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Channel: Marcos Brolia – 101 Horror Movies
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793 – A Mesa de Jantar de Noriko (2005)

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Noriko no shokutaku / Noriko’s Dinner Table

2005 / Japão / 159 min / Direção: Shion Sono / Roteiro: Shion Sono / Produção: Takeshi Suzuki; Yutaka Morohashi (Produtor Executivo) / Elenco: Kazue Fukiishi, Tsugumi, Yuriko Yoshitaka, Shirô Namiki, Sanae Miyata, Yôko Mitsuya


Em 2001, o diretor e roteirista Shion Sono nos brindou com sua visão crítica cinematográfica sobre o suicídio no Japão, a individualidade perante o coletivo, as relações familiares e a dependência dos adolescentes pela Internet em O Pacto. Quatro anos mais tarde, ele retorna a esse universo em A Mesa de Jantar de Noriko, segundo filme de uma planejada trilogia que não aconteceu.

O longa não é nem um prequel e nem uma sequência propriamente dita, mas sim coexiste no mesmo universo do seu filme anterior – presente, passado e futuro – envolvendo alguns acontecimentos paralelos, como o fatídico suicídio de 54 jovens em uma estação de metrô de Tóquio. Mas aviso logo no segundo parágrafo que A Mesa de Jantar de Noriko é um dramalhão, muito distante da explosão gore e de humor negro de O Pacto, tratando-se muito mais de um estudo de caso dos desvios psicológicos de seus personagens e claro, da sociedade japonesa. Vai ter gente a rodo falando aqui nos comentários que “não é um filme de terror”, apesar da sequência doentia que leva ao seu final igualmente soco no estômago.

A linha narrativa é dividido entre quatro personagens principais, sendo o elo de ligação de todos eles a tal Noriko do título, uma adolescente que vive em uma pequena cidade costeira japonesa, que não vê lá muito sentido em sua vida, repleta das frustrações da puberdade, e possui um pai distante e egoísta – que lhe priva de ir para Tóquio estudar pois duas de suas primas foram para a capital e voltaram grávidas. A jovem descobre então um chat de Internet e faz várias amigas virtuais e resolve de uma vez por todas fugir de casa e ir para Tóquio, abandonando completamente sua vida anterior e adotando um novo pseudônimo, Mitsuko, fazendo amizade com Kumiko, codinome Ueno Staion 54.

Sim, Ueno Station 54 tem ligação com o suicídio dos estudantes japoneses que se jogaram nos trilhos da dita cuja estação e boa parte da trama se passa exatamente no momento em que aquele surto mostrado em O Pacto acometeu o Japão – porém não é necessário ter assistido ao filme anterior para seu entendimento, pois ele caminha de forma independente e paralela, mesmo com alguns flashbacks. Logo menos, a irmã mais nova de Noriko, Yuka, também resolve seguir os seus passos e acaba fugindo, encontrando a mana e adotando o novo nome de Yoko.

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Garota do calendário

As três então trabalham juntos em uma agência pra lá de bizarra, que fornece serviços de uma nova família para japoneses solitários, podendo fazer papeis de mães, irmãs, filhas, etc. Um grupo intimamente ligado com o tal Circulo do Suicídio, inclusive vendo naqueles que perderam parentes durante a epidemia de suicídio coletivo, clientes em potencial.

O pai de ambas, Tetsuzô, que trabalhava como fotógrafo em um jornal local, após sua vida cair em desgraça com o abandono das filhas e o suicídio da esposa, começa a juntar pistas em uma investigação sobre o paradeiro de Noriko e Yuka, e resolve fazer de tudo para encontra-las, inclusive contando com a ajuda de um amigo que contrata os serviços da agência em busca de uma mãe e duas filhas, para arquitetar esse reencontro, que vai resultar em um final WTF e com uma boa dose de sangue da vez (maior delas, sem contar os footage utilizados do filme anterior – mas vale também lembrar da cena do assassinato de uma das garotas da agência).

A Mesa de Jantar de Noriko é um daqueles típicos filmes xaropes japoneses, e com certeza vai desagradar muita gente, por conta de seu ritmo, de sua metragem longuíssima de 2h49m e pela falta de violência gráfica (exceto nesse reencontro final) e de situações de pavor ou jumpscare, largamente encontrados no J-Horror, por exemplo.

Mas provoca uma reflexão que pega bem pesado na cultura do vazio, do relacionamento humano, o gap entre os pais e seus filhos na sociedade moderna e a futilidade, além de abordar, mais uma vez com perfeição, o individualismo e egoísmo do suicídio como pano de fundo.

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Família Doriana japonesa



Olhos Famintos 3 tem seu primeiro teaser pôster

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Arte foi feita para vendas internacionais do terceiro capítulo da franquia, durante o Festival de Berlim. Victor Salva e Francis Ford Coppola estão de volta.


 

Fãs do Creeper, podem celebrar. Já havíamos noticiado aqui no 101HM que finalmente a esperada terceira parte de Olhos Famintos estava confirmada.

Agora, com financiamento da Myriad Pcitures, que também cuidará das vendas internacionais, a primeira arte do filme pintou no European Film Market que acontece dentro do Festival de Berlim, clicada pelo Bloody Disgusting. A tagline não poderia ser outra: A HORA CHEGOU!

As filmagens de Olhos Famintos 3 começam ainda este ano, em Vancouver, Canadá, e reúne o time criativo por trás dos dois primeiros, o diretor Victor Salva e o produtor Francis Ford Coppola, além de Jonathan Breck que também retorna ao papel do famigerado Creeper e Brandon Smith que irá reprisar o Sargento Davis Tubbs do primeiro filme, juntando-se a uma força-tarefa que está determinada a destruir o monstro durante seus próximos 23 dias de caçada à partes de corpos humanos.

 

 

Agora é só conferir esse primeiro teaser pôster aí embaixo e esperar as novidades, que acompanharemos de perto por aqui.

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794 – Noroi (2005)

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Noroi / Noroi: The Curse

2005 / Japão / 115 min / Direção: Kôji Shiraishi / Roteiro: Kôji Shiraishi, Naoyuki Yokota / Produção: Takachige Ichise (Produtor Executivo) / Elenco: Jin Muraki, Rio Kano, Tomono Kuga. Marika Matsumoto, Angâruzu, Hiroshi Aramata, Satoru Jisunashi


Falei aqui: Noroi é um dos melhores filmes mockumentary já feitos! E isso lá em 2005, muito antes do BOOM do found footage, antes de REC, de Cloverfield – Monstro, de Diários dos Mortos, de Atividade Paranormal e por aí vai, E claro, como um bom filme japonês, é esquisito, climático, psicológico e assustador para diabo (literalmente) com seu terceiro ato acachapante.

A trama, que parece dos mais clichês possíveis, é conduzida de uma forma magistral no estilo “câmera na mão” por Kôji Shiraishi, mostrando um dos pontos altos do cinema de terror asiático antes de sua derrocada brusca. O repórter paranormal investigativo Masafumi Kobayashi (Jin Muraki), que vive em busca de casos sobrenaturais inexplicáveis, resolve fazer gravar em vídeo uma investigação que se inicia com um caso em que uma mãe clama por sua ajuda, onde ela e sua filha escutam sons estranhos e choro vindos da casa vizinha.

O desenrolar desse rebuceteio todo é que essas gravações consistem no último documentário de Koabyashi, que desaparece misteriosamente, deixando esse trabalho “póstumo” posteriormente editado e finalizado – da forma mais sensacionalista (e sensacional) possível, propositalmente – chamado de “A Maldição”, além de ter sua casa incendiada e sua esposa morta. Como diria o sábio: DEU RUIM! Ah, isso nem é spoiler, pois esse fato é narrado logo no começo da exibição do mockumentary.

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De médium e de louco…

O falso vídeo que vamos testemunhando retrata a escalada de acontecimentos sobrenaturais e bizarros que Kobayashi passa a investigar, intercalado com reportagens e gravações de programas de auditório – bem ao melhor estilo caricato japonês – que irá se fixar em um núcleo central de personagens que inclui dois psíquicos (sendo um deles um típico louco de pedra, brilhantemente interpretado por Satoru Jitsunashi – com uma expressão corporal e facial das mais impressionantes), uma garotinha sensitiva e uma atriz/ apresentadora de TV com certa ligação sensitiva.

Cada minuto que passai Noroi te deixa cada vez mais nervoso intrigado com aquele caso, que vai sendo remontado em um quebra-cabeça macabro, até Kobayashi chegar a um antigo vilarejo japonês que foi submerso para a construção de uma barragem, onde pela última vez os habitantes decidem recriar um ritual de expurgo de um demônio chamado Kagutaba (não é Catuaba, esse foi o demônio do Carnaval).

Nem preciso dizer que não deu lá muito certo, que levará o longa até seu terceiro ato desesperador, daqueles que é bem capaz de fazer marmanjo cagar nas calças, pela sua mistura de tensão capaz de cortar o ar com uma faca de rocambole, situações sinistras, excelente atuação dos envolvidos, misturado com a direção de Shiraishi e edição de Nobuyuki Takahashi, ambas precisas até dizer chega, trilha sonora impactante (e coloca efeitos sonoros nessa conta também) e tudo isso com a produção do midas do horror japa, Takashige Ichise (só o mesmo de Ring – O Chamado, Dark Water – Água Negra, Ju-On – O Grito e da hexalogia J-Horror Theatre).

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Chupa, Atividade Paranormal!

Apesar de seguir exatamente a mesma cartilha do found footage, subgênero que já arrancou até o bagaço da laranja, o mais interessante é enxergar Noroi até como um tipo de precursor, lembrando que o pai de todos, A Bruxa de Blair, havia sido lançado seis anos antes, e com um detalhe ímpar que lhe coloca instantaneamente acima de quase todos os exemplos pasteurizados produzido no ocidente: ele é japonês, o que lhe confere o carimbo de assustador, atmosférico e psicológico.

Fora a sensação onipresente de cinema verité, transformando um documentário falso no menos falso possível, mas como se fosse um daqueles episódios de algum programa do History Channel, ou mesmo um Globo Repórter da vida, fazendo com que todos os espectadores que querem ser enganados, sejam de acordo, até pela quantidade de recursos visuais e narrativos utilizados. Talvez o único defeito de Noroi seja a metragem, de quase duas horas, sendo que sempre é esperado um tiro mais curto nos found footage da vida, até pela sua estrutura. Mas isso não diminui a sua densidade e o quanto é quase insuportável assisti-lo (no bom sentido)!

Noroi é uma gema de dois dos subgêneros mais importantes do novo século, menos conhecida que muito de seus irmãos nipônicos do mesmo produtor, mas que merece estar ali exatamente no mesmo patamar. É um convite para o susto e o medo na medida certa, ou no mínimo, uma boa história, com um roteiro intrigante e muito bem amarrado, que mais parece um jogo de videogame ao melhor estilo survivor horror (Forbidden Siren sempre me vinha à cabeça, principalmente por conta dos rituais de sacrifício, do vilarejo, da floresta e tudo mais), ou um episódio dos bons de Arquivo X. É uma ode à angústia, de se assistir um excelente filme de terror esperando seu final pessimista, já sabido, e ainda assim não preparado para o tranco.

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O homem da máscara de capeta


795 – O Pesadelo (2005)

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Boogeyman


2005 / EUA / 89 min / Direção: Stephen Kay / Roteiro: Eric Kripke, Juliet Snowden, Stiles White / Produção: Sam Raimi, Robert Tabert; Eric Kripke, Doug Lefler (Coprodutores); Gary Bryman, Joseph Drake, Steve Haim, Nathan Kahane, Carsten Lorenz (Produtores Executivos) / Elenco: Barry Watson, Emily Deschanel, Skye McCole Bartusiak, Tory Mussett, Andrew Glover, Lucy Lawless, Charles Mesure


Eu vi O Pesadelo pela primeira (e única) vez nos cinemas, quando exibido aqui no Brasil. Lembro que até tinha gosta do filme, uma vez que né, naqueles tempos eram pouquíssimos longas do gênero que chegavam às telas grandes (não que hoje seja diferente, mas pelo menos conseguimos assistir mais filmes que não seja da forma, hã, bíblica, digamos assim) e veio com todo um hype por ser a segunda produção da Ghost House Pictures, de Sam Raimi e Robert Tapert, depois do estouro que fora O Grito.

A máxima de que existem filmes que não passam por uma revisão não poderia se aplicar melhor aqui. O Pesadelo é péssimo, com uma história mequetrefe, um carnaval de clichês, um CGI porco, atuações nada inspiradas e um finalzinho daqueles mais chulés possíveis.

Partindo de uma premissa excelente, um possível exercício de horror psicológico que vai se desenhando até seu terceiro ato, e depois, escorre completamente para o ralo quando o filme atinge seu clímax, principalmente da parte que o tal bicho-papão aparece em carne e osso, estragando completamente qualquer mediana tentativa de um filme razoável que vinha se estabelecendo desde então.

O jovem Timmy teve a desagradável experiência na infância de se deparar com o bicho-papão em seu quarto, que acabou matando seu pai, levando-o para a dimensão que existe dentro do armário onde os bichos-papões vivem. Devem ter parado lá na terra do  Monstros S.A. Enfim, Tim cresceu, e interpretado por Barry Watson, nunca conseguiu superar aquele ocorrido, com todos os psicólogos possíveis AND sua mãe (vivida pela Lucy Lawless) dizendo que o pai havia fugido e nenhum monstro o matara dentro do armário, e agora em sua vida adulta, mesmo tendo um bom emprego e uma namorada de família rica, tem medo do escuro e evita lugares com portas fechadas e maçanetas.

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Não olhe agora!

Com a morte de sua mãe, Tim resolve confrontar os seus medos, para exorcizar de vez os demônios e decide passar uma noite na malfadada casa onde todos os seus problemas começaram. Toda a atmosfera “casa mal-assombrada” até vai se saindo bem, com um direção honesta de Stephen Kay, que utiliza até alguns recursos narrativos bem interessantes, como a mistura de cenas atuais com flashbacks do garoto, e a fotografia bastante escura. Apesar de adorar um jumpscare, tem algumas cenas até bacanas, como quando aparece uma pá de fantasmas de crianças para o herói, com um pezinho ali no J-Horror, Mas, como disse lá em cima, nada se susenta ao seu terceiro ato.

O filme vira uma baboseira tamanha, envolvendo o caso de várias crianças que desapareceram raptadas pelo bicho-papão, e a confusão que se torna quando a dimensão da criatura e a nossa vão se misturando, assim como passado e presente (tem um lance meio Scooby-Doo de perseguição onde as pessoas entram por uma porta de um aposento e saem pela outra), até chegar ao seu final bem vagabundo, quando a forma do mostro é revelada, e na verdade é o boneco que Tim tinha medo quando criança.

Outro argumento interessante, do bicho-papão ser a personificação de nossos piores medos, apesar do clichê, daria um bom caldo, em um filme ou roteiro um pouco melhorzinho (também, Eric Kripke, o roteirista, se baseou em um episódio que o próprio escreveu para a série Supernatural), se transforma em um festival de CGI desnecessário na batalha final, onde bastou apenas ao marmanjo quebrar seu brinquedinho para dar cabo definitivamente da terrível ameaça de anos e anos.

Sério mesmo, não sei como em algum momento, possivelmente obscuro da minha vida, na ingenuidade dos meus 23 anos, eu pude gostar de O Pesadelo. Talvez fosse muito amor por Sam Raimi e Robert Tapert, e suas empreitadas de volta no terror após Homem-Aranha, porque de verdade, não há sequer um argumento que salve esse filme do clichê do susto fácil e dos efeitos especiais exagerados, reservando-lhe a mediocridade em que ele adormece em berço esplêndido. Mas como se não bastasse, fez um razoável sucesso de bilheteria (mais de 67 milhões de dólares contra 20 milhões de orçamento) e acabou gerando mais duas continuações direto para o vídeo (que eu nunca assisti, só para constar).

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Exame de vista

 


Veja o teaser poster do novo Predador!

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Você nunca irá vê-lo se aproximando!


“Aí vamos nós de novo, bro”. Foi com essa mensagem que o Facebook oficial do Predador postou o primeiro teaser pôster no novo filme da franquia do caçador espacial, junto com o suposto nome do longa: The Predator.

Com a tagline “você nunca ira vê-lo se aproximando”, o que podemos supor é que essa imagem é daquele novo filme escrito por Shane Black  (que esteve presente no elenco de O Predador como o soldado Hawkins) e Fred Dekker (sim, ele mesmo de A Noite dos Arrepios e Deu a Louca nos Monstros). Black também está cogitado para dirigir o longa, que possivelmente irá ignorar todas as outras sequências e será uma continuação direta do primeiro filme com o Schwarza.

Confira abaixo o teaser pôster do nosso one ugly motherfucker preferido! Fique ligado no 101HM para as novidades!

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Confira a linha de bonecos de Ash vs. Evil Dead

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A NECA vai deixar a sua coleção de action figures ainda mais groovy!

 


Enquanto estamos no aguardo da segunda temporada de Ash vs. Evil Dead, que chega só no final do ano nos EUA no canal Starz, e já tem até novo elenco e personagens sendo anunciados – enquanto no Brasil, o máximo que você vai ver são alguns frames no comercial de lançamento do novo canal da FOX, mas sem data de estreia – a fabricante de brinquedos NECA anunciou a primeira leva da linha de bonecos baseada na série.

Com lançamento previsto para julho, a coleção terá inicialmente três bonecos, sendo dois do Ash, um com seu uniforme de funcionário da Value Stop, outra à caráter, munido de sua serra acoplada e boomstick (além da opção para trocar por sua mão mecânica) e de Eligos, o demônio controlador da mente, presente em três episódios.

Confira as imagens embaixo e já vá juntando aquela graninha para deixar sua coleção mais groovy!

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796 – Rejeitados Pelo Diabo (2005)

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The Devil’s Rejects


2005 / EUA, Alemanha / 107 min / Direção: Rob Zombie / Roteiro: Rob Zombie / Produção: Mike Elliott, Andy Gould, Marco Mehlitz, Michael Ohoven, Rob Zombie; Brent Morris (Coprodutor); Ali Forman (Produtor Associado); Peter Block, Michael Burns, Guy Oseary, Michael Paseornek, Julie Yorn / Elenco: Sid Haig, Bill Moseley, Sheri Moon Zombie, William Forsythe, Ken Foree, Matthew McGregoy, Leslie Easterbrook


Rejeitados Pelo Diabo é um filme tão FODA, que nem parece que é dirigido pelo Rob Zombie! É a única unanimidade na sua desastrosa carreira cinematográfica, cercada de hype e marra exatamente por ele ser um rockstar, e só por isso deve ter tantos defensores. Aliás, ele funciona exatamente porque o roqueiro metido a diretor preza por, dentro do possível, fazer o simples, sem querer inventar nada além do que seu limite técnico lhe permite.

O grande erro de A Casa dos 1000 Corpos, tirando toda a treta sobre seu lançamento e os cortes, que serve como uma espécie de prelúdio para os acontecimentos de Rejeitados pelo Diabo, é Zombie abusar de recursos narrativos toscos que mais emperram o filme, deixando-o desconexo, chato de dar dó, com emulsões, flashbacks, cenas entrecortadas, edição de videoclipe, que dão um aspecto mambembe e estoura a paciência do espectador, até mesmo por ele ter se achado o máximo fazendo aquilo, e um roteiro bem sem pé nem cabeça.

Em seu segundo filme, parece que Zombie aprendeu com seus erros (mas que parou por aqui, porque Halloween e As Senhoras de Salem não me deixam mentir), e limitou-se a fazer mais uma vez, uma cópia descarada de O Massacre da Serra Elétrica, Aniversário Macabro, Quadrilha de Sádicos e os filmes dos anos 70, mas que dessa vez funciona, é violento, brutal, sujo, demente, escroto (como o personagem de Condado Macabro gosta de frisar), aquela fotografia estourada do deserto, que se suporta nas excelentes atuações de Bill Moseley como Otis e Sid Haig como Capitão Spaulding (Sharon Moon Zombie para variar está péssima, forçada devendo se limitar ao seu trabalho como stripper, e não como atriz, e o tom exageradamente caricato e estereotipado de William Forsythe com aquela sua voz do Batman também).

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Alguém viu o Spawn por aí?

Aliás, tenho imenso prazer em pagar a minha língua e dizer que a sequência final, aquela tocando “Free Bird” do Lynyrd Skynyrd, por diabos, é uma das mais fodas, de uma selvageria poética ímpar, do cinema de terror moderno. E não é só isso não. Rejeitados pelo Diabo tem uma par de cenas tensas, revoltantes e que necessita de estômago, como quando a família Firefly faz seus reféns no motel, ou quando um dos malucos é atropelado por um caminhão e deixa um rastro de sangue e tripas no asfalto quente, ou mesmo, ao final quando descamba para o torture porn quando o delegado prende os três facínoras para sua sessão de sadismo, tortura e vingança particular.

Zombie decidiu deixar de lado a assepsia que sempre toma de assalto o cinema convencional o americano, para entregar uma obra pesadíssima, que emula o melhor do gênero dos anos 70 (década inclusive onde filme é ambientado) durante a fuga e caçada da insana família Firefly, mesmo que seja capenga em certos momentos (sendo o mais capenga de todos quando tudo se resolve ao aparecer uma versão de dois metros de altura tosca do Freddy Krueger para salvar a pátria) e com uma duração maior do que a necessária.

E o melhor, nem é necessário assistir aquela bomba horrenda que é A Casa dos 1000 Corpos para se ver Rejeitados Pelo Diabo, porque, por Jeová, ele funciona como um longa independente, com pouquíssimas referências ao primeiro filme, sendo a mais importante, o ímpeto de vingança do Xerife Wydell, motivado pela morte de seu irmão, George, com um tiro na cabeça. Aliás, outro ponto positivo para o roteiro escrito pelo próprio Zombie: não tem mocinho no filme! O próprio homem da lei é tão sádico, ou pior, que os nefastos vilões que ele caça, mandando completamente o maniqueísmo às favas e raios, te obrigando a torcer por Otis, Spaulding e Baby em certo momento, mesmo que isso deixe um gosto bem amargo na sua boca.

Outro adendo é a quantidade de atores e participações especiais no longa, de consagrados atores do cinema de terror, fora do núcleo principal de atores, como Ken Foree (Despertar dos Mortos), Michael Berryman (Quadrilha de Sádicos), P,J, Soles (Halloween, o que vale, do Carpenter), Danny Trejo (Um Drink no Inferno) e Steve Railsback (Força Sinistra).

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Highway to hell!

Claro que o filme não é a prova de erros. Algumas das malditas manias de Zombie estão lá, como as filmagens tremidas, as edições frenéticas de videoclipe e momentos desnecessários intercalados com música, e os exageros de closes, planos muito aberto ou muito fechados, o tesão em meter personagens white trash em todos os seus filmes, além da mania de uma metragem muito longa, que acaba enchendo o saco em certos momentos, e um sem número de erros crassos de roteiro, incluindo aí as ações de seus personagens, principalmente as cabaçadas sem o menor propósito do Xerife (ou melhor, com propósito, para os bandidos poderem ganhar, pelo menos esse round).

Mas isso não é o suficiente para tirar o brilho de viagem ao inferno num carrinho de montanha-russa desgovernado que é Rejeitados pelo Diabo. Recentemente inclusive o diretor postou uma foto em seu Instagram perguntando quem gostaria de ver a família Firefly nas telas de novo. Claro que deveria ser um prequel ou algo do tipo, uma vez que eles possuem uma extensa ficha criminal de assassinatos em série, e sabemos do destino deles, embalado pela canção do Skynyrd.

A grande merda MESMO, de verdade, é que após a genialidade de Zombie nesse filme doente, onde pensamos que finalmente o cara tinha se descoberto e A Casa dos 1000 Corpos fora apenas um capítulo ruim da sua carreira de cineasta, até por conta de todos os problemas com edição, estúdio e classificação indicativa, fomos depois testemunhas oculares da mediocridade e mania de grandiloquência (não existente) do roqueiro/diretor mala, cometendo aquela heresia com Michael Myers e principalmente a sua continuação – dos piores filmes de todos os tempos – e o igualmente chato e péssimo As Senhoras de Salem. A moral da história é que talvez Zombie tenha sido trocado por uma cópia durante a realização desse filme, e depois voltou com tudo.

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Nem o diabo quis!


Abertas as inscrições para a sétima edição do Cinefantasy

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Evento internacional de cinema fantástico de São Paulo volta em grande estilo, depois de cinco anos, no feriado da Independência no MIS


 

Olha a notícia ótima! Estão abertas as inscrições para a sétima edição do Cinefantasy – Festival Internacional de Cinema Fantástico. Produzido pela Fly Cow, o evento retorna entre os dias 6 e 11 de setembro, depois de uma pausa de cinco anos.

Será uma volta redimensionada, com parceria inédita do Museu da Imagem e do Som (MIS), de São Paulo, que abrigará todas as atividades. A programação incluirá mostras competitivas internacionais para curtas e longas-metragens de fantasia, ficção científica e horror, além de exibições paralelas com sessões temáticas, lançamentos de filmes e livros, homenagens, bate-papos com convidados brasileiros e estrangeiros, palestras, workshops e oficinas.

A escolha da data foi feita para aproveitar o feriado da Independência do Brasil. A seleção do festival é conhecida por trazer, ao público paulistano, belos achados que dificilmente chegariam às telas das salas comerciais. Além de obras produzidas em países com tradição no gênero fantástico, como Estados Unidos, Inglaterra, Itália, Japão e Espanha, já foram exibidos, nas edições anteriores, filmes da Grécia, Romênia, Paraguai, Israel, Suécia, Chile, Cingapura e Emirados Árabes Unidos, entre outras nações.

A produção brasileira de curtas tem uma atenção especial do Cinefantasy, com duas categorias de premiação exclusivas para estudantes e amadores brasileiros. As mostras competitivas, tanto de curtas como de longas, oferecem prêmios para as melhores obras de Fantasia, Terror, Ficção Científica e Animação; para melhor direção, roteiro, trilha sonora, maquiagem e efeitos visuais; e para categorias divertidas como Melhor Criatura, Melhor Vilão e Melhor Vítima.

Entre os vencedores do Cinefantasy que já levaram o troféu Corpo-Seco Dourado está o diretor de Mama, Andrés Muschietti, ganhador da competição Mestre dos Gritos para minicurtas de horror.

As inscrições dos filmes podem ser feitas gratuitamente no site do festival e vão até dia 30 de abril.

SERVIÇO:

7º Cinefantasy – Festival Internacional de Cinema Fantástico

Período das inscrições: 15 de fevereiro a 30 de abril de 2016

Local: MIS – Museu da Imagem e do Som

6 a 11 de setembro de 2016

www.cinefantasy.com.br

 



797 – Terra dos Mortos (2005)

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Land of the Dead


2005 / EUA, Canadá, França / 97 min / Direção: George A. Romero / Roteiro: George A. Romero / Produção: Mark Canton, Peter Grunwald, Bernie Goldmann; Neil Canton (Coprodutores); David Resnick, Silenn Thomas (Produtores Associados); Steve Barnett, Dennis E. Jones, Ryan Kavanaugh, Lynwood Spinks (Produtores Executivos) / Elenco: Simon Baker, John Leguizamo, Dennis Hopper, Asia Argento, Robert Joy, Eugene Clark


Beleza, hoje o zumbi pode até ter virado Brasil, por conta de The Walking Dead e toda a enxurrada de produções com mortos-vivos que invadiram tanto as telonas quanto as telinhas. Mas lá no ano de 2005, George Romero finalmente pode concluir com chave de ouro sua tetralogia, que se iniciou em 1968 com A Noite dos Mortos-Vivos, e dispondo de orçamento e efeitos de maquiagem de ponta, em Terra dos Mortos.

Aliás, algo possível somente por conta da retomada dos comedores de carne humana que já se encaminhava desde o início do século, primeiro com o sucesso de Extermínio, e depois as excelentes bilheterias de Todo Mundo Quase Morto e Madrugada dos Mortos (ambos distribuídos pela Universal, assim como este aqui), além dos novos capítulos das franquias de Resident Evil e Doom nos videogames, a publicação de The Walking Dead nos quadrinhos e Guia de Sobrevivência aos Zumbis, de Max Brooks, na literatura.

Pois bem, tais quais os três primeiros capítulos da série de Mortos-Vivos, Romero mais uma vez mete o dedo, e com gosto, na ferida, travestindo o cinema zumbi em crítica social ferrenha. Se em A Noite dos Mortos-Vivos, a alegoria era em cima das questões raciais e religiosas, em Despertar dos Mortos, a alienação e o consumismo e em Dia dos Mortos, a violação de códigos de ética, de conduta, raça e credo, aqui em Terra dos Mortos, o mote da vez é a luta de classes, a corrupção e a ganância.

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Quando não houver mais espaço na terra, os mortos caminharão sobre a água

Definitivamente a humanidade perdeu a batalha contra os zumbis, e como um lampejo das experiências sociais realizadas com Buba no último filme da até então trilogia, e a teoria evolutiva dos mortos-vivos, os zumbis aqui parecem começar a aprender e se adaptar, sendo, em maior número, talvez o próximo grau da escala evolucionária de Darwin. Enquanto isso, um grupo de humanos se apinha em condições de subsistência em uma fortificação em algum local não determinado dos EUA (possivelmente a Pittsburgh natal de Romero), ao mesmo tempo em que os mais afortunados moram em uma prédio luxuoso chamado Fiddler’s Green, com restaurantes chiques, shopping centers e todo um clima bizarro de normalidade dos “velhos tempos”, comandando pelo corrupto e  ganancioso Kaufman, personagem de Dennis Hopper.

Ele controla também toda a criminalidade, jogos, prostituição e tráfico de drogas nas ruas do entorno de Fiddler’s Green, para manter os desfavorecidos no cabresto, na velha política do pão e circo, enquanto utiliza de métodos escusos e o uso do exército, mercenários e de um veículo armado até os dentes chamado Dead Reckoning, para garantir a segurança e a satisfação de todos, exceto alguns poucos que tentam se voltar contra o sistema. Claramente, Kaufman é o grande vilão, e não os zumbis, bem do jeito que Romero gosta de frisar o quanto nós somos nossos piores inimigos em situações limites como essas. Ele, aliado ao típico pensamento empresarial capitalista uma vez que as decisões da vida de muitos são tomadas por poucos figurões residentes do complexo de apartamentos, que se portam e agem de acordo como uma bancada de diretores de qualquer multinacional.

Desiludido com esse apocalipse social, Riley Denbo (Simon Baker) que fugir daquele local para o Norte, onde possivelmente não haverá ninguém, e se livrar de toda a maleficência e nojo da humanidade. Um dos “empregados” de Kaufman, ele tenta largar o emprego, mas descobre que não será tão fácil. Inclusive quando o poderoso chefão passa a fazer “lutas de gladiadores”, para entreter as massas, jogando aqueles que se opõe a ele no meio de um ringue contra zumbis, tal qual fez com a prostituta Slack, vivida pela Asia “filha do Dario” Argento. Após um entrevero, ele, Slack e Charlie (Robert Joy), um atirador excelente, porém deformado e com atraso mental, são metidos na cadeia e solto apenas quando precisam recuperar o Dead Reckoning de Cholo DeMora (John Leguizamo), que achava que conseguiria comprar um apartamento em Fiddler’s Green, mas a todo tempo era apenas mais um peão de Kaufman, quando enganado decide roubar o veículo e chantageá-lo, caso contrário mandará tudo pelos ares.

Enquanto isso, um grupo de zumbis escoltado por um cadáver ambulante chamado Big Daddy (Eugene Clark), o primeiro que começa a notar os abusos cometidos pelos humanos e desenvolver senso de liderança e inteligência primitiva, se aproxima das imediações da cidade, aprendendo até a atravessar um rio que servia como barricada natural, para invadir o local e disseminar o caos, não dando a mínima para as classes sociais, seja você um mendigo das ruas ou um endinheirado de Fiddler’s Green. Você é apenas carne, a base da pirâmide alimentar.

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Pera, o Sex Machine não virou um vampiro?

Nisso, somos brindados com o segundo elemento fortíssimo de Terra dos Mortos, que é a violência gráfica e sangue provenientes da excelente maquiagem da KNB EFX de Kurtzman, Nicotero e Berger, que obviamente serviu de vestibular para a criação dos zumbis e as cenas de gore de TWD cinco anos mais tarde, pegando o bastão passado por Tom Savini (inclusive Nicotero foi seu assistente no terceiro filme), e tratando-a com louvor e, porque não, devido ao avanço tecnológico dos efeitos práticos e CGI, aprimorando-o. Aliás, Savini faz uma ponta durante o ataque zumbi como o mesmo personagem motoqueiro transformado em morto-vivo durante a investida de sua gangue ao shopping em Despertar dos Mortos. E falando em ilustres participações especiais, o próprio Greg Nicotero, além de Simon Pegg e Edgar Wright de Todo Mundo Quase Morto, fazem um cameo como zumbis.

Terra dos Mortos era um projeto que estava na cabeça de Romero desde os anos 90, mas que finalmente saiu do papel, com um orçamento de 15 milhões, o que pode até ser considerado uma ninharia, mas nada comparado ao grana de A Noite dos Mortos-Vivos, ou mesmo Despertar dos Mortos e Dia dos Mortos, com a chancela e campanha de marketing de um grande estúdio, classificação indicativa no MPAA e lançamento digno de um filme de terror “mainstream”, com muito mais ar de profissionalismo,  e forma de mostrar toda sua capacidade técnica na direção.

Apesar de seu pacto faustiano com Hollywood, Romero não perdeu sua essência, manteve sua marca registrada, abusou de cenas brutais e splatter e ainda conseguiu concluir, da forma que imaginava, seu conto sobre o colapso social humano, com zumbis apenas de pano de fundo, iniciado no final da década de 60. Terra dos Mortos pode não ser a “obra-prima de Romero” como a campanha mercadológica vendeu na altura, mas mostrou-se o apogeu de suas intenções para com o cinema zumbi e de terror, imortalizando talvez, juntando os quatro filmes, a mais influente, política e importante franquia do gênero.

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Buba ficaria orgulhoso!


Review 2016: #08 – Boneco do Mal

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Não deixe se enganar por todo o material promocional e título que o filme recebeu no Brasil, e esqueça comparações com Chucky, Annabelle (Xuxa e o Fofão) e outros bonecos do gênero


A babá Greta Evans, interpretada pela linda da Lauren Cohen, a Maggie de The Walking Dead, deve seguir uma série de estritas regras durante sua estada em uma casa na Inglaterra rural, ao tomar conta de um boneco que, supostamente, simula o filho de um casal morto há 20 anos em um incêndio.

Para você assistir a Boneco do Mal, que estreia nessa quinta-feira nos cinemas do Brasil, apenas uma regra é imprescindível: não deixar se enganar por todo o material promocional, trailers e título que o filme recebeu aqui no país (lembrando que o original é The Boy), e principalmente, esqueça comparações com Chucky, Annabelle e todos os outros brinquedos ou bonecos malditos do cinema de terror. É um aviso para não comprar boneco, por garoto, e vice-versa!

Esqueça até mesmo a boneca da Xuxa e o boneco do Fofão com sua adaga de sacrifício dentro de seu corpinho. Brahms não entrará no hall das macabras criaturas de plástico, madeira ou porcelana, por um simples motivo: o plot twist em seu terceiro ato, que por incrível que pareça – e por mais que possa ser previsível para alguns, e escancara furos no roteiro do tamanho de crateras lunars – dá certo ar de “fuga dos padrões” ao longa do diretor William Brent Bell (o mesmo de A Filha do Mal), escapando de uma fórmula clichê prosaica, uma solução faceira ou que poderia levar a produção a escambar para o ridículo, e está aí Annabelle que não me deixa mentir.

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Real Doll

Greta resolve aceitar o emprego de cuidar de Brahms não só pelo gordo cheque que irá receber, mas também para fugir do passado de um relacionamento de violência doméstica. Ao chegar até o imenso casarão, ela descobre que seu trabalho não será nada usual, uma vez que como bem sabemos, o GAROTO é um BONECO, tratado como criança pelos pais, traumatizados pela terrível perda. Esse argumento é o que cria todo um clima creepy e um sentimento desconfortante por boa parte do miolo do longa.

Quando o casal sai “em férias”, Greta se vê sozinha com aquele ser inanimado sinistro pacas, e não vai tardar para algumas manifestações – sumiço de objetos pessoais, passos pela casa, mudança de Brahms de lugares e aposentos onde fora colocado – façam com que ela desconfie que o boneco possa estar vivo, até possuído, e que de alguma forma, o espírito do menino possa estar tentando se comunicar com ela, principalmente depois dela infringir todas as regras impostas.

Até o terceiro ato, o filme de Bell mantém-se calcado no terror psicológico, numa atmosfera gótica e tétrica que se passa exclusivamente dentro da clausura da americana naquela enorme casa, contando apenas com a ajuda e companhia do entregador Malcom (Rupert Evans) e questionando sua própria sanidade, com alguns verdadeiros momentos de tensão, fruto da natureza bizarra da função de cuidar de um boneco, supostamente assombrado, e com direito a um ou outro jumpscare, para satisfazer os fãs desse recurso narrativo.

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Marta Suplicy, seu marido, e seu filho Alfred E. Neuman

A reviravolta de seu final serve exatamente para quebrar o protocolar, algo já aguardado pelo espectador, dando uma nova luz aos acontecimentos trabalhados até então, que se desencadeia depois que o ex-namorado abusivo de Greta aparece na casa (essa sim necessita de uma baita suspensão de descrença), e passa a ameaça-la.

Esse pulo do gato, mesmo que nada original, principalmente se você assistiu certo filme recente vindo da Oceania, e difícil de engolir se pararmos para analisar friamente, é o que diferencia o filme, recurso interessante e ao mesmo tempo questionável, que pode agradar uns, e desagradar outros tantos, mas que pelo menos eleva Boneco do Mal em seu resultado final, mas nada que o coloque em um patamar um pouco maior do gênero, ainda mais se comparado a outros clássicos.

No final das contas, o boneco nem é tão do mal assim, o filme é uma produção mediana, que trabalha, em momentos distintos, primeiro no seu desenrolar e depois em sua conclusão, com diferentes subgêneros e suas fórmulas, que pode agradar ao público médio fã do terror, com alguns momentos assustadores, subvertendo aquilo que ele veio sendo vendido, mas não o suficiente para ser uma experiência completa e que tende a cair no esquecimento logo depois que você sai da sala de cinema.

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Perto de uma mulher, são só garotos!


Darkside Books publica história real que inspirou O Exorcista

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Exorcismo de Thomas B. Allen narra os fatos que levaram William Peter Blatty a escrever seu best-seller.


Certeza que você manja de O Exorcista, livro escrito por William Peter Blatty e adaptado para os cinemas por William Friedkin. Mas você manja que ele foi baseado um exorcismo de verdade?

A história real aconteceu em 1949 e está sendo publicada pela Darkside Books no livro Exorcismo, do jornalista Thomas B. Allen. Narra em detalhes os fatos que aconteceram com Robert Mannheim, um jovem norte-americano de 14 anos que gostava de brincar com sua tábua ouija, presente que ganhou de uma tia que achava ser possível se comunicar com os mortos. CAPITÃO HOWDY curtiu isso!

Thomas B. Allen contou com uma santa contribuição para a pesquisa do seu trabalho: ele teve acesso ao diário de um padre jesuíta que auxiliou o exorcista Bowdern. Como resultado, seu livro é considerado o mais completo relato de um exorcismo pela Igreja Católica desde a Idade Média. Os investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren, aqueles retratados nas telas grandes em Invocação do Mal, definiram a obra de Thomas B. Allen como “um documento fascinante e imparcial sobre a luta diária entre o bem e o mal”.

Exorcismo é um livro exclusivo da DarkSide Books, que vem em capa dura e o padrão de qualidade quase psicopata da editora. Ele ainda vem com uma surpresa para os leitores mais audaciosos: uma reprodução da tábua Ouija que pode ser jogada usando o marcador de página.

Só uma palavra: QUERO!

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798 – Wolf Creek – Viagem ao Inferno (2005)

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Wolf Creek


2005 / Austrália / 104 min / Direção: Greg McLean / Roteiro: Greg McLean / Produção: Greg McLean, David Lightfoot; Matt Hearn (Coprodutor); George Adams, Martin Fabinyi, Michael Gudinski, Gary Hamilton, Matt Hearn, Simon Hewitt (Produtores Executivos) / Elenco: John Jarratt, Cassandra Magrath, Kestie Morassi, Nathan Phillips


No começo de absurdamente ótimo Wolf Creek – Viagem ao Inferno, os caracteres alardeiam que 30 mil pessoas desaparecem na Austrália todos os anos. 90% dessas pessoas são encontradas em um mês, mas algumas delas, nunca mais são vistas. A real é que o país da Oceania é um dos mais inóspitos, brutais e selvagens do nosso globo terrestre.

A informação é totalmente factual e verídica, uma vez que turistas e mochileiros podem ser surpreendidos se perdendo na vastidão dos outbacks e pântanos, até mesmo devorados por animais selvagens que habitam a fauna da região, pegos em uma tempestade de areia do deserto (Mad Max feelings) ou então, poderiam entre os anos de 1989 e 1992, terem sido assassinados pelo infame Ivan Milat, conhecido como “Assassino de Mochileiros”, mais notório serial killer australiano.

Milat foi condenado pelo assassinato de sete jovens, e seu modus operandi consistia em raptar suas vítimas, geralmente turistas e mochileiros, e fazia jogos com elas, deixando-as fugirem para depois caçá-las com armas de fogo e facas (Zaroff feelings). Seus corpos eram descartados em Belanglo, uma floresta a sudoeste de Sidney. Mick Taylor, o personagem interpretado de forma nada menos que estupenda por John Jarratt é vagamente baseado em Milat, e a trama, escrita por Greg McLean, também diretor do longa, igualmente se apropria de outro caso real, do mochileiro Peter Falconio, assassinado por Bradley John Murdoch.

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Viagem idílica

Tirando o lance do “arte imita a vida”, Wolf Creek é um daqueles thriller tensos ao limite, de assistir agarrado no braço da cadeira do cinema (ou do sofá), repleto de uma sujeira violenta ao melhor estilo dos filmes dos anos 70, mas com aquela pegada do tortune porn em voga naquela metade da década passada, colocando a imensidão desoladora do outback como cenário, em uma lindíssima fotografia de Will Gibson, mostrando o infortúnio de duas turistas inglesas, Liz e Kirsty (Cassandra Magrath e Kestie Morassi) e um rapaz de Sidney, Ben (Nathan Phillips) nas mãos do sádico psicopata.

O filme, mesmo com seu começo regado a praias, festas, bebedeiras e romances, já incomoda, muito por conta da câmera próxima e do tom documental impresso por McLean, pois aquela sensação de gosto de cabo de guarda-chuva na boca de que alguma coisa muito ruim vai acontecer, até por já sermos alertados por isso antes do filme se iniciar, se espalha e mantém-se etérea no ar, quase como se você conseguisse cortá-lo com uma faca de rocambole.

Esses três jovens resolvem voltar para Sydney em uma road trip de carro, passando pelo extenso deserto australiano, e se metem em um local chamado Parque Nacional de Wolf Creek, cratera formada pelo impacto de um meteorito no oeste da Austrália. Lá resolvem absorver a maravilha natural, mas acabam não contando com a formação magnética da rocha, uma vez que seus relógios param (lembrei na ora de outro famoso filme australiano sobre desaparecimentos, Piquenique na Montanha Misteriosa de Peter Weir), e perdem a noção do tempo. Ao chegar ao carro que também não liga, são obrigados a passar a noite no local.

O suposto socorro vem na figura de Taylor, que convenientemente aparece pelo local para rebocar o carro deles, sem imaginar que está os levando para uma armadilha mortal. Após um jantar no barracão do sujeito, que já se mostra um cara não muito dentro da casinha, ao adormecerem, o trio é separado, e Liz acorda amarrada, e quando consegue se soltar, vê que o maníaco está torturando sua amiga.

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Tortura pornô

Daí pra frente é a famosa luta pela sobrevivência, enfrentando o perigoso homem, descobrindo seu terrível segredo (e os corpos putrefatos de suas vítimas), num ritmo de suspense, angústia e tortura de causar úlcera nervosa. ALERA DE SPOILER, pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco. A tensão só cresce, finalizando com um destino nada bonito para as duas, sendo que Ben, que acorda crucificado com os pulsos pregados, consegue escapar com vida e vaga pelo deserto, até ser encontrado por um casal, mas as informações desconexas do rapaz quanto a história e a localização do covil do assassino, fez com que ele acabasse como principal suspeito e preso por quatro meses, antes de ser libertado por falta de provas. Já Taylor, nunca foi encontrado, até voltar em uma sequência somente em 2013, também dirigida por McLean e Jarratt reprisando seu papel.

O mais interessante, e que talvez explique bastante a pujança de Jarratt no papel do vilão é que ele é um ator metódico e passou semanas vivendo no deserto se preparando para o personagem. Ele também evitou tomar banho antes das cenas, criou uma biografia detalhada para Taylor, sem revelar para ninguém, e não saia do papel entre as cenas.

Originalmente escrito em 1997 como um slasher ozploitation tradicional, Wolf Creek – Viagem ao Inferno foi reescrito por McLean quando o caso Milat vaio à tona, inspirando-o e introduzindo a ideia de um cara supostamente legal e solícito que na verdade é um assassino, e deu no que deu. O longa foi um sucesso na Austrália e seus direitos comprados pela Dimension, onde faturou mais de 27 milhões de dólares no mundo todo (contra 1 milhão de seu orçamento) tornando-se um dos melhores filmes daquela safra da metade dos anos 2000.

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Hey, essa não é a faca do Nick Dundee?


HORRORVIEW – Boneco do Mal (2016)

799 – Aterrorizados (2006)

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Altered


2006 / EUA / 88 min / Direção: Eduardo Sánchez / Roteiro: Jamie Nash / Produção: Robin Cowie, Gregg Hale; Matt Compton, Jeff Johnsen, Michael Monello, Mike Monello (Coprodutor); Andy Jenkins, Andrew Lang (Produtores Associados); Bob Erick (Produtor Executivo) / Elenco: Adam Kaufman, Catherine Mangan, Brad William Henke, Michael C. Williams, Paul McCarthy-Boyington


 

Aterrorizados é aquele tipo de bagaceira trash até a medula do jeito que a gente adora. Quando você dá play, ele começa se levando a sério, pero no mucho, com certo clima de tensão e suspense, que vai se arrastar por boa parte do longa, com um grupo caçando um alienígena na floresta. Mas meu amigo e minha amiga, quando esse tal alienígena aparece, aí num dá para segurar o escracho.

Pense num versão século XXI de um visual de ET tipicamente Roger Corman? Pronto, é disso que estamos falando, e isso não é demérito nenhum, tendo em vista a tênue linha que Aterrorizados propositalmente caminha entre a seriedade e galhofa, as atuações do mais baixo calibre e efeitos de maquiagem toscos e decentes ao mesmo tempo, além de uma história completamente estapafúrdia que nos brinda com uma nave espacial em formato de rã no seu final. Sério, é impagável!

Talvez a maior curiosidade sobre Aterrorizados é que ele é dirigido por Eduardo Sánchez. Não ligou o nome à pessoa? Ele, junto com Daniel Myrick foi o diretor do influentíssimo A Bruxa de Blair, seminal terror indie do final dos 90’s. Acredita que esse é só seu segundo trabalho, lançado sete anos depois do estouro do filme pai do found footage, quando muitos apontavam a dupla como os novos gênios do gênero?

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Autópsia do Fantástico

Pois bem, como disse ali em cima, o filme começa com um grupo caçando algo na floresta (que teoricamente a gente não sabe ainda que não é deste planeta), que acaba caindo em uma armadilha e é levada para a casa de Wyatt (Adam Kaufman) onde descobrimos que os mesmos tiveram uma experiência traumática com essa criatura espacial há 15 anos, quando ainda adolescentes e abduzidos por alienígenas hostis, sendo que um deles, Timmy, o irmão de Wyatt, morreu após uma poderosa infecção extraterrestre. Todos tiveram suas vidas arruinadas, foram desacreditados pela sociedade e acusados de assassinato, passando o resto da vida paranoicos e obcecados com aquela questão.

Com o alienígena acorrentado na garagem, não vai demorar em que ele passe a usar seus poderes mentais para tentar controlar o grupo, chamar ajuda, e ao se libertar, iniciar uma feroz batalha contra eles, infectando-os para alterar suas estruturas celulares, fazendo com que sua peles comecem a necrosar, ou então partindo para ataques diretos vorazes, como, por exemplo, na infame e hilária cena em que a criatura arranca os intestinos de um dos homens e começa a puxá-lo, meio que disputando um cabo de guerra com o sujeito.

Pois bem, temos aí uma boa e forte dose de decomposição de pele, vísceras, gore, ao mesmo tempo com explicações esdrúxulas sobre a origem dos alienígenas e suas motivações hostis e escusas num intrincado plano de dominação terrestre, claro, com sua nave em formato de rã. Isso aí sem contar, mais uma vez, a tosquíssima aparência do alien, que apesar de sua violência e das doses de tensão e claustrofobia do filme, mantém sempre aquele pé no escracho.

Aterrorizados tem uma duração curta, é de fácil assistir, nasceu como uma comédia de horror, mas que no decorrer do caminho, manteve mais o horror e deixou a comédia involuntária por conta de sua tosqueira, o que acabou acertando em cheio no produto final, ótimo para um passatempo descompromissado se você é fã de sci-fi bagaceira.

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Concurso Miss Universo


PROMOÇÃO: “Boa Noite, Mamãe!”

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O 101 Horror Movies e a PlayArte vão sortear 20 INGRESSOS para o filme  que estreia nesta quinta-feira (25) nos cinemas do Brasil.


FÃ DO HORROR, tem PROMOÇÃO nova pintando aqui no 101HM.

Nesta quinta, estreia o filme austríaco Boa Noite, Mamãe!, e nós, em parceria com a PlayArte, iremos sortear 20 ingressos para os sortudos assistirem ao longa NA FAIXA nos cinemas do Brasil.

Para participar, basta curtir as páginas do 101 Horror Movies e da PlayArte no Facebook, compartilhar o post da promo, entrar nesse link e clicar no botãro “QUERO PARTICIPAR”.
Serão sorteados 20 ingressos individuais e numerados, que serão enviados para o e-mail para os sorteados, que deverão ser informados pelo inbox da nossa fanpage.

Válida para todo o Brasil (confira no ingresso as regras de validade dos mesmos). A promoção vai de 22 a 25 de fevereiro, quando acontece o sorteio. Consulte a programação de cinema da sua cidade.

Na trama, uma família vive em uma residência isolada em meio a árvores e plantações de milho. Após dias afastada por conta de cirurgias plásticas, a mãe (Susanne Wuest) volta para casa e não é reconhecida pelos filhos gêmeos. As crianças, de nove anos, duvidam que a mulher de rosto coberto seja realmente sua mãe e a partir de então nada será como antes.

Confira o trailer abaixo, e boa sorte!

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800 – Crimes Obscuros (2006)

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Sakebi / Retribution


2006 / Japão / 104 min / Direção: Kiyoshi Kurosawa / Roteiro: Kiyoshi Kurosawa / Produção: Takashige Ichise; Nobuhiro Azuma, Yoshikazu Kenmochi, Yukie Kite (Produtores Associados); Ryuhei Chiba, Kazuya Hamana, Yasushi Kotani (Produtores Executivos) / Elenco: KôjiYakuso, Manami Konishi, Tsuyoshi Hirayama, Ikuji Nakamura, Ryô Kase


Dirigido por Kiyoshi Kurosawa (e com a perceptível mão do diretor), Crimes Obscuros é o quarto filma da chamada “hexalogia” J-Horror Theater, idealizada pelo produtor-midas do cinema de terror japonês, Takashige Ichise, que convidou seis diretores diferentes para dar sua visão ao subgênero. Os três primeiros longas foram Infecção, O Terror da Premonição e Almas Reencarnadas.

Kurosawa é diretor de Cure, uma protogênese do J-Horror atual e de Kairo, outro emblemático filme do boom do cinema de terror japonês no começo da década passada. Crimes Obscuros nos traz muito mais do que um “simples filme de terror”, com as suas mensagens subliminares poderosas por trás, misturando já o bom e velho elemento da aparição fantasmagórica vingativa, com doses de filme policial e elementos gritantes de drama e romance.

Na trama, igualmente escrita por Kurosawa, Yoshioka é um detetive encarregado de investigar o assassinato de uma garota afogada em Tóquio, mas a autopsia revela que seu corpo está cheio de água salgada. E o pior é que todas as pistas que ele encontra vão se relacionando a si próprio, apontando-o como o principal suspeito. Só que ele não se lembra de nada e de ter cometido tal crime.

O elemento sobrenatural entra em cena quando uma fantasma em um vestido vermelho passa atormentá-lo (daquele jeito que a gente sabe bem como elas são capazes) e conforme ela se torna mais frequente, aumenta a quantidade de crimes bizarros e com o mesmo modus operandi, com o perturbador detalhe de que  todos os assassinos mataram parentes, amantes ou pessoas queridas, por pequenos problemas (como um pai que afoga o filho por usar drogas e começar a ir mal na escola). A aparição passa a segui-lo, apontar caminhos para que coisas antes esquecidas voltem à tona, e Yoshioka passará a questionar a sua própria identidade (e sanidade, diga-se de passagem).

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A dama de vermelho!

Sabe aquela famosa narrativa maluca, sensação de déja-vu e questionamentos sobre o que é real ou imaginário, misturados com uma contundente mensagem subliminar sobre memória seletiva e esquecimento? Tudo isso com um pano de fundo bizarro e surreal, que só o J-Horror (e Kurosawa é bem mestre nisso) sabe proporcionar? Pois bem, toma forma depois da metade do filme com a junção de peças do quebra cabeça, enquanto conhecemos a perturbada psique do investigador com uma representação experimental sobre a suposta benção do esquecimento, lidando com o conformismo e a mentira, até que literalmente, os fantasmas do passado voltem para atormentá-lo e não há outra saída desse horror do que enfrenta-los, mesmo que isso custe sua lucidez, ou mesmo sua vida.

Além disso, Kurosawa, como de praxe do subgênero (e subtexto) que o filme se encontra, não perde tempo em fazer uma crítica velada a Tóquio moderna, tal qual Hideo Nakata é especialista, ou ele mesmo fizera em Kairo, por exemplo, mostrando-a como um local lúgubre, em eterna construção e mal habitado, e como uma sociedade tende a lidar com os problemas interpessoais entre os japoneses em suas diferentes gerações e suas relações frívolas entre as pessoas, onde erros de julgamento e caráter simplesmente são esquecidos, mas não sem um efeito colateral. É a expressão de um mal social e da máxima culpa. Never forget, never forgive, como diriam os poetas.

Junto com o domínio de Kurosawa sobre sua arte (e seu filme) como um dos mais prolíficos cineastas japoneses de sua geração, tratando-o além da beleza das cenas e cinematografia, quase como um caleidoscópio psicológico, beirando a poesia do tormento, a poderosa atuação de Kôji Yakusho como Yohsioka faz com que seu personagem sempre esteja sob a observação constante do espectador, sob judicie, e você nunca saiba direito, assim como o próprio, o que é real e o que é imaginário, mesmo já lidando com sua “culpa em cartório” logo na metade do longa para frente, mas que subverte as famosas reviravoltas do gênero, já preparando terreno para nada mais lógico (e justo) que um final pessimista.

Não há escapatória para fugir dos seus fantasmas e demônios, e sempre haverá retribuição, na obra de Kurosawa e no cinema de terror oriental no geral. Crimes Obscuros é uma máxima dessa tese sombria e realidade escancarada.

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Mortos que falam


801 – Eles (2006)

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Ils / Them


2006 / França, Romênia / 77 min / Direção: David Moreau, Xavier Palud / Roteiro: David Moreau, Xavier Palud / Produção: Richard Grandpierre; Vlad Paunescu (Coprodutor); Frédéric Doniguian (Produtor Executivo) / Elenco: Olivia Bonamy, Michaël Cohen, Adriana Mocca, Maria Roman, Camelia Maxim, Alexandru Boghiu


Dentro do sensacional começo da nova safra do new french extremity, Eles desponta como um dos seus melhores representantes, porém muito mais calcado na tensão (e coloca tensão na sua potência máxima), no suspense exagerado (sério, daqueles que te dá arritmia cardíaca) e na violência psicológica (sem contar o choque de sua revelação final), do que nos baldes de sangue da violência gráfica total que acabaram por caracterizar o subgênero.

Os jovens diretores David Moreau e Xavier Palud acertam tanto na veia, que acho que deixaria Alfred Hitchcock orgulhoso, afinal uma de suas maiores lições para o cinema foi a importância da teoria narrativa aplicada na força do que mostrar, ou não, e no caso do terror, jogar a tensão para o colo do público, amplificada por estarem tão às escuras quanto os personagens, bem como Stephen King escreveu em seu livro-tese “Dança Macabra”. E tanto quanto o pobre casal Clémentine (Olivia Bonamy) e Lucas (Michaël Cohen), não sabemos (ou vemos) aquilo que os está perseguindo implacavelmente até determinado momento da fita.

O roteiro, escrito pelos cineastas, foi baseado em fatos reais, como alardeia os créditos iniciais, de um incidente ocorrido com um casal austríaco na Romênia em 2002, que chocou a opinião pública por conta da identidade dos autores do crime, levando os jornais a questionar em suas manchetes: “Afinal de contas, quem são eles?”. Se continuasse e perguntassem: “onde vivem”, “o que fazem”, poderia ser chamada do Globo Repórter.

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Só espiando

Enfim, o longa começa à noite em uma estrada isolada perto das florestas romenas, onde mãe e filha sofrem um acidente de carro. A mãe levanta o capô do carro para verificar seu motor, quando para de responder a filha, que ao sair descobre que ela desapareceu. A moça será a próxima vítima em um prólogo que já mostra que o filme não está para brincadeira em mexer com seus nervos.

Corta para o dia seguinte, quando a professora de francês Cleméntine termina uma sexta-feira de labuta e vai para a casa de seu namorado, o escritor Lucas, um antigo casarão embrenhado na floresta (passando pelo guincho e a polícia rebocando o carro acidentado na noite anterior, ou seja…) onde eles ficaram os próximos minutos da metragem naquela típica rotina de relacionamento comum entre casais, para relaxar o público quanto nos identificarmos e criarmos empatia com os personagens.

Tudo para a paulada ser ainda maior quando ambos passam a ser perseguidos dentro de sua própria casa, agredidos, torturados e molestados física e psicologicamente por um grupo que invade sua residência tarde da noite, começando uma intensa luta pela sobrevivência, num terrível ardil com requinte de crueldade e tensão psicológica explícita.

E o que mais faz Moreau e Palud para deixar-nos roendo as unhas? Filma de forma invasiva, câmera na mão, quase tática de guerrilha, escura e tremida, imprimindo até certo ar documental às vezes, colocando-nos de verdade dentro daquele ambiente claustrofóbico, sem luz e perigoso, não jogando luz sobre a situação para o público que está naquela descida na montanha-russa, e tampouco qualquer motivação que não o puro sadismo, ou mesmo até certo momento, a identidade dos atacantes.

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Só no stealth!

O soco no estômago da descoberta no terceiro ato é pesadíssimo! ALERTA DE SPOILER: Pule os dois próximos parágrafos ou leia por sua conta e risco.  Lucas, ao conseguir assassinar um dos agressores, descobre que ele não passa de um adolescente! No momento de escape nos túneis (de longe o mais tenso de todo o longa), um dos garotos pergunta: “Por que você não brinca com a gente?”. Isso para em seu final nos mostrar os garotos numa boa no dia seguinte pegando um ônibus, como se não tivessem feito absolutamente nada demais (e um deles morto), explicando nos créditos finais que os corpos foram encontrados cinco dias depois, e que os assassinos tinham entre 10 e 15 anos, sendo que o mais novo deu exatamente essa explicação para os acontecidos naquela fatídica noite: “Eles não brincaram com a gente”. VRÁ!

É sempre deveras contundente ver a psicopatia infantil ou adolescente nos filmes. Eles é um daqueles em que essa sensação é levada ao limite, assim como a forma que ficamos inconformados e com um gosto horrível na boca com a simples falta de motivação, moral, conduta e empatia com o ser humano que aqueles jovens romenos tiveram, brincando com a vida de duas pessoas inocentes apenas por uma simples vontade e pelo fato deles poderem. Isso é muito mais terrível – e crível – que qualquer monstro, fantasma ou ameaça fantástica do cinema.

Eles é um filme straight forward, assustador, tenso do seu começo até o final, sem dar trégua para o pobre sujeito do outro lado da tela, provando que a falta de gore não significa uma carência de sustos e se mostra um excelente exercício de terror, que mais tarde, inspiraria na CARA LARGA, o filme americano Os Estranhos, com Liv Tyler, e muito mais conhecido que essa gema francesa.

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ACODE!


Alien de Blomkamp traria Newt de volta

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Personagem mirim de Aliens – O Resgate voltaria agora adulta no suposto Alien 5, que está em hiato por conta do novo filme de Ridley Scott


Lembra do tal Alien 5, dirigido por Neil Blomkamp, que ganhou sinal verde  da FOX depois de suas fodásticas imagens conceituais caírem na rede, e seria uma continuação direta de Aliens – O Resgate, mas entrou no limbo após Ridley Scott, aka O DONO DA BOLA, transformar a continuação de Prometheus em Alien: Convenant?

Pois bem, em entrevista para o site Icons of Fright, o ator Michael Biehn, que interpretou o Cabo Hicks no filme de James Cameron afirmou que seu personagem estava escalado para retornar em Alien 5 ao lado da menina Newt (originalmente interpretada pela atriz mirim Carrie Henn).

“Eles estavam planejando trazer eu e Newt de volta e agora Newt teria uns 27 anos de idade. Eu sei que todas as atrizes de Hollywood gostariam de interpretá-la. Será uma passagem de bastão entre Sigourney (Weaver) e essa jovem atriz que interpretará Newt.”

Mais uma prova que os acontecidos de Alien 3 e Alien – A Ressurreição seriam devidamente ignorados, já que a menina morreu no terceiro filme, dirigido por David Fincher. Biehn explicou: “A ideia básica era agir como se Alien 3 e 4 nunca tivessem existido, então se você entrar no site de Neill Blomkamp, qualquer um poderá ver suas artes conceituais”.

E quanto a Alien: Convenant, que supostamente será uma trilogia e faria com que a versão de Blomkamp nunca veja a luz do sol, frustrando a expectativa de uma cacetada de fãs do xenomorfo, e da Tenente Ripley, que também voltaria no longa?  Biehn discorre sobre:

“Eu sei que Ridley Scott está fazendo seu filme e que será o produtor executivo desse (Alien 5), então estou esperando pra ver. Eu sei que o foco de Ridley está no segundo Prometheus e eu tenho certeza que ele e a Fox não querem que o filme de Neill seja lançado perto de Alien: Covenant porque se tratam de mundos diferentes”

Alien: Convenant estreia em 2017, com uma classificação R, e acompanhe o 101HM para novidades.

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E tem gente que tem medo de barata voadora, tsc, tsc!

 


Veja o trailer de Sadako vs Kayako!

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As duas maiores vilãs do J-Horror saem na porrada em filme que estreia em junho no Japão


Nós já noticiamos aqui no 101HM que as duas maiores fantasmas cabeludas vingativas do J-Horror vão sair na mão em Sadako vs Kayako, filme dirigido por Koji Shiraishi, o mesmo de Noroi e Grotesque.

Pois aí está o trailer desse duelo de titãs, trazendo as vilões das franquias Ring – O Chamado e Ju-On – O Grito. O longa, que começou como uma brincadeira de 1º de abril, já está em produção e dever ser lançado em 4D no Japão em Junho, com distribuição pela Universal. Nem um pio sobre seu lançamento no Brasil.

E aí, quem você acha que ganha essa treta?

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802 – A Hora Negra (2006)

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La hora fría / The Dark Hour


2006 / Espanha / 93 min / Direção: Elio Quiroga / Roteiro: Elio Quiroga / Produção: Elio Quiroga; Jerôme Debève, Margaret Nicoll, Juan A. Ruiz, Sebastián Álvarez (Produtores Associados); Octavio Fernández-Roces (Produtor Associado – não creditado); Elio Quiroga (Produtor Executivo) / Elenco: Silke, Omar Muñoz, Pepo Oliva, Carola Manzanares, Jorge Casalduero, Julio Perillán, Sergio Villanueva, Pablo Scola


Caso você nunca tenha assistido A Hora Negra, meu melhor conselho é assistir a esse pequeno-grande sci-fi espanhol independente primeiro, e depois voltar aqui para essa resenha (mas volte, tá), pois quanto menos se souber sobre o plot do filme, melhor.

Dirigido por Elio Quiroga, podemos colocar de forma simples e direta que ele remete a uma série de elementos e influências de uma série de filmes de terror e sci-fi clássicos, que obviamente passam por A Noite dos Mortos-Vivos de George Romero, e Dia dos Mortos, até chegar em A Última Esperança da Terra, Extermínio e Alien – O Oitavo Passageiro, pegando ideias, conceitos e atmosferas que se encaixam como uma luva.

Muito do que se diz por aí, é que A Hora Negra é um filme de zumbis, e isso definitivamente, no sentido bíblico dos longas do subgênero, ele não é. Passado em um futuro pós-apocalíptico a humanidade sucumbiu a uma terrível guerra química e nuclear e que praticamente destruiu a Terra, e um grupo de oito sobreviventes díspares moram em um abrigo subterrâneo, não podendo abandoná-lo e vivem sob constante vigilância, uma vez que o mundo lá fora está repleto de criaturas mutantes infectadas conhecidas como Estranhos.

Com a escassez dos produtos de subsistência, o líder do grupo promove um racionamento, que inclui desligar a energia elétrica do bunker, e daí que acontece a tal “Hora Negra”, ou “Hora Fria”, que seria a tradução correta do título em espanhol, uma vez que além de falta de luz, também se encerra o aquecimento local, quando eles terão de se trancar em seus quartos para sobreviver de uma ameaça maior, já que esse é o horário que outro tipo de criatura, ainda mais mortal, chamada de Invisíveis, ataca.

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No subterrâneo, ninguém vai ouvir você gritar

 

Quando eles precisam desesperadamente de suprimentos, medicamentos e munição, uma expedição é organizada a um depósito, para conseguir garantir sua própria sobrevivência, mas a grande treta é que ele fica exatamente na zona contaminada, e daí que o caldo entorna de verdade, como todo bom filme sobre futuros pós-apocalíptico.

Apesar da sensação de recorte e cole de vários filmes do gênero, ainda assim o ar de originalidade de A Hora Negra é impressionante, ainda mais se tratando de um filme europeu independente e de baixo orçamento, que consegue driblar esses problemas com a exímia direção de Quiroga, que prefere utilizar a acertadíssima tática em nos meter medo exatamente por estarmos tão às escuras quando os personagens, muito mais trabalhando com o imaginário, além de acentuar sempre a tensão, a sensação de urgência, desespero e desamparo do grupo e o sufoco daquela vida miserável que levam.

Some isso a toda atmosfera construída por conta da trilha sonora e da belíssima fotografia sóbria e depressiva dos ambientes lúgubres, escuros e fechados, a brilhante atuação do elenco, e você tem aquele tipo de filme soco no estômago sem esperança, pessimista com relação ao futuro da humanidade, como o próprio tema propõe, mas com um plot twist, que ao mesmo tempo pode causar surpresa por seu brilhantismo, fugindo um pouco dos clichês e dos padrões convencionais do gênero, ou decepção na conclusão ambígua.

Apesar de algumas boas perguntas ficarem no ar sem explicação, todo o clima melancólico e claustrofóbico e a competência por trás das câmeras de todos os envolvidos em fazer um filme sci-fi original e criativo dentro de suas próprias limitações, apesar da controvérsia final, faz A Hora Fria uma peça única e um interessantíssimo filme do gênero.

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A hora mais escura!

 


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