Willard
2003 / EUA / 100 min / Direção: Glen Morgan / Roteiro: Glen Morgan (baseado no livro de Stephen Gilbert) / Produção: Glen Morgan, James Wong; Richard Brener, Bill Carraro, Toby Emmerich (Produtores Executivos) / Elenco: Crispin Glover, R. Lee Ermey, Laura Harring, Jackie Burroughs, Ashlyn Gere, William S. Taylor
Sabe aquela velha e eterna discussão (principalmente dos haters) sobre os remakes e sua “necessidade”? Bom, quero só passar para dizer que A Vingança de Willard é um daqueles casos felizes (de esfregar na cara) que sua refilmagem é melhor que o original, Calafrio, filme lá de 1971.
E tenho certeza que muita gente nem sabia que a fita estrelada por um ÓTIMO (assim em letras garrafais mesmo) Crispin Glover, o outrora pai de Marty McFly, na verdade fosse um remake. E pior ainda, talvez a maioria conheça a ratazana Ben por conta da canção de Michael Jackson (aquela que DELICIOSAMENTE, assim em letras garrafais, toca na cena em que um pobre gato – chamado Scully, o que é um easter egg SENSACIONAL – é perseguido por um monte de ratos assassinos), que foi trilha sonora do filme homônimo, Ben, o Rato Assassino, exatamente a continuação de Calafrio.
Tendo até feito sucesso aqui no Brasil, passando no cinema, comercial na televisão e os diabos, A Vingança de Willard tem aí dois nomes envolvidos na direção e produção que merecem destaque, e que sempre os cito quando aparecem em algum filme resenhado no espaço desse humilde escriba: Glen Morgan e James Wong. Sempre cito porque os dois foram escritores de ótimos episódios de Arquivo X, além de produtores da série, e muita gente aqui sabe que para mim é a melhor de todos os tempos.
Os principais elementos de Calafrio e também do livro que ambos os filmes é baseado, “Ratman’s Notebook” de Stephen Gilbert, estão aqui nessa nova roupagem: Willard Stiles é um sujeito que tem uma vidinha miserável, tem de cuidar da mãe com esclerose (interpretada por Jackie Burroughs), não tem amigos, traquejo social, inabilidade com as pessoas e sofre assédio moral dos bravos do seu chefe, o Sr. Martin (R. Lee Ermey, também incrivelmente caricato como sempre), que roubara a empresa de seu pai quando o mesmo faleceu, e deixou a família sem dinheiro e com um casarão hipotecado caindo aos pedaços.

Eis que Willard então descobre que seu porão está infestado de ratos e o pobre rapaz faz amizade com Sócrates, um dócil e inteligente ratinho branco e tem uma relação passivo-agressiva com Ben, a ratazana que mais parece uma capivara de tão grande (tá, exagerei) e tem um instinto assassino e maldade no olhar. O sujeito passa a treinar seu exército particular de ratos para praticar a sua vingança (hey, é o que o título do filme alardeia, não?), principalmente contra o Sr. Martin, que acaba matando Sócrates quando o loser leva o pet para passar uma tarde no escritório, sendo morto a pauladas pelo chefe (detalhe, com Ben sendo testemunha ocular e reprovando o covarde do Willard).
Tirando a atualização, orçamento maior, efeitos especiais, a inserção do humor negro e tudo mais, o grande diferencial de A Vingança de Willard é Crispin Glover. Só eu acho que ele daria um EXCELENTE CORINGA? Mas não, me chamam o Jared Leto, tsc, tsc… Enfim, o cara está ótimo, tanto nas suas atitudes vilanescas, quanto na sua histeria, covardia e choramingos da sua criação leite com pera e ovomaltino. Até sua maquiagem, com seus ângulos da face acentuados, pele com bronzeado de palmito, nariz sobressalente e olheiras ao redor dos olhos, lhe dá uma aparência sinistra, nada atrativa, nervosa e quase como um rato humano. Um detalhe bem legal para quem já assistiu o original é que o falecido pai de Willard, que aparece apenas em pinturas, é o ator Bruce Davidson, exatamente quem fez o papel de Willard em Calafrio.
Agora pense que QUINHENTOS ratos foram usados e passaram por um extensivo treinamento antes de serem colocados no set, e ainda divididos em categorias dependendo das ações que eles iriam performar. Já Ben não foi interpretado pelo rato tradicional que conhecemos, o Rattus norvegicus, e sim por um Rato Gigante da Gâmbia, o Cricetomys gambianus, que podem chegar até 1m de comprimento e 3kgs!
Acho A Vingança de Willard ótimo, divertidíssimo, curto pacas o Crispin Glover desde Sexta-Feira 13 – O Capítulo Final e taí um dos casos de um remake melhor que o original.

