quando veem seus direitos constitucionais atingidos por ações do governo. Apesar de ser um daqueles exemplares clássicos de filmes escabrosos e sádicos, A Fronteira tem todo um pano de fundo político em seu entorno, ainda mais hoje em tempos de discussão constante sobre a imigração na Europa x xenofobia e ataques terroristas, que pode até passar desapercebido, escondido pelo verdadeiro banho de sangue que é a fita do diretor Xavier Gens.

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Escondidinha

Na verdade, tudo começa quando um grupo de jovens delinquentes, filhos de imigrantes muçulmanos, resolvem fugir dos guetos parisienses rumo à Holanda, para ajudar uma jovem grávida a fazer um aborto. Só que a capital francesa está em pé de guerra durante a campanha eleitoral em que o presidente francês, que faz parte de um partido de extrema direita, tenta a reeleição. Essa política de choque coloca a polícia nas ruas para segregar e perseguir todo mundo enquanto a população começa uma onda de revoltas e insurreição. Mais um motivo para se mandar de lá.

No caminho a Amsterdã, eis que o pequeno grupo de quatro pessoas se deparam com a tal família de nazistas que falei lá no primeiro parágrafo, que se refugiam em um velho terreno de mineração improdutivo, são adeptos da procriação congênita e realizam todos os tipos de bizarrice, chefiados com mão de ferro por Karl Von Geisler, um velho membro da suástica que escapou para lá no final da Segunda Guerra Mundial, e quer transformar a coitada da Yasmine, a garota grávida em fuga, em mais um membro da próspera família, por falta de opção melhor, mesmo não sendo de sangue puro.

Daí o que nos aguarda é aquilo que o new french extremity nos entrega de melhor: uma profusão quase ininterrupta de sangue e brutalidade gráfica. Pense em todo tipo de personagem atormentado? Está ali naquela família: um nazista louco, putas drogadas, um brutamontes violento e misógino, um gordão retardado, filhos que deram errado e nasceram deformados e por aí vai. Acrescente agora à equação tesouradas, membros decepados, canibalismo, uma pessoa derretendo em um câmera de gás, machadadas, tiros de calibre .12 explodindo cabeças e até uma serra de mesa trucidando uma pessoa!

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As melhores peças da região

Xavier Gens consegue equilibrar toda essa violência desmedida muito bem, ora com cenas de drama, quando você realmente se comove com a situação de Yasmine e seu futuro e com o testemunho de Eva, a “matriarca” do grupo, que foi raptada por Von Geisler quando ainda era criança e teve quatro filhos deformados que foram isolados na mina, ora com verdadeiras cenas frenéticas de ação, com direito a edição alucinante, perseguições de carros e tiroteios.

Fora isso, Karina Testa, que interpreta Yasmine é mais uma daquelas vítimas mulheres do cinema de horror francês que come o pão que o diabo amassou, é abusada física e psicologicamente de todas as formas possíveis, espancada, coberta de sangue e no final torna-se um barril de pólvora de violência pronta para explodir, libertando os seus mais selvagens instintos de sobrevivência. E no finalzinho mesmo do filme, há um toque sarcástico do diretor, fechando o círculo da sua crítica política.

A Fronteira é um deleite para os fãs de gore e do cinema transgressor. Se você procura um filme perturbado e visceral, essa é a escolha. E fique de olho no nome de Xavier Gens. Ele foi o diretor da adaptação do videogame Hitman – Assassino 47 para as telas e do também excelente filme apocalíptico O Abrigo, lançado em 2011 (que coloca esse Rua Cloverfield 10 aí no chinelo).

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Haja OMO!

 

 


HANGOUT do 101HM – S01E05: Rua Cloverfield 10, Baskin, The Walking Dead e… Cher?!

825 – Gritos Mortais (2007)

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Dead Silence


2007 / EUA / 92 min / Direção: James Wan / Roteiro: Leigh Whannell / Produção: Mark Burg, Gregg Hoffman, Oren Koules; Peter Oillataguerre (Produtor Executivo) / Elenco: Ryan Kwanten, Amber Valletta, Donnie Whalberg, Michael Fairman, Joan Heney, Bob Gunton, Laura Regan


 

Rever Gritos Mortais depois de tanto tempo apenas me serviu para diminuir qualquer tipo de estima ou interesse que tive pelo filme em tempos passados, e provar por A+B para mim mesmo como James Wan é um picareta – dos bons, mas picareta – em apenas recauchutar fórmulas fáceis e transformá-las em ação sobrenatural, jumpscares e clichês de horror, entregando de bandeja exatamente o que o público médio do gênero quer ver.

Sim, eu sei que vai ter gente caindo de pau em cima de mim por conta disso, principalmente aqueles que endeusam Wan com um verdadeiro gênio do terror moderno, o que é o mais absurdo dos exageros. Mas paciência, essa é minha opinião, e Gritos Mortais só me fez corroborá-la principalmente pegando toda a estrutura narrativa e aonde estão os elementos de terror e do susto, que seguem exatamente a mesma fórmula utilizada depois em Sobrenatural e em Invocação do Mal, esses os filmes que o condicionou a esse tal status enganador como diretor salvador da pátria do gênero.

Fato é que Wan soube muito bem entender os meandros da máquina do horror mainstream, e isso é um puta mérito do malaio, e utilizá-lo a seu favor, sempre apresentando seu resultado enlatado, sem se permitir colocar um pouco mais de trabalho autoral (como fizera anteriormente no primeiro Jogos Mortais), abusando de fórmulas prosaicas, sustos fáceis, algum recurso de roteiro – geralmente banal, diga-se de passagem – que irá tirar os personagens daquela situação e um terceiro ato exagerado de ação. Gritos Mortais já tem tudo isso, que depois foi elevado a enésima potencia em seus longas posteriores de sucesso. E olha que o cara na verdade é um bom diretor.

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Você perguntou seu eu quero um balão?

O tema da vez é bonecos e ventriloquismo, que por si só, já é de meter medo muito fácil, desde o boneco Hugo de Na Solidão da Noite, dirigido pelo brasileiro Alberto Cavalcanti até o sinistro Fats, réplica de madeira de Anthony Hopkins em Magia Negra. O próprio visual de Billy, o boneco de Gritos Mortais é inspiradíssimo em ambos, numa medonha mistura entre Hugo e Fats, que já dá calafrio só de olhar.

A história, escrita por Wan e seu parceiro Leigh Whannell (a dupla que criou Jogos Mortais e depois trabalhariam juntos na franquia Sobrenatural) não é de toda ruim, e tem lá seus momentos assustadores, e até se mostra mais decente do que muitos dos filmes de terror comerciais do período, e convenhamos é muito difícil fazer um trabalho 100% original, então é aí que a mão de Wan na direção se destaca.

O grande problema é que ele é composto de uma narrativa medíocre, personagens chatos e rasos que carecem de maior profundidade e que não causam empatia ao público e os recursos tacanhos utilizados para se tentar assustar, são dos mais bobos e apelativos, sempre abusando de CGI, e principalmente a forma como se desenrola o “confronto final”  com a entidade sobrenatural da vez até seu plot twist na conclusão.

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Mary Shaw não tinha filhos, só bonecos…

Ryan Kwaten, o futuro Jason Stackhouse de True Blood é Jamie Ashen, sujeito que precisa voltar para sua cidade natal, Ravens Fair, após sua esposa ser terrivelmente assassinada de forma misteriosa, logo depois que o boneco Billy é entregue no apartamento do casal, sem destinatário. Ao voltar, Jamie descobre que seu pai ausente sofreu de uma grave isquemia e está paralisado em uma cadeira de rodas, agora casado com a bela Ella (Amber Valetta).

Revisitando o passado da cidade, Jamie retoma a antiga lenda de Mary Shaw, uma ventríloqua que foi assassinada pela população de Ravens Fair em busca de vingança pela senhora que enlouquecera e matara uma criança. Ela teve sua língua arrancada e enterrada junto de seus bonecos. Depois do acontecido, os moradores da região começaram a sofrer das mesmas mortes de Mary Shaw enquanto seus bonecos passaram a sumir de suas covas. Sua obsessão era na construção de um boneco perfeito e ela ganhou até um poema: “Cuidado com o olhar de Mary Shaw. Ela não tinha filhos, só bonecos. E se com ela você sonhar, lembre-se de jamais gritar (ou sua língua ela irá arrancar)”.

Pois bem, interessado em ir fundo na lenda e descobrir o que estava acontecendo, o personagem de Jamie chega até a reviravolta de roteiro de sua conclusão, que eu acho até bem interessante e assustador, mesmo com a erradíssima decisão de conta-lo com o mesmo estilo narrativo, edição de videoclipe e trilha sonora de Jogos Mortais. Aliás, a tentativa de Wan e Whannel era desde o começo tentar se desvencilhar da série, em que trabalharam ativamente até a terceira parte, lançado no ano anterior, e investir mais no terro clássico, atmosférico e psicológico. Mas a trama nada inspirada e seu desenrolar, além dos vícios de linguagem do diretor (que aqui nos daria apenas sua primeira amostra), jogaram contra o filme.

Aliás, o nome Gritos Mortais (ao invés do literal Silêncio Mortal) também é só mais uma das excelente ideias mirabolantes das nossas distribuidoras em pegar carona no sucesso de Jogos Mortais, e aproveitar a presença dos mesmos realizadores nos créditos.  Óbvio, não fez tanto sucesso quanto o torture porn, resultando em um filme esquecível, mas que serviu para entrar no rol dos bonecos assustadores do cinema de terror.

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New Kids on the Doll

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