Primeval
2007 / EUA / 93 min / Direção: Michael Katleman / Roteiro: John Brancato, Michael Ferris / Produção: Gavin Polone; David Wicht (Produtor Associado); Mitch Engel, Jamie Tarses (Produtores Executivos) / Elenco: Dominic Purcell, Brooke Langton, Orlando Jones, Jürgen Pronchnow, Gideon Emery, Gabriel Malema
De todos os filmes de crocodilos lançados em 2007 (sim, foram nada menos que TRÊS eco-horror com o réptil assassino), Primitivo, de longe, é o pior. Enquanto tivemos duas produções australianas sobre o tema – Medo Profundo e Morte Súbita – vistas por dois ângulos completamente diferentes, aqui acontece todo o exagero possível e imaginável de um filmão de estúdio e absolutamente todos os defeitos que vem junto com ele.
Crocodilo anabolizado feito completamente de CGI, um longa mais preocupado com cenas espetaculosas de ação, tiro, porrada e bomba do que o terror e suspense, e gente, um elenco liderado por uma picaretíssimo Dominic Purcell bombado com sua camisa sempre com três botões abertos, e que detalhe, é um JORNALISTA – eu nunca em todo meus anos no meio do jornalismo e da comunicação vi qualquer tipo de jornalista que se parecesse minimamente com ele – não dá né? Não tem absolutamente como nada bom sair daí.
Mas para dizer que não é uma completa porcaria, pelo menos há como pano de fundo um contexto sócio-político de uma guerra civil tribal em um país africano, todo tipo de mazela e crueldade das ditaduras locais e aquela boa e velha crítica ao governo Bush velada, mas ooooooh, nada que também leve a qualquer profundidade e reflexão.

O JORNALISTA Tim Manfrey (Purcell) depois de fazer uma cagada em uma reportagem, é enviado junto com uma produtora, Aviva Masters (Brooke Langton) e o seu cameraman, Steven Johnson (Orlando Jones) para o Burundi, para uma reportagem sobre um gigantesco crocodilo chamado Gustave, que vem fazendo uma série de vítimas nas margens do Rio Riuzizi, e atacou recentemente um grupo das Nações Unidas.
Só que o local está no meio de uma guerra civil (#TeamCap!) entre a tribo Tutsi-Hutu, liderada pela mão de ferro do terrível ditador “Pequeno Gustave”. Nossos intrépidos repórteres, mais cientistas e uma equipe que tentará captura-lo, terão de sobreviver da troca de tiros e massacre promovidos pelo homem, e daquele terrível réptil pré-histórico exageradíssimo feito em computação gráfica, com um tamanho, velocidades e força descomunal, completamente absurdas, só para dar aquele ritmo de filme de ação (tosco) e cenas de videoclipe durante o ataque do crocodilo.
O filme é o típico enlatado de Hollywood, com roteiro pobre e previsível, atuações risíveis, conflitos de personagens nada convincentes, Dominic Purcell JORNALISTA, direção burocrática, e pelo menos uma bela fotografia, afinal, convenhamos, estamos falando de um cenário fabuloso na África. Agora a história real a qual ele é exageradamente baseada, é SENSACIONAL.

MOMENTO NATIONAL GEOGRAPHIC: Gustave é um crocodilo-do-nilo de verdade, notório devorador de homens, com rumores de já ter matado mais de 300 pessoas, e até considerado uma deidade por aquelas bandas, temido por toda a região. Ele foi descoberto no final da década de 90 por um herptólogo e desde então, diversas tentativas frustradas de sua captura já foram realizadas (inclusive em Primitvo, uma dessas tentativas é retratada, quando um bode é usado como isca).
Como nunca foi capturado, estima-se que Gustave tenha de 6 a 7,5 metros de comprimento, e provavelmente mais de 60 anos de idade (alguns cravam mais de 100 anos, mas algo desmentido e sem acurácia, pois em uma das filmagens fora captada que sua dentição era completa, algo não condizente a um animal centenário, e que pasmem, ele ainda está crescendo), segundo o documentário Capturing the Killer Croc. Seu último avistamento foi em 2008, e seu paradeiro atual é desconhecido (inserir música de suspense).
Ou seja, o tal do Gustavão na vida real, é muito mais assustador do que qualquer frame do crocodilo computadorizado de Primitivo. O que dá medo MESMO é a interpretação de Dominic Purcell de JORNALISTA.

