Kyôfu /The Sylvian Experiments
2010 / Japão / 94 min / Direção: Hiroshi Takahashi / Roteiro: Hiroshi Takahashi / Produção: Takashige Ichise / Elenco: Yôko Chôkosabe, Mina Fuji, Momoko Hatano, Tomohiro Kaku, Nagisa Katahira, Yuri Nakamura
Herança Maldita foi o último lançamento do projeto conhecido como J-Horror Theater, idealizado pelo produtor Takashige Ichise, uma hexalogia do cinema de terror japonês dirigido por seis diferentes diretores do subgênero, que se iniciou em 2004 com Infecção, e se seguiu com O Terror da Premonição, Almas Reencarnadas, Crimes Obscuros e A Maldição do Rio.
O principal ponto a se tratar no fraquíssimo sci-fi misturado com o velho-filme-japonês-de-fantasma de Hirsohi Takahashi, roteirista da trilogia Ring – O Chamado, Ring 2 e Ring 0 – o Chamado, é que estamos já no ano de 2010 e a febre do J-Horror já passara há tempos, depois de ser espremido até o bagaço.
Então, enquanto parte dos filmes anteriores do J-Horror Theatre foram lançados em um período propício para o subgênero, Herança Amaldiçoada é um longa tardio, quando a febre e interesse no terror vindo do oriente já tinha passado e sido substituída. Mas acredito que a fita, que é bastante confusa e completamente desinteressante, não teria feito sucesso sequer lançado durante o auge desse movimento cinematográfico, já que é a pior do projeto, sem dúvida alguma.
Escrito por Takahashi, a trama bastante sem pé nem cabeça inicia com o Dr. Hattori e sua esposa assistindo umas filmagens de uma cirurgia cerebral como cobaias humanas, vindas da Manchúria, Rússia e Japão, encontradas no porão de um hospital abandonado. Esse experimento clandestino visava estimular a fissura silviana, também conhecida como sulco lateral, localizada entre ambos os hemisférios do cérebro, para que fosse possível acessar uma espécie de visão a outras dimensões e criar assim uma nova percepção da realidade.

Puta argumento bacana, até meio Lovecraftiano (lembra o estímulo a glândula pineal em Do Além), certo? Pena que todo seu desenvolvimento e potencial é jogado fora em um filme que dá sono. Bom, continuando. Ao assistir essas filmagens, uma estranha luz branca começa e piscar e ambos percebem que suas filhas pequenas, Miyuki e Kaori estão encarando a luz.
Elipse temporal e Miyuki, que estava internalizada, some do hospital universitário e sua irmã Kaori, junto do namorado da moça, Motojima e o detetive Hirasawa começam a procura-la. Porém eles acabam descobrindo, que ela está sendo utilizada, junto de um grupo de adolescentes, por sua mãe, numa tentativa de reviver aqueles experimentos e ativar uma função cerebral, por meio de estímulos elétricos, em uma tentativa de alcançar a evolução de espiritualidade por meio da projeção astral da pessoa.
Sério, o filme é tão confuso quanto parece, e tão ruim quanto parece, principalmente no uso de um CGI bem dos mequetrefes para mostrar essas projeções astrais, maquiagem mambembe, um monte de baboseira sci-fi sem sentido, e em nenhum, nenhum momento, ele causa qualquer tipo de medo, ou sentimento que não seja tédio, exceto o começo bastante promissor. Ainda há espaço para o close de uma cirurgia cerebral, onde se há a certeza absoluta que Takahashi resolveu copiar o mesmo procedimento cirúrgico escancarado em Jogos Mortais 3, quando vemos John Kramer passar por esse mesmo tipo de operação. Ou seja, nem para que fiquemos chocados, ou com nojo, ou qualquer coisa do tipo.
Herança Maldita fecha o J-Horror Theater da mesma forma que o próprio subgênero se encerrou: deprimente, fraquíssimo e com uma sensação saudosista de quando o J-Horror era o que havia de mais assustador e impressionante para o cinema de terror, antes da saturação completa.

