Além das minas personagens fodonas no gênero que a Niia Silveira listou aqui, saiba você que temos filmes de terror incríveis dirigidos por mulheres – que aposto que muito marmanjo trouxa nem sabia!
Eu como editor do 101HM e macho, não me cabe discursar sobre, só apontar esse TOPE NOVE empoderador!
9) Garota Infernal (2009)
Dirigido por Karyn Kusama e escrito pela musa Diablo Cody, Megan Fox se transforma em uma criatura das trevas e vai se vingar dos babacas de uma banda que a usaram para um sacrifício em troca de fama e sucesso. E se liga que ela lança esse ano ainda o tão elogiado e aguardado The Invitation!
CLARO QUE É MEGAN! <3
8) Encaixotando Helena (1993)
O nome da mina que dirige esse filme é Jennifer Chambers Lynch. CONHECE ESSE SOBRENOME? LYNCH???? Então sabe que ela é filha DO CARA e esse filme é dos mais bizarros ever, por conseguinte!
O filme indie iraniano P&B dirigido por Ana Lily Amirpour coloca uma vampira vingadora nas ruas da fictícia Bad City sugando a jugular dos misóginos e pedófilos da cidade, e que ainda escuta o disco do White Lies em seu quarto numa das mais linda cenas que o cinema de horror já viu!
Um dos mais originais e mórbidos filmes sobre canibalismo, Mortos de Fome tem em um de seus maiores triunfos o nome de Antonia Bird na direção, mandando benzaço na direção de atores (só gente do calibre de Guy Pearce e Robert Carlyle) e na forma como mistura horror e humor negro de uma forma magistral.
Sim, um dos grandes clássicos de Stephen King e que te fez borrar de medo na infância foi dirigido por uma mina, Mary Lambert, que antes disso comandou os clipes das músicas “Borderline”, “Like A Virgin” e “Like A Prayer”, de ninguém menos que a Madonna. POW POW!
Antes de Kathryn Bigelow roubar o OSCAR de melhor diretora das mãos de seu ex-marido, um tal de James Cameron, a mina dirigiu um dos filmes mais fodas e referenciais de vampiro dos anos 80, que faz Os Garotos Perdidos parecer brincadeira de criança.
Mary Harron foi a responsável por arrancar uma atuação soberba de Christian Bale, com seus monólogos sobre “Sussudio” de Phil Collins e correr pelado ensanguentado em um apartamento com uma serra elétrica na mão, na adaptação do polêmico livro de Bret Easton Ellis. E vem filme da Família Manson, dirigido por ela, por aí.
De todas brincadeiras que eu gosto a melhor é PULAR CORDA!
2) The Babadook (2014)
Ser mãe é padecer no paraíso, ou no inferno, segunda a metáfora cinematográfica sobre a maternidade de Jennifer Kent. Aliás, a australiana SÓ dirigiu o melhor filme de terror de 2014 e certamente um dos melhores da década, viu?
O que começou com uma paródia dos slasher movies, que sempre tiveram um cunho sexista e misógino, se tornou no cult filme contra-cultura da diretora Amy Holden Jones, com roteiro de Rita Mae Brown, com doses cavalares de sangue, humor negro implícito e uma cacetada de referências ao cinema de terror, com a benção de Roger Corman!
2006 / Alemanha, França, Espanha, EUA / 147 min / Direção: Tom Tykwer / Roteiro: Andrew Birkin, Bernd Eichinger, Tom Tykwer (baseado no livro de Patrick Sünskind) / Produção: Bernd Eichinger; Gigi Oeri (Coprodutora); Julio Fernandez, Andreas Grosch, Samuel Hadida, Manuel Cutomoc Malle, Martin Moszkowicz, Andreas Schmid (Produtores Executivos) / Elenco: Ben Whishaw, Alan Rickman, Dustin Hoffman, Rachel Hurd-Wood, Karoline Hefurth
Perfume: A História de um Assassino é um filme tecnicamente perfeito, visualmente incrível, tanto nos quesitos de design de produção, figurino, reconstrução de época, fotografia, e com um roteiro bem peculiar, baseado no best seller de Patrick Sünskind, incluindo aquele surpreendente terceiro ato e conclusão. Só que tem alguns “mas”, claro. E o principal “mas” é Ben Whishaw, insosso ao extremo, num importantíssimo papel principal.
O livro do escritor alemão, “O Perfume”, é um daqueles suspenses cultuados da história da literatura, e obviamente fazer uma adaptação cinematográfica é pisar em ovos, e sempre digna de imbróglios entre produtores, estúdios e diretores. Martin Scorcese, Milos Forman, Stanley Kubrick, Roman Polanski, Ridley Scott e até Tim Burton já estiveram ligados ou interessados na direção do projeto, que caiu no final caiu no colo de um também alemão, Tom Tykwer. Ou seja, a coprodução europeia entre Alemanha, França e Espanha (com os EUA no meio desse balaio de gato), pelo menos tentou ao máximo se tornar fiel ao clima “velho mundo” da trama, longe dos tentáculos de um blockbuster de Hollywood.
E vale salientar que Tykwer mandou muito bem, exercendo um ritmo completamente diferente do tresloucado Corra Lola, Corra, e primando por takes longos, precisão econômica na edição e o abuso acertado de planos fechados para tentar passar ao espectador uma sinestesia impossível de se captar de uma obra cinematográfica: a quase super-humana habilidade olfativa do personagem principal, Jean-Baptiste Grenouille, capaz de captar e identificar os mais diversos tipos de odores.
Além disso, há toda a pompa e grandiosidade digna de uma superprodução, tendo sido o filme alemão mais caro da história ate aquele ano, contando com 67 papeis com fala, 5200 figurantes e 102 sets de filmagens, além de 520 técnicos empregados por trás das câmeras. Fruto dos seus 50 milhões de euros de orçamento, faturando 135 milhões de dólares em todo mundo (somente 2 milhões nos EUA), e ainda contando com atores do calibre de Dustin Hoffman e Alan Rickman no elenco.
Ali que a gente faz a magia acontecer
Tykwer também merece total crédito por colocar o público como testemunha ocular do infortúnio da vida do rapaz que nasceu sem cheiro e escapou da morte ao nascer no chão de um fétido mercado de peixe francês, ser enviado para um orfanato, vendido para trabalho escravo em um curtume e depois tornar-se como aprendiz de um mestre perfumista na cheia de vida Paris do Século XVIII. E claro, somos também cúmplices do crescimento perturbador de sua obsessão em capturar o aroma do ser humano, que o levará a se tornar um serial killer de mulheres, na desesperada tentativa de conseguir extrair delas seu almíscar para produzir a essência perfeita.
Daí temos os dois principais problemas de Perfume. A primeira é a duração. O filme possui quase 2h30, o que inevitavelmente forçará a existência de uma barriga no segundo ato, estendendo-se demais nas cenas em que a virtuose de Tykwer em explorar toda a beleza técnica e estética do longa o deixa enfadonho e entediante, até chegar as suas digamos, duas conclusões, do julgamento de Jean-Baptiste em praça pública e sua volta ao mercado de peixes onde nasceu, dignas de nota, pela perfeição, eloquência, anormalidade e exploração do fantástico de forma sensacional, até impactante e visceral para quem o assiste da primeira vez. Mesmo que haja controvérsias.
A segunda, como disse lá em cima, é Whishaw como protagonista. Um papel que merecia uma atuação pungente, com doses de inocência misturada com loucura, maldade e sadismo que irão transpor a obsessiva busca do rapaz, perde-se em um ator nada pronto para a função, com recursos dramáticos bem limitados, reduzindo-o a caras, bocas, choramingos e olhares tanto de maldade quanto de piedade, que não convencem ninguém, subaproveitando as sequências de assassinatos, limadas em prol da masturbação visual em algumas cenas desnecessárias, ou nas sequências de sublimação e epifania, principalmente na fatídica orgia. Mesmo que o terror e o medo não sejam mais forte que o amor, talvez o sentimento mais poderoso desse mundo, segundo o próprio texto, Whishaw é incapaz de nos mostrar ambos.
Perfume: A História de Um Assassino derrapa em alguns pontos que poderiam torna-lo uma experiência cinematográfica completa e salutar, uma grande obra do cinema, mesmo com seu final controverso e até sem pé nem cabeça para alguns, que não conseguiram apertar bem fundo o botão da suspensão de descrença e abraçar o fantástico, uma vez que o filme inteiro foi sendo trabalhado – apesar do “super-olfato” – dentro de um plano crível. Mas ainda assim, é uma experiência única, que atiça não só as sensações imagéticas de quem o assiste, mas também, o olfato, por incrível que pareça, tratando-se de uma obra printada em celuloide.
PS: Garotas, desculpe pelo post de um filme sobre feminicídio e um assassino de mulheres bem hoje, foi só uma questão de que era esse o filme da ordem cronológica/alfabética da minha lista dos 1001 filmes. :/
2006 / EUA, Alemanha / 102 min / Direção: William Friedkin / Roteiro: Tracy Letts (baseado em sua peça) / Produção: Kimberly C. Anderson, Michael Burns, Gary Huckabay, Malcolm Petal, Andreas Schardt, Holly Wiersma; Michael Ohoven, Jim Seibel (Produtores Executivos) / Elenco: Ashley Judd, Michael Shannon, Harry Connick Jr., Lynn Collins, Brían F. O’Byrne
Taí um obscuro filme de baixo orçamento e independente de William Friedkin, sim, o mesmo diretor de O Exorcista, bastante e indevidamente menosprezado, até pouco conhecido do grande público, mas que para mim é sensacional. Possuídos é uma verdadeira e perturbadora aula de paranoia, claustrofobia e obsessão, lembrando os bons e velhos filmes do Polanski.
Isso sem contar a atuação ESTUPENDA, assim em letras garrafais de Ashley Judd, e também de Michael Shannon – reprisando o mesmo papel da peça homônima a qual o filme se baseia – completamente viscerais, pungentes, entregues tanto física, quanto emocionalmente, com uma poderosa carga dramática que simplesmente retira o melhor de ambos. Passado quase que exclusivamente em um quarto de motel de beira de estrada e com enxutíssimo elenco de apoio, o filme é sobre os dois, sua lenta descida a loucura, os traumas da Guerra, paranoia e teorias da conspiração absurdas, numa crescente exponencial de tensão até o terceiro ato, além é claro, dos insetos, catalisador daquele apocalipse pessoal.
Vale aqui um adendo da SALAFRÁRIA ideia da querida distribuidora que lançou Possuídos no Brasil, que claro, já que é um filme de Friedkin, o sujeito que dirigiu talvez o mais famoso filme de terror de todos os tempos, vamos colocar esse título. Troféu joinha para vocês, viu! A fita não tem absolutamente NADA a ver com possessão, demônios, ou algo que o valha, e lembrando que o nome original é “Bug”, que simplesmente significa: inseto.
Aliás, os tais insetos, que raios, ninguém NUNCA vê no filme todo, exceto algumas imagens de louva-deus enxertadas como mensagens subliminares e sua estridulação, são os motivos de toda a psicose dos protagonistas. Judd é Agnes White, uma mulher solitária, alcoólatra, que trabalha de garçonete e mora em uma espelunca no meio do deserto, cujo marido acabou de sair em liberdade condicional, com um histórico de violência doméstica e um trauma pelo desaparecimento do filho em um supermercado.
Não sei se era pulga ou se era percevejo…
Já Shannon, o eterno General-Zod-que-teve-o-pescoço-quebrado-naquela-aberração-do-Zack-Snyder-que-não-tem-nada-a-ver-com-o-que-o-Superman-faria é Peter Evans, um sujeito introvertido, sem nenhum traquejo social, paranoico que serviu o exército e lutou no Golfo, e acredita ter sido objeto de testes e estudos científicos, usado como cobaia em algum experimento militar escuso.
Pronto, a junção dos dois é um prato perfeito para o desespero. Agnes parece não se importar muito com o rumo de sua vida depressiva e Peter é um maluco de pedra obsessivo e cheio das teorias da conspiração. Um pequeno, minúsculo, até invisível inseto para os olhos dos outros, e também do espectador, é o suficiente para servir de gatilho para uma loucura sem limites, que chega a causar todo tipo de dano físico, mental e psicológico nos personagens (e até no público, tamanha é a violência com a qual os dois se rendem às suas atuações) onde ambos atingem todos os limites extremos da sanidade em um tipo de relação nociva e psicótica, que vemos aos borbotões por aí.
O grande mérito de Friedkin em todo o longa, na parte que lhe cabe nesse latifúndio, é exatamente na economia de explicações, e jogar o tempo todo a questão sobre o quanto tudo aquilo que está acontecendo é real ou não. Há mesmos insetos? Peter foi vítima de um experimento militar? É um estresse dissociativo com requintes de esquizofrenia até contagiosa que acometeu os dois cidadãos sem esperança nenhuma nesse mundo hostil? O diretor brinca com a realidade, com a sanidade e com a loucura de forma salutar, tanto por conta do poder da atuação de seus dois atores principais, quanto no uso sábio da edição, glitches e mixagem de som, para deixar, literalmente, o público com a pulga atrás da orelha (com o perdão do trocadilho) até seu final pessimista, que não é nem um pouco bonitinho.
Talvez este frenético tapa na cara que é Possuídos, somado ao exercício de aumento gradual de tensão até a explosão iminente, e a ausência de explicações didáticas, deixando tudo no subentendido para que o filme continue perturbando a cabeça do público quando ele termina, tenha sido um dos responsáveis pela sua baixa aceitação e fracasso comercial, mesmo mostrando um Friedkin em ótima forma depois de tantos anos de resultados cinematográficos medíocres, e nunca chegando nem perto do que entregou em O Exorcista ou Operação França. Mas isso não tira o mérito sombrio dessa pequena e intensa gema, pelo contrário.
Enredo fraquíssimo, cheio de clichês e recursos de roteiro paupérrimos e imediatistas, além de um protagonista que não convence, deram o tom de série enlatada meia-boca para uma das mais icônicas histórias do cinema de terror
Em 1976, Richard Donner (diretor) e David Seltzer (roteirista) deram vida a um dos mais importantes e conhecidos filmes de terror de todos os tempos, A Profecia, inserindo nos rol dos icônicos personagens do gênero, Damien Thorn, o Anticristo, o Filho da Besta, nascido do ventre de um chacal, trocado na maternidade quando o filho do influente embaixador Robert Thorn (papel de Gregory Peck) morreu durante o parto.
Damien, a série desenvolvida pelo showrunner Glen Mazzara, o mesmo de The Walking Dead, estreou na última segunda-feira no canal de TV à cabo americano A&E, ignorando as duas sequências de A Profecia, e trazendo a figura do antigo capeta em forma de guri 25 anos depois dos acontecidos no longa original, trabalhando como fotógrafo de guerra, depois de ter uma infância e adolescência problemática passando de orfanato em orfanato, após a morte de seus pais. Quem bem se lembra, ele foi o responsável por empurrar a mãe do segundo andar de sua mansão com seu triciclo e o pai foi baleado pela polícia ao tentar mata-lo com um punhal, ao constatar que o menino tinha a marca do 666 no couro cabeludo.
O televisivo tenta se aproveitar principalmente da memória afetiva dos fãs e abusa de flashbacks de A Profecia e em todo momento traz personagens e eventos chave da história de Seltzer, como o inesquecível suicídio de sua primeira babá, que se enforca em sua festinha de aniversário (“É tudo para você, Damien”), cita o fotógrafo Jennings e Carl Bugenhagen, o estudioso do livro do Apocalipse que alertou Robert Thorn sobre a verdadeira identidade do filho e a única forma de mata-lo, em sua viagem para a cidade sagrada de Meggido.
Casos de família
Só que nada disso é suficiente para salvar o piloto de Damien do inferno da mediocridade (viu o que eu fiz aqui?). Um enredo fraquíssimo, cheio de clichês e recursos de roteiro paupérrimos e imediatistas para que o moço descubra logo de cara sua verdadeira origem satânica e um protagonista metido a galã canastrão que não convence nem um pouco (o ex-Capeta em fora de guri é interpretado pelo fraquíssimo Bradley James, de iZombie) ajudam a tornar o show de TV, pelo menos em seu primeiro episódio, em um passatempo completamente insosso.
Tudo é muito calcado no óbvio e na coincidência, mostrando o quanto o roteiro de “The Beast Rises” escrito pelo próprio Mazzara é carente de criatividade e de construção de personagem e atmosfera (ainda mais se tratando de uma série com 10 episódios, onde há mais que tempo suficiente para se trabalhar na persona de Damien descobrindo sua maldade inerente), dando aquele típico ar de série enlatada americana meia-boca.
Para provar o que eu estou falando, a trama começa com Damien em Damasco, na vã tentativa de colocar um tempero de assuntos atuais na história, como os refugiados sírios, e lá ele encontra uma velha senhora que ativa um gatilho mental no fotógrafo (o que aconteceu com TODA a grana da família Thorn, ninguém sabe…), que depois ele a descobrirá presente em TODAS as fotos que ele tirara na vida (incluindo fotos antigas quando criança com seus pais), e sua ex-peguete, a jornalista Kelly Baptiste (Tiffany Hines) começa a ligar os pontos e ambos passam a tentar investigar a sua obscura origem e a relação com a morte de seus pais, colhendo informações com um antigo aluno de Bugenhagen, o Professor Igor Reneus (Sam Anderson).
ALERTA DE SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco. Tal qual em A Profecia, todo mundo que passa a desconfiar da origem demoníaca do primogênito de Satanás e tentar descobrir mais sobre o tal assunto, acaba morrendo de forma trágica – e isso parece que será uma tônica a ser seguida, arrisco-me a dizer: Reneus é devorado por três rotweillers (em outra referência direta ao longa de Donner) e a própria Kelly é tragada por uma brita que vira uma areia movediça do inferno, na única verdadeira surpresa do episódio, uma vez que parecia que a moça seria o par romântico de Damien durante todo o seriado.
Fotógrafo oficial do Capeta
Ainda descobriremos antes dos créditos subirem que a Igreja Católica, ou pelo menos alguma parcela obscura dela, sabe da presença do Anticristo, monitorando-o todo esse tempo, e agora, com a ascensão da Besta, como o nome do episódio remete, eles levantarão suas bundas velhas e enrugadas da cadeira episcopal e tentarão combater o mal –algo que convenhamos, já deveria ter feito há muito tempo – para contribuir com aquele toque xucro de maniqueísmo, e uma possível mensagem carola posterior, que foi o grande deslize da trilogia cinematográfica em sua terceira parte.
Como se não bastasse toda a pequenez com que uma das mais interessantes histórias do cinema de horror é tratada, ainda deu para sacar que o CGI vai ser dos bem porcos, tendo como base a cena em que uma estátua de Cristo se desfaz na igreja.
Esperemos que o seriado se desenvolva durante o decorrer de sua temporada, que o roteiro torne-se mais intrigante e menos previsível, que Bradley James cresça em sua atuação para Damien (inspire-se um pouco em Sam Neill e A Profecia III – O Conflito final, fik dik!) e suas motivações malignas cresçam junto dele, porque dificilmente o ar de produção de baixo orçamento made for TV, em tempos de The Walking Dead, Penny Dreadful e Ash vs Evil Dead, certamente não vai descolar da série até seu final.
E para o bem dos produtores, que o Coisa-Ruim não veja o tratamento pífio que estão dando para o filho dele.
2006 / EUA / 93 min / Direção: James Wong / Roteiro: Glen Morgan, James Wong / Produção: Glen Morgan, Craig Perry, James Wong, Warren Zide; Art Schaefer (Coprodutor); Sheila Hanahan Taylor (Produtora Associada); Richard Brener, Toby Emmerich, Matt Moore (Produtores Executivos) / Elenco: Mary Elizabeth Winstead, Ryan Merriman, Kris Lemche, Alexz Johnson, Sam Easton, Jesse Moss, Gina Holden
Uma garota vai junto de seus amigos do HIGHSCHOOL de vinte e tantos anos em um parque de diversão. Antes de entrar na montanha-russa, ela tem uma premonição que um acidente no brinquedo causará a morte de todo mundo. Ela surta, sai da atração junto de mais um grupo e o acidente acontece de verdade, fazendo com que eles sobrevivam. Após isso, um a um eles passam a ser mortos de uma forma mais bizarra e sangrenta que a outra, e descobrem que há um plano da Morte por trás disso, para coletar as almas daqueles que conseguiram escapar do infortúnio, e tentarão desvendar essa intrincada trama e sobreviver a qualquer custo.
FIM. Essa é a resenha de Premonição 3.
Tá, brincadeiras a parte é isso mesmo, nem se tem muito que falar da terceira parte da cinesérie onde a morte dá uma de ACME em preparar armadilhas mirabolantes para riscar alguns nomes de sua lista negra, correndo atrás do prejuízo por seu plano maquiavélico ter sido impedido por alguém que teve uma pré-cognição de um acidente fatal, dessa vez envolvendo o descarrilamento de uma montanha-russa, no caso, a gatinha Wendy, vivida por Mary Elizabeth Winstead.
Deixando marquinha
Mas apesar dos apesares, Premonição 3 é um dos melhores da franquia, que infelizmente vai perdendo força no final, mas que já começa sem muita firula, mostrando o acidente espetaculoso no parque de diversões e seguido de algumas das mais bacanas mortes da série, como as gatinhas sendo torradas vivas na máquina de bronzeamento ao som de “Love Rollercoaster” do The Ohio Players, o outro sujeito que tem a cabeça dilacerada pelo motor de um carro, a mina alvejada por uma pistola de pregos ou mesmo o cabra que é esmagado por uma placa gigantesca.
Mas sabe por que Premonição 3 é bem bacana, apesar de simplesmente ser mais do mesmo? Nele temos a volta dos criadores do longa: a dupla Glen Morgan e James Wong, aquela mesma de Arquivo X (aliás, você sabe que originalmente o roteiro de Premonição seria um episódio do seriado de Mulder e Scully, certo?). Ambos são responsáveis pelo roteiro deste terceiro filme, assim como do original, e Wong está por trás das câmeras, também mesmo diretor do primeiro.
Claro que ele tem alguns exageros e até umas partes bem ridículas (aquela das fotos do Lincoln antes de ser assassinado e da sombra do avião no WTC é de dar vergonha alheia dos realizadores) e zero de originalidade de roteiro (tirando as mortes) e a forçada de barra em diversas situações assim como a insistente tentativa em linkar os acontecimento usando o infortúnio dos personagens dos dois filmes anteriores, mas, hey, quem disse que isso é um filme para se pensar?
Premonição 3 é divertido, trípico filme pipoca hollywoodiano, que segue uma fórmula que funcionou, não se leva a sério (como Premonição até tentou, e esse foi uma de suas grandes derrapadas, sendo que a partir do segundo fica muito claro o caminho da franquia) cumpre seu propósito de entretenimento fugaz, para se curtir sem compromisso e dar risada das peripécias da dona morte e seus planos típicos do Cebolinha ou do Willie Coyote.
Livro da DarkSide Books sobre os bastidores da criação de Sexta-Feira 13 traz tudo que os fãs do primeiro filme queriam saber, mas tinham medo de perguntar
A Coleção Dissecando, série da Editora DarkSide Books, é um deleite para os fãs do horror, pois ela traz livros que contam os bastidores de todo o processo de criação de famosos filmes de terror, além de informações, entrevistas e todo um material gráfico interessantíssimo.
A caveira já colocou nas prateleiras (e na nossa cabeceira) os making of literários de O Massacre da Serra Elétrica e A Morte do Demônio – inclusive lançando ambos juntos em uma edição dupla aos moldes das antigas fitas VHS. O último volume da coleção foi Sexta-Feira 13 [Arquivos de Crystal Lake], de David Grove, que narra como Sean S. Cunningham e cia limitada deram vida ao filme que mudaria a cara do cinema slasher para sempre (e do terror como cultura pop em si).
Não vou negar a ninguém que Sexta-Feira 13 é minha cinesérie favorita e eu era fã de carteirinha de Jason Voorhees. Apesar do livro não compreender toda a franquia, apenas o primeiro filme, onde nosso assassino mascarado deu as caras apenas como um garoto deformado saído do lago Crystal para puxar a heroína Alice, personagem de Adrienne King, é inegável o quanto a leitura prende os fãs, e principalmente, traz detalhes interessantíssimos sobre o modus operandi de sua realização cinematográfica como filme independente de horror (mesmo distribuído pela Paramount Pictures depois).
A narrativa entrecortada em fatos, dados e entrevistas com os realizadores, traz desde o desespero controlado de Cunningham em tentar salvar sua carreira, ao mesmo tempo em que lutava contra o estigma de diretor de filmes de terror de baixo orçamento; a batalha por conseguir grana dos donos da produtora e de uma rede de cinemas americanos, que não passavam de um bando de mafiosos; a relação vivaz entre o jovem elenco de desconhecidos, entre eles um novato Kevin Bacon; a escolha aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo por Betsy Palmer como Pamela Voorhees – uma vez que muitas outras velhas atrizes de psycho biddy haviam sido sondadas para o papel – que só topou pois precisava pagar o conserto de seu carro; a importância da maquiagem de Tom Savini para o sucesso do longa; e como surgiu a ideia da última cena, a fatídica pulada de Jason da água, pitaco dos produtores/investidores, inspirada pelo choque final de Carrie – A Estranha, de Ridley Scott.
Todos esses causos são divididos em 11 capítulos, que trazem desde a pré-produção, busca por captação de recursos, uma breve pincelada pela carreira de Cunningham e as quatro semanas de filmagens no acampamento No-Be-Bo-Sco, em Blairstown, Nova Jersey, emulando o que seria o famoso Acampamento Crystal Lake. Tudo isso trazendo recordações de pessoas ligadas a produção em todas as esferas de desenvolvimento.
O prefácio é de ninguém menos que Savini, considerado – até entre eles – o verdadeiro responsável pelo sucesso de Sexta-Feira 13 e de elevar o nível de realismo gráfico das maquiagens do cinema de terror, com total liberdade para suas experimentações em efeitos práticos, trazendo toda sua bagagem da época em que trabalhava no exército e ter acabado de fazer o FX de Despertar dos Mortos, de George A Romero. O livro traz o extenso processo de criação das cenas de assassinato e dos protéticos, principalmente como fora realizada a fatídica sequência em que o pescoço de Kevin Bacon é trespassado por uma flecha.
Há até uma parte dedicada às influências de Cunningham para a criação de Sexta-Feira 13, que passam de Noite de Terror de Bob Clark até, claro, Halloween – A Noite do Terror, de John Carpenter e a polêmica sobre o longa ter inúmeras, hã, semelhanças com A Mansão da Morte de Mario Bava, e uma possível solução para esse causo. Outro ponto interessante foi um imbróglio com relação ao título do filme, por conta de outra produção de mesmo nome sendo rodada simultaneamente, e a tacada de mestre em registrá-lo antes e já produzir o famoso logo do vidro quebrando, sequer sem o roteiro pronto, e anuncia-lo na Variety para chamar a atenção do mercado.
Sexta-Feira 13 [Arquivos de Crystal Lake] é aquele tipo de leitura envolvente, informativa, imprescindível para os fãs do icônico longa e do eterno Jason (com uma edição limitada em capa dura emulando sua máscara de hóquei que é sensacional), com aquele tratamento impecável que só a DarkSide Books é capaz.
Ficha técnica:
David Grove – Sexta-Feira 13 [Arquivos de Crystal Lake] – 2013 Tradução: João Marques de Almeira Lançamento no Brasil – 2015 Editora DarKside Books
Novelização do seminal filme de George A Romero e roteiro inédito da continuação que nunca saiu marcam presença na dobradinha de John Russo pela DarkSide Books
Eu tenho para mim a opinião que o mais importante filme de terror de todos os tempos, responsável por dar origem ao horror moderno, é A Noite dos Mortos-Vivosde George A. Romero. Influenciou toda uma geração de cineastas, tanto americanos quanto europeus, criou o conceito dos zumbis comedores de carne humana, as regras para abatê-los e os tornou parte da cultura pop, mudou radicalmente a linguagem dos filmes de terror (tomado pela estética gótica durante a década de 60) e deu um empurrãozinho na violência gráfica levada às telas.
Coescrito por John Russo e Romero, a ideia dos dois jovens era criar um filme de terror completamente diferente do que eles viam na adolescência deles nos anos 50, que eram sempre parecidos e geralmente traziam insetos gigantes como ameaças em um roteiro que seguia sempre a mesma fórmula prosaica. Isso são as próprias palavras de Russo, retiradas do prefácio de A Noite dos Mortos-Vivos e A Volta dos Mortos-Vivos, novelização do roteiro de sua própria autoria, lançado há um tempinho em edição simples e limitada de capa dura, pela DarkSide Books.
Quem já assistiu ao filme conhece toda a força política e social por trás daquela metáfora travestida de cadáveres canibais ambulantes. Russo coloca nas páginas esse mesmo contexto crítico subentendido, tratando o zumbi como um fenômeno de alienação social, ousando em trazer um protagonista negro, Ben, em um período inflamado de tensão racial logo após a morte do ativista Martin Luther King, e a luta de sobrevivência orquestrada por pessoas díspares encurraladas durante toda a noite em uma fazendo isolado no interior de Pittsburgh, cidade natal da dupla de idealizadores.
Um subtexto que é utilizado hoje até exaustão, em séries como The Walking Dead e todos os grandes (e pequenos) filmes do gênero, é o como a verdadeira face do ser humano se mostra em situações limites como essa, e que nós, somos sempre MUITO piores que nossas contrapartes zumbificadas. Toda a verdadeira tensão que envolve A Noite dos Mortos-Vivos é calcada exatamente nesse expediente, explorado de forma muito mais pungente e próxima nas páginas do livro, trazendo nuances que ficaram de fora do longa, até pela diferença de mídia e tamanho da metragem de um filme, torando a experiência mais completa.
A Noite dos Mortos-Vivos é uma leitura bem fácil de ser digerida, com um ritmo bem cinematográfico, e impossível desassociar mentalmente as figuras dos atores que interpretaram os personagens principais, assim como o desenrolar dos eventos captados pelas lentes de Romero.
Até por conta disso, o bônus que a editora carioca publicou junto a novelização que é a verdadeira cereja do bolo dessa edição: A Volta dos Mortos-Vivos. O próprio encarte do livro diz para não confundirmos como o clássico trash dos anos 80, aquele do Tarman falando MIOOOOOLOS, um dos melhores e mais divertidos filmes de zumbi já feitos, que por sinal, tem também o roteiro de Russo.
A história por trás do imbróglio é que com o sucesso de A Noite dos Mortos-Vivos, e a perda de grana federal por um erro crasso e burocrático que tornou o longa de domínio público e Romero e Russo nunca terem conseguido colocar direito as mãos nas verdinhas da distribuição e exibição mundo a fora, o roteiro de uma sequência foi planejada pelo escritor, mas que nunca conseguiu sair de sua tumba. Romero desistiu da trama e se concentrou anos mais tarde em trazer à vida (tá, eu paro com essas metáforas) sua obra-prima, Despertar dos Mortos, com roteiro próprio, descartando completamente o texto de Russo.
Como essa continuação direta nunca aconteceu e rolou desavenças entre ele e Romero por conta disso, Russo resolveu criar seu próprio filme de zumbis e ofereceu ao produtor Tom Fox, que topou produzi-lo, repassando para Dan O’Bannon dirigi-lo, o cara que escrevera Dark Star de John Carpenter e Alien – O Oitavo Passageiro de Ridley Scott, que por fim, acabou reescrevendo-o, no intuito de transformá-lo em sua homenagem a Romero. Russo deve ter ficado feliz pacas.
Pois bem, esse roteiro inédito também fora novelizado e confesso ser muito mais interessante a leitura, por se tratar de uma trama inédita, que de A Noite dos Mortos-Vivos. Ele se passa muitos anos depois dos acontecidos da história anterior, quando o surto zumbi fora controlado e parecia ter se extinguido para sempre da face da Terra, até que um acidente envolvendo um ônibus serviu como gatilho para uma nova infecção zumbi e o começo de uma nova hecatombe nos EUA rural, trazendo de forma bem sombria a batalha pela sobrevivência, criando empatia por personagens principais – que muito antes de George R. R. Martin tornar moda – são mortos pelo escritor em reviravoltas de roteiro, e mais uma vez, joga luz ao pior do comportamento humano em detrimentos dos que deveria ser a principal ameaça.
Tanto A Noite quanto A Volta, ambos de leitura nada rebuscada e bem fluída, mantém alta dose de suspense e adrenalina constante, prendendo a atenção do leitor, e acerta por nunca partir para explicações do porque daqueles seres autômatos sem vida levantaram de seu sono eterno para devorar os vivos e procurar respostas ou um catalizador. O que importa aqui são as relações humanas, as veladas críticas sociais e políticas, o niilismo e a velocidade com que sucumbiríamos a uma ameaça desta natureza e à nossa própria natureza.
2006 / EUA, Canadá / 95 min / Direção: James Gunn / Roteiro: James Gunn / Produção: Paul Brooks, Eric Newman; Jeff Levine (Coprodutor); Jonathan Shore (Produtor Associado); Marc Abraham, Thomas A. Bliss, Scott Niemeyer, Norm Waitt (Produtores Executivos) / Elenco: Nathan Fillion, Gregg Henry, Elizabeth Banks, Michael Hooker, Tania Saulnier, Xantha Radley, Don Thompson
Bom só daí você já consegue sacar o clima de escracho do sci-fi comédia de horror homenagem rasgada aos filmes B do diretor James Gunn, logo após seu sucesso com o roteiro de Madrugada dos Mortose beeeem antes de dirigir Guardiões da Galáxia. Acontece que Gunn é cria da lendária Troma. Ele foi responsável pelo roteiro do impagável Tromeo & Juliet e coautor do livro “All I Need to Know About Filmmaking I Learned from the Toxic Avenger”, biografia de Lloyd Kaufman, criador da produtora que até hoje é o maior celeiro de bagaceira trash do universo.
E quando eu escrevi ali sobre homenagem, ela é em um nível hardcore, cheia de humor ácido e negro, ao melhor estilo Troma, só que com orçamento muito maior e efeitos especiais deveras melhoradas, além da chancela da Universal Pictures por trás (por conta do hit de bilheteria que foi Madrugada dos Mortos). Gunn escreveu Seres Rastejantes pensando em todos os filmes de terror e sci-fi que ele cresceu assistindo e que gosta. E isso é o máximo!
ROLHA DE POÇO!
Talvez a principal de todas elas, e mais óbvia, é A Noite dos Arrepios de Fred Dekker, trazendo a mesma estrutura de lesmas parasitas espaciais que caem na terra, entram dentro da boca das pessoas, instalam-se em seus cérebros e as transformam em zumbis. Mas tem muito mais!
A loja que é batizada de R.J. McCready, nome do personagem de Kurt Russell em O Enigma de Outro Mundo, O Vingador Tóxico passando na televisão, o banner que diz “Hennenlotter’s Saddle Lodge presentes Deer Cheers”, inspirado no diretor Frank Hennelotter, de Basket Case, a meninas lendo “Goosebumps” na cama, a escola que se chama Earl Bassat Hight, por conta do nome do personagem de Fred Ward em O Ataque dos Vermes Malditos, a cena da banheira que lembra A Hora do Pesadelo e claro, o visual transmorfo de Grant que é a cara do Dr. Pretorious em Do Além.
Mas como um filme não vive só de homenagem, o roteiro de Seres Rastejantes é deliciosamente divertido, quando o tal do meteoro cai em uma floresta numa cidadezinha caipira dos EUA, e um dos homens mais ricos da cidade, Grant Grant (papel de Michael Hooker, ótimo!) é infectado por um parasita alienígena que lhe transforma em um compulsivo devorador de carne. Ele quer repovoar a Terra e acasala depositando suas larvas em uma moça incauta, enquanto vai criando tentáculos, uma dupla estrutura fálica que sai do seu peito e sofrendo uma metamorfose em uma criatura disforme.
Relação pegajosa!
Cabe ao recém empossado xerife da cidade, Bill Pardy (vivido por Nathan Fillion) e a ex-esposa de Grant, Starla (Elizabeth Banks), junto do prefeito da cidade, Jack MacReady (Gregg Henry), tentar combater a criatura, impedir que eles destruam toda a vida como fizeram em outros planetas e sobreviver a uma invasão de zumbis infectados por um sem número de, hã, seres rastejantes, expelidos pela moça que se transformou em uma gigantes e escrota bola de carne devoradora de gambás, prenha de milhares daquelas lesmas.
As camadas de Seres Rastejantes vão do humor perspicaz de Gunn, a leveza de um filme pipoca divertido, trilha sonora cuidadosamente planejada (que já parecer ser uma marca registrada do roteirista e diretor, vide a “Awesome Mixtape Vol. 1” de Guardiões da Galáxia), a homenagem ao sci-fi dos 50’s, 80’s e 90’s, ensinamentos darwianos sobre a sobrevivência do mais apto, paródia do estilo de vida redneck, crítica sobre o casamento por fachada, o tratamento da mulher como posse e dos ser humano como carne descartável.
Tudo isso num pacote salutar embrulhado por ótimos efeitos especiais e de maquiagem, capaz de entreter qualquer um, desde os mais rabugentos até o fã mais xiita, colocando Gunn como um dos nomes quentes, criativos, originais e de maior personalidade do cinema fantástico da atualidade, aposta certeira da Marvel e propagador das filosofias do escracho tão bem ensinadas por Lloyd Kauffman.
Livros que deram o pontapé inicial da Coleção Dissecando da DarkSide Books são tão imprescindíveis para os fãs quanto os próprios filmes
Pense em dois dos mais importantes filmes de terror da história. Esse exercício, feito com qualquer fã, cineasta ou estudioso do gênero, com toda certeza contaria com O Massacre da Serra Elétrica, de Tobe Hooper, lançado em 1974, quanto A Morte do Demônio, de Sam Raimi, de 1981, na resposta.
A escolha da editora DarkSide Books ao começar sua Coleção Dissecando, no outono de 2013, em trazer os livros dos bastidores da criação de dois longas tão importantes e seminais, não poderia ser mais acertada. Evil Dead: A Morte do Demônio [Arquivos Mortos], de Bill Warren e O Massacre da Serra Elétrica [Arquivos Sangrentos], de Stefan Jaworzyn são duas leituras obrigatórias para os fãs das franquias e aficionados pelo gênero.
Os dois livros trazem, em informações minuciosas, a vida e a obra dos cineastas responsáveis pela criação dos dois filme de culto, além de entrevistas com os envolvidos e todo tipo de detalhe inerente a pré-produção, as filmagens, pós produção e lançamentos dos filmes, incluindo a recepção de público, crítica e censura. Tudo isso em um acabamento gráfico impecável, com direito a fotos exclusivas, imagens de divulgação, pôsteres e afins.
Evil Dead: A Morte do Demônio [Arquivos Mortos] traz não só como fora desenvolvido o cult de terror independente definitivo, mas uma pesquisa total de Warren, com acesso irrestrito aos arquivos do diretor Sam Raimi e também entrevistas com Robert Tapert e Bruce Campbell, quem deu vida ao eterno anti-herói Ash Williams, trazendo desde a infância do trio nos subúrbios de Michigan, os experimentos em câmeras Super8, a influência das comédias pastelão dos Três Patetas, a decisão de fazer um filme de terror após o sucesso financeiro de Halloween – A Noite do Terrorde John Carpenter, até os perrengues sofridos nas gravações na inóspita cabana no meio da floresta, com grana curtíssima e o uso e abuso da criatividade, tanto de atores – os improvisos e os fake shemps, que depois virou uma marca registrada de Raimi – quanto na parte técnica – como a criação da famosa shakycam, substituta de uma tradicional steadcam, fazendo as vezes de POV da entidade kandariana da floresta, e de maquiagem.
Além de mostrar o nascimento à fórceps de A Morte do Demônio, Warren também narra o surgimento do segundo filme, Uma Noite Alucinante e o terceiro, Uma Noite Alucinante 3, assim como o envolvimento com Dino de Laurentiis, e todos os problemas inerentes a produção e captação de recursos, assim como a própria carreira de Raimi em outros longas e sua relação com os grandes estúdios, e principalmente, os imbróglios com a censura, tanto com o MPAA quanto o BBFC no Reino Unido, e claro, a importância do longa para o cinema de terror splatter e a mistura com comédia e a canonização de Ash como personagem da cultura pop.
Entre o material extra, além das toneladas de fotos, entrevista com o diretor do remake, as notificações dos censores, páginas do roteiro do original e os filmes comentados, cena por cena, pelo próprio Bruce Campbell, parecido com o trabalho que geralmente vemos em DVD e Blu-Ray.
A estrutura de O Massacre da Serra Elétrica [Arquivos Sangrentos] é basicamente a mesma, com a diferença de ser todo escrito em depoimentos e entrevistas com pessoas ligadas a todos os filmes da franquia. Jaworzyn disseca, tal qual o vilão e sua serra elétrica, um dos mais influentes e importantes filmes de terror de todos os tempos, analisando o exaustivo trabalho do diretor Tobe Hooper, do produtor Kim Henkel e sua equipe em trazê-lo a vida, incluindo aí as dificuldades financeiras, o clima hostil das gravações em um Texas escaldante, o quanto existe de real na influência de Ed Gein na criação do famoso movie maniac, o processo exaustivo de montagem do filme na sala de edição, e os problemas futuros com a distribuidora do longa, sendo obrigados a lutar na justiça contra um bando de gangsteres exibidores do meio pornô que maquiavam números, para receber o dinheiro de bilheteria que lhes era de direito.
Ainda de forma extensa, mas não tanto quanto a criação do original, o escritor também conversa com pessoas ligadas aos demais filmes da franquia, inclusive o “pacto dom diabo” de Hooper com Golan e Globus, os donos da infame Cannon Pictures, que resultou no controverso O Massacre da Serra Elétrica 2 e as também malfadas partes 3 e 4, incluindo aí os pitacos da New Line no roteiro do terceiro filme e as mudanças dos engravatados de última hora, e os problemas com o lançamento de O Massacre de Serra Elétrica – O Retorno nos cinemas, envolvendo estúdio e os advogados de Matthew McCounaghey e Renée Zellweger a ponto de virarem grandes astros de Hollywood. E claro, a refilmagem e seu prequel comandados por Michael Bay, Andrew Form e Brad Fuller.
Para os verdadeiros fãs de O Massacre da Serra Elétrica, o livro é ouro puro, também trazendo diversas fotos e imagens exclusivas, resenhas dos críticos que odiaram e amaram, os vereditos dos censores (principalmente no Reino Unido e a campanha contra o longa considerado tão de mal gosto quanto pornografia), a recepção de público e crítica, biografia de diretores, roteiristas, produtores e elenco, e tudo que faz os leitores babarem em cima das páginas. E mais importante, o prefácio é de Gunnar Hansen, o Leatherface original, morto em novembro de 2015, o que dá um aspecto saudosista ainda maior para a obra.
Os dois livros foram lançados tanto em edições simples como edições limitadas de capa dura, naquele tratamento impecável da editora da caveira, e em um box exclusivo, também limitado, lindíssimo, simulando uma fita VHS das próprias distribuidoras que colocaram os filmes nas prateleiras das locadoras brasileiras. Simplesmente um item insubstituível para qualquer coleção sobre cinema e o gênero, assim como os próprios filmes.
Inspirado em um subgênero que já foi extraído até o bagaço, nova série é típico enlatado televisivo que te faz jogar a toalha logo no piloto
Louvável toda e qualquer iniciativa que enxerte uma nova série de terror na grade semanal televisiva, para que os fãs tenham outras opções para acompanhar seu gênero favorito na telinha. Exceto se essa iniciativa for algo do nível de Slasher.
A nova série do canal Chiller, que estreou na gringa na semana passada, foi desenvolvida por Aaron Martin, ilustre desconhecido que em seu currículo, vejam só, não tem NENHUM outro trabalho ligado ao terror, pelo menos de relevância. Tudo bem vai, isso não é motivo real para julgar o cara. O lance é que Slasher parece um retalho de fórmulas e clichês usados à exaustão, tanto em séries de televisão quanto no cinema. E olhe que o subgênero de assassinos mascarados já foi espremido até o bagaço, então sabíamos que dificilmente algo inovador viria por aí. Mas fazer algo tão insosso, daí já é bem do desnecessário.
Slasher figura como uma mistura de todo tipo de enlatado dramático televisivo já visto, com elementos de procedural, alguma dose de violência, e uma trama das mais bobas que envolve assassinatos de cunho religioso, contando com um time de atores nada inspirados no automático, vivendo personagens que causam empatia zero do público, assim como um assassino, apelidado de Executor, que é um poço de falta de originalidade, e você torce por ele só porque não te resta muita escolha e para que todos sejam mortos da forma mais rápida possível e a série acabe logo no segundo episódio, que é o máximo que eu conseguirei assistir – só porque foi um episódio duplo – já jogando a toalha de antemão.
Carrasco das boas e originais ideias
E o pior é que o piloto começa realmente promissor. No Halloween de 1988, o tal Executor, vestido como um carrasco da idade média, de longa vestimenta de couro preta e máscara pontuda, munido de uma machete, invade a casa dos Ingram e mata o casal a sangue frio, sendo que Rachel (Alysa King) estava grávida de nove meses e o bebê fora arrancado de seu ventre depois da vida lhe ser ceifada. A polícia chega ao local e encontra um jovem Tom Winston embalando a criança na cadeira de ninar, orgulhoso de seu feito.
Elipse temporal, dias atuais, e o bebê agora é a galerista Sarah Bennett (Katie McGrath – péssima), casada com o jornalista Dylan (Brandon Jay McLaren – casal mais sem química ever) que volta para sua cidade natal, a fim de morar na mesma casa onde os pais foram assassinados e tentar começar uma nova vida no subúrbio, junto de todo tipo de morador estereotipado que poderia ser criado pela cabeça de um roteirista. Mas é óbvio que de repente o Executor voltará a fazer suas vítimas por aquelas bandas.
Mas não é o mesmo Tom Wiston (Patrick Garrow – o mais sem graça psicopata já visto nas telas), e sim um copycat, uma vez que o mesmo ainda cumpre a pena por prisão perpétua. Para tentar descobrir quem é o assassino e suas motivações, ligadas a vinganças bíblicas e os sete pecados capitais (ORIGINAL PACAS) e o mais importante, informações sobre o obscuro passado de seus pais, Sarah irá se tornar quase uma BFF de Wiston, que lhe ajudará fornecendo dados vitais em sua investigação, em uma dinâmica à la Clarice Starling e Hannibal Lecter das mais mambembes possíveis.
Casal 20 (- 20)
Ao que tudo indica, serão oito longos episódios focados no melhor estilo whodunit, para rolar a descoberta da identidade do assassino, só que tudo de forma plastificada, com uma estética preguiçosa de seriado série B feito para TV (mais ou menos o mesmo mal que acometeu Damien, pelo menos em seu piloto), com uma pobreza de espírito sem tamanho, personagens com apelo dramático zero e nada críveis e uma trama que não consegue te impactar e prender, o que pelo menos para mim, em um universo de seriados televisivos em que a oferta e a procura é na casa das dezenas, te faz abandoná-lo logo no começo com se fosse um relacionamento descartável e sem futuro, ainda mais nesse velho formato de exibição de um episódio por semana, em que é necessário tempo, paciência e fidelidade.
Mas, como vivemos em um mundo alienado e de diminuta expectativa em que tem gente que não gosta de A Bruxa e sai xingando nas redes sociais, bem capaz de uma série como Slasher fazer um baita sucesso – já que ultimamente muito do gênero vem sendo nivelado por baixo – e render aí ótima recepção do público e uma possível renovação de temporada, também dando ao Sr. Aaron Martin algum status quo no meio que o fará se aventurar talvez em outras searas horroríficas no futuro. Arrisco-me a dizer que ela foi feita milimetricamente pensada para abocanhar o público do mid season de Pânico enquanto não estreia a segunda temporada.
Slasher pode melhor? Pode, mas acho bem difícil, principalmente quando uma série não te pega de jeito (ui!) logo em seu piloto e não melhora em nada no segundo episódio. Mas para quem gosta da pasteurização de um subgênero tão batido quanto o nome que a série batiza, e não quer nada mais que entretenimento pobre e barato, pode até ser uma boa pedida, vai saber…
Uber-violento thriller de horror de Jeremy Saulnier é uma das apostas do ano!
Green Room, do diretor Jeremy Saulnier é um daqueles filmes aguardadíssimos do ano, uma das apostar do 101HM, e acabou de ganhar mais um trailer.
O thriller de horror uber-violento traz Patrick Stewart (sim, ele mesmo, o Professor X/ Capitão Picard) como um demente neo-nazista dono de um nightclub que faz de refém os integrantes de uma jovem banda de punk rock que presenciaram um assassinato no backstage e precisaram lutar por suas vidas.
Com estreia marcada para o dia 15 de abril nos EUA, e sem nenhuma previsão aqui no Brasil, o filme traz no elenco, além do elogiadíssimo Stewart, Anton Yelchin, Imogen Poots, Alia Shawkat, Joe Cole, Callum Turner, Mark Webber, Eric Edelstein, Macon Blair e Kai Lennox.
Trama terá a volta de Jamie Lee Curtis e se passará em um hospital, homenagem ao segundo filme da série Halloween
Para quem gostou, aí vão novidades que são um prato cheio: A Variety revelou algumas importantes informações sobre a segunda temporada da série slasher satírica Scream Queens, exibidas na FOX, estrelada por Jamie Lee Curtis, e criada por Ryan Murphy, Brad Falchuck e Ian Brennan.
Em um painel realizado no 2016 PaleyFest, Curtis confirmou que os atores Billie Lourd, Abigail Breslin, Emma Roberts, Keke Palmer, Lea Michele e Niecy Nash farão parte do elenco da segunda temporada.
Além disso, a trama se passará em um hospital, como uma homenagem a Halloween 2 – O Pesadelo Continua, onde a atriz viveu pela segunda vez o papel de Laurie Strode. O local será administrado por Dean Cathy Munsch, papel de Curtis, ex-reitora da universidade da primeira temporada, que adquiriu status e fama após abolir a fraternidade e viajado pelo mundo em busca de uma nova missão.
Alguém aí está ansioso para essa nova temporada?
Grito de pavor da volta dessa série para uma nova temporada!
E com produção da The Asylum para lançamento no canal SyFy. Pense…
Quando você pensa que a produtora mais picareta da história, a The Asylum não pode se superar… BOOM! Vem aí um filme de zumbi dos Backstreet Boys e do N’Sync…
Nick Carter, membro da famosa boy band dos anos 90, é o homem por trás de Dead 7, um terror/western pós-apocalíptico com um bando de pistoleiros que precisa livrar uma cidadezinha de uma hecatombe zumbi.
Além de Carter, Howie D e A.J. McLean, também membros dos Backstreet Boys, estão no elenco, ao lado dos parças do N’Sync, Chris Kirkpatrick e Joey Fatone.
Vale salientar novamente que o filme será produzido pela The Asylum, que acreditou no projeto que fracassou em uma campanha de financiamento coletivo, e deverá ser exibido no canal SyFy no meio do ano. Cuide-se Sharknado.
2006 / EUA, Alemanha Canadá / 105 min / Direção: David R. Ellis / Roteiro: John Heffernan, Sebastian Gutierrez / Produção: Craig Berenson, Don Granger, Gary Levinsohn; Tawny Ellis, Heather Meehan; Jeff Katz (Produtor Associado); Stokely Chaffin, Toby Emmerich, Penney Finkelman Cox, Justis Greene, Sandra Rabins, George Waud (Produtores Executivos) / Elenco: Samuel L. Jackson, Julianna Margulies, Nathan Phillips, Rachel Blanchard, Flex Alexander, Kenan Thompson, Keith Dallas, Lin Shaye
“I’ve had it with these motherfucking snakes on this motherfucking plane” Flynn, Neville.
A emblemática frase proferida pelo agente do FBI vivido por Samuel L. Jackson resume o espírito de Serpentes à Bordo, e por diabos, é uma das frases mais DA HORA de toda a história da sétima arte (tal qual o próprio ator e seu personagem).
Resume por todo o furor causado no filme antes dele ser lançado, todas as histórias de bastidores, a movimentação massiva na Internet que conseguiu até fazer com que a New Line Cinema alterasse o andamento do longa para agradar os fãs, e claro, a galhofa sem tamanho e o clima acertadíssimo de não se levar a sério em nenhum segundo, figurando como um dos mais divertidos, deliciosos e canastrões filmes da história.
Os causos por trás de Serpentes à Bordo são tão, ou mais, incríveis que o próprio filme. Começa que nascer de forma mais picareta, seria impossível. Em um happy hour de alguns engravatados de Hollywood, entre uma cerveja e um tremoço, eles discutiam qual deles inventaria a pior trama para um filme, e eis que Craig Benson, produtor que trabalhava para a Dream Works no momento, apareceu com a ideia de cobras dentro de um avião, inspirado em um longa chamado Venom, que é ruim para diabo. O resto é história.
Motherfucker snakes on the motherfucker plane
A ideia miraculosamente passou dentro da New Line, o roteiro foi escrito por John Heffernan e Sebastian Gutierrez, baseado numa história do próprio Heffernan e de David Dalessandro, e Ronny Yu (ARGH!) foi escolhido como diretor, mas depois, por “diferenças criativas”, deixou a cadeira para David R. Ellis, nome em ascensão dentro do estúdio, que reescreveu a obra prima. Daí como ele chegou às mãos de Samuel L. jackson é outro causo impressionante.
Reza a lenda, o agente de Jackson insistiu para que o título do filme fosse alterado porque o ator não poderia trabalhar em um longa com um nome tão TOSCO quanto Serpentes à Bordo. Quando Jackson descobriu isso, ele respondeu com o já famoso comentário, que entrou para os anais da história de Hollywood: “Nós totalmente mudamos o título de volta. Essa é a única razão pela qual eu aceitei o trabalho: EU LI O TÍTULO”. É um reallycool motherfucker ou não?
Pois bem, o ator também deu seus pitacos na hora de reescrever o roteiro, e antes de ser finalizado, Serpentes à Bordo já era um hit na Internet e nos fóruns de discussão! Até uma paródia do filme havia sido feita, e que continha a célebre fala de Jackson. Foi a primeira vez na história que um grande estúdio ouviu o clamor de um bando de fãs geeks desocupados e fez diversas alterações simplesmente para agradá-los e entregar o icônico longa que eles queriam ver nas telas de cinema!
Aperte sua cobra de segurança
Isso inclui até cinco dias de refilmagens para que o filme, que tinha levado uma água com açúcar classificação PG-13, tomasse uma classificação R, incluindo aí, claro, mais sangue, violência e nudez. Entre essas adições, entrou o momento auge do “I’ve had it with these motherfucking snakes on this motherfucking plane”.
Ah, a trama né? Sean Jones (Nathan Phillips) está no Havaí praticando motorcross quando é testemunha do assassinato de um importante promotor de Los Angeles que tentava prender o perigoso mafioso Eddie Kim. Ele é convencido pelo agente do FBI, Neville Flynn (Jackson) a testemunhar contra o malfeitor e se encarrega de protegê-lo no voo de volta ao continente. A forma – brilhante, diga-se de passagem – de Kim tentar matar o sujeito, e se derrubar o voo de lambuja não terá nenhum problema, é encher o avião de cobras peçonhentas que, estimuladas por um feromônio, passaram a atacar todos os passageiros (entre eles, o Kenan Thompson de Kenan e Kel) e tripulação.
Serpentes à Bordo é genial. Sem mais! Típico do filme tosco que diverte horrores, cafona até dizer chega, lotado de clichês e autoparódia, cobras em CGI das bem vagabundas (a cena da sucuri contorcendo e comendo um dos passageiros é ridícula) e com Samuel L. Jackson sendo Samuel L. Jackson, fazendo o que faz de melhor. E claro, ajudado a sair do forno com todo amor e carinhos pelos fãs. E ah, tem aquele clipe tosquíssimo no final que sacaneia todos os gêneros musicais que faziam sucesso naqueles meados dos anos 2000, do pop, ao emo, ao hip hop, como a cereja do bolo. E que não é chuchu, nesse caso!
Longa que será lançado este ano traz a última performance de Angus Scrimm, o Tall Man, morto no começo deste ano
Em recente entrevista para o Shock Till You Drop, por conta da exibição de seu clássico Fantasma, restaurado em 4K pelas mãos de J.J. Abrams e exibido no festival SXSW, em Austin, Don Coscarelli falou um pouco sobre o próximo capítulo da saga, Phantasm: Ravager, que tem previsão de lançamento neste ano de 2016, filme póstumo de Angus Scrimm, morto no começo do ano, que viverá pela última vez o icônico vilão Tall Man.
Teremos boas notícias em breve sobre o seu lançamento. O filme está finalizado e é incrível. Eu não o dirigi, quem ficou com a direção foi David Hartman, quem fez os efeitos especiais de John Morre no Final. Ele é um excelente diretor. Eu acho que é um adorável tributo a Angus Scrimm em sua performance final. Foi filmado quando ele ainda estava com a saúde boa, e isso é ótimo. Eu sei que os fãs ficarão tão feliz em vê-lo vestido naquelas botas pretas uma última vez. Reggie [Reggie Banister, ator do original] está de volta e ele chuta bundas! Ele está com sua espingarda trabalhando e, fiel a fórmula Fantasma, há uma garota que ele conhece e você sabe que não vai acabar bem para ela. David realmente focou no núcleo daqueles personagens que todo mundo gosta. Eu também acho que a trilha sonora de Phantasm: Ravager é absolutamente incrível! São os mesmos temas do original e foram escritos por Chris Stone que trabalhou nas partes 2, 3 e 4. É muito agitado e movimentado e não posso esperar para mostrar para vocês.
Fãs da série Fantasma, de Coscarelli e do saudoso Tall Man, fiquem ligados aqui no 101HM para novidades!
2006 / Canadá, França, Japão / 125 min / Direção: Christophe Gans / Roteiro: Roger Avary / Produção: Don Carmody, Samuel Hadida; Victor Hadida, Andrew Mason, Akira Yamaoka (Produtores Executivos) / Elenco: Radha Mitchell, Sean Bean, Laurie Holden, Deborah Kara Unger, Kim Coates, Tanya Allen, Alice Krige, Jodelle Ferland
Se existe UM único filme baseado em um jogo de videogame que realmente ficou bom, mesmo com sua liberdade poética, é Terror em Silent Hill (se não contarmos Street Fighter com Van Damme – BRINKS!).
Ainda mais se formos levar em consideração filmes inspirados por survival horror/ games de terror, onde temos a porcaria imensurável da série Resident Evil com a Mila Jovovich como “maior exemplo”, e mais outras tralhas do nível de Doom ou House of the Dead, Alone in the Dark e BloodRayne, todos do excelentíssimo Sr. Uwe Boll, Terror em Silent Hill é tipo Cidadão Kane.
Apesar da alteração na trama, nomes dos personagens e tudo mais, a adaptação do famoso jogo da Konami (que já é uma grande homenagem/referência a uma cacetada de filmes e obras literárias do terror e fantástico) tem como seu maior mérito o francês Christophe Gans na direção. Gans é um sujeito realmente apaixonado pelo game, e lutou durante cinco anos para conseguir os direitos da produtora de jogos eletrônicos para leva-lo as telas. Só conseguiu após enviar para a Konami um vídeo com uma entrevista descrevendo como Silent Hill era importante para ele, além de cenas que filmou, pagando do próprio bolso, com as músicas do jogo sobrepostas.
Essa paixão e esmero são vistas em todos os detalhes de Terror em Silent Hill, tanto na direção, quanto no design de produção, figurino, e preocupação estética em manter-se fiel, apesar de liberdades criativas (acertadas a meu ver, principalmente na questão de trocar um personagem masculino em busca da filha desaparecida pela Rose Da Silva de Radha Mitchell) ao tom da franquia de videojogo, sua atmosfera e suas minúcias mais importantes.
Olááááááá, enfermeiras!
Isso porque o fã verá, ou melhor, ouvirá em tela toda a trilha sonora utilizada (incluindo aí algumas faixas de Silent Hill 3) no jogo, além dos principais detalhes que contribuíram para seu sucesso e fazem parte do cânone, como o choque entre as duas dimensões da cidade fantasma amaldiçoada, a cinza que cai constantemente por conta de um suposto incêndio sem fim em seu subterrâneo que destruiu a cidade e matou praticamente todos seus moradores, a sirene que anuncia o choque com essa realidade paralela sobrenatural e até o celular que substitui o rádio que, por meio de estática, anuncia a aproximação das criaturas bizarras ali residentes.
Aliás, as criaturas também são outro ponto alto do filme, assim como no jogo. Claro, algumas construídas em CGI transparecem bem o aspecto de game, não poderia ser diferente, mas o impacto visual da presença do Cabeça de Pirâmide, interpretado por Roberto Campanella – que também faz outras pontas no filme – e das enfermeiras, todas interpretadas por dançarinas para dar uma impressão fidedigna na flexibilidade em seus movimentos perturbadores, é para agradar os fãs em cheio, já que são dois dos mais emblemáticos – conhecidos e reconhecíveis também – vilões dos consoles.
O roteiro de Roger Avary (o cara que escreveu Pulp Fiction), como disse lá em cima, trouxe mudanças substâncias para aquele que jogou Silent Hill no saudoso PlayStation, apesar de manter a premissa básica. Rose resolve levar a filha adotada com distúrbios mentais, Sharon (Jodelle Ferland – Cheryl, no jogo) para a cidade de Silent Hill, que a acompanha em seus pesadelos e ataques de sonambulismo, mesmo a revelia de seu marido, Christopher (Sean Bean, que MILAGROSAMENTE NÃO MORRE NO FILME), para tentar encontrar uma cura e entender o que está se passando com a menina. Ela sofre um acidente de carro fugindo da perseguição da policial Cybil Bennett (Laurie Holden) e acorda presa na cidade lúgubre e cinzenta, com a filha desaparecida.
Rose então tentará sobreviver ao verdadeiro inferno que o lugar se transformou e enfrentar suas criaturas malignas, contando com a ajuda da policial Bennett, onde ao mesmo tempo começa a descobrir o obscuro passado do local, incluindo aí uma extremista seita religiosa, e de sua filha adotada, que tem uma ligação muito próxima com Alessa Gillespie, menina idêntica a Sharon, e uma ligação com o sobrenatural e bruxaria que ela nem imagina.
Pirâmide e as baratas
Ainda há uma trama paralela com o personagem de Bean tentando encontrar a mulher, ajudado, pero no mucho, pelo policial Thomas Gucci (Kim Coates), também enxertados na história para dar outra dinâmica ao filme e não ficar restrito apenas aos acontecimentos dentro de Silent Hill e mostrar a dinâmica de sua localização paralela ao nosso mundo real. Recurso narrativo necessário, e também, imposição do estúdio, uma vez que o primeiro rascunho do roteiro enviado não continha nenhum personagem masculino, e, bem, sabem como é…
Outro detalhe bem interessante para os fãs dos games – além de todos os já citados – é a mecânica de survival horror que ele imprime, mesmo claro, que com toda a grandiloquência do cinema e a estrutura e mídia completamente diferente, onde a heroína terá que olhar as linhas das estações de ônibus para se localizar, memorizar o caminho de um mapa enorme na cabeça (uma vez que ela não tem a opção de apertar o SELECT), explorar o local para encontrar lanternas em gavetas, decifrar alguns puzzles e usar armas de fogo e barras de ferro para se proteger. Isso eleva o nível de Terror em Silent Hill em grandeza, algo que nenhum outro filme baseado em game fez.
Terror em Silent Hill alcançou um status, pelo menos para mim, ainda inigualável, desbravando um terreno completamente fértil onde nenhum outro filme conseguiu chegar, provando que sim, dá para fazer uma adaptação incrível para o cinema de um game de terror, bem diferente, por exemplo, do desserviço que é Resident Evil. E passado 10 anos de seu lançamento, mesmo com uma sequência infinitamente inferior lançada em 2012, fica aí a esperança que outros jogos de horror, como Forbidden Siren, Dead Space, The Evil Whithin e Bloodborne, possam ganhar vida nas telonas, trazidos por pessoas tão apaixonadas como Christophe Gans, pois potencial, eles têm de sobra!