Planet Terror
2007 / EUA / 91 min / Direção: Robert Rodriguez / Roteiro: Robert Rodriguez / Produção: Elizabeth Avellan, Robert Rodriguez, Quentin Tarantino, Bill Scott, Erica Steinberg (não creditada); Tom Proper (Produtor Associado); Sandra Condito; Bob Weinstein, Harvey Weinstein (Produtores Executivos) / Elenco: Rose McGowan, Freddy Rodriguez, Josh Brolin, Marley Shelton, Jeff Fahey, Michael Biehn, Bruce Willis, Naveen Andrews
Quando Robert Rodriguez e Quentin Tarantino anunciaram Grindhouse láááááá atrás, um filme completamente inspirado nas películas B de drive in que os dois malucos cresceram assistindo e venerando, que geralmente passavam em sessões duplas nos anos 70, foi uma catarse geral para os fãs de terror e dos dois cineastas pop.
Inicialmente, o projeto consistia em um filme de mais de 3h de duração, com a mesma estética grindhouse – emulsão, chuviscado, tons de sépia, coloração desbotando, cigarrette burn, rolos de filme faltando, nudez, violência e gore quase ilimitados – incluindo aí trailers falsos de produções hipotéticas no começo e entre a exibição de Planeta Terror, o segmento de Rodriguez e À Prova de Morte, de Tarantino. Como diretores desses trailers, nomes como Rob Zombie e Eli Roth, e daí surgiu Machete, brincadeira com Danny Trejo, que depois viraria um desnecessário longa com direito até a uma sequência mais desnecessária ainda
Enfim, os irmãos Weinstein então se ligaram que ninguém ficaria com a bunda sentada no cinema vendo um filme de 3h e tudo mais depois das exibições testes, comercialmente seria um fracasso retumbante, e Grindhouse virou dois filmes independentes. Sendo que a sequência de zumbis de Rodriguez definitivamente é superior, e muito, ao filme do Taranta.

Planeta Terror é deliciosamente divertido! Um verdadeiro escracho com o toque de falta de noção, humor negro e ácido, situações absurdas e um verdadeiro banho de sangue, repleto de referência por metro quadrado ao cinema de terror, aos filmes B, ao sci-fi, a George Romero, crítica velada ao aparelhamento militar do governo Bush (travestido em forma de um canastríssimo, mais do que nunca, Bruce Willis), xistes de cultura pop e do way o life texano do diretor de chapéu.
A verdade é que Planeta Terror foi um lampejo de Rodriguez lá atrás, em 1998, quando dirigia Prova Final, e teve uma epifania, compartilhada com Elijah Wood, que depois se confirmaria verdadeira, de que o cinema zumbi voltaria com tudo. O sujeito visionário foi lá, escreveu 30 páginas de roteiro, empacou na ideia e descartou o texto, recuperando-o apenas quase uma década depois, e finalmente, fazendo o seu filme de mortos-vivos.
A trasheira (mas com orçamento de superprodução e um time invejável de atores) se dá início quando uma milícia formada por ex-combatentes no Afeganistão e que nessa “realidade alternativa” mataram Osama Bin Laden, são infectados por um tipo de gás tóxico que os transformam em zumbis necrosados devoradores de carne humano e durante um entrevero, essa arma química é liberado dando início a boa e velha infestação zumbi.

Um grupo de sobreviventes, liderado aí pelo heroico El Wray (Freddy Rodriguez) – que tem a explicação sobre sua pessoa em um rolo faltando de filme e ninguém fica sabendo realmente o que diabos ele é, e isso é deveras sensacional – e pela ex go go dancer que quer se tornar uma comediante de stand up, Cherry Darling (Rose McGowan) – sim, aquela que perde a perna em um acidente e coloca uma metralhadora em seu lugar, HELL YEAH! – precisam sobreviver e matar o máximo das criaturas possíveis, levando seu time para a costa do México e lá construir uma barricada e reconstruir o mundo pós-apocalíptico.
Agora pega só quem também está no elenco da bagaça: Josh Brolin (que está sensacional), Marley Shelton (igualmente sensacional com suas injeções de anestesia), Michael Biehn, Naveen Andrews, Fergie (sim, aquela do Blacked Eye Peas), Tom Savini, e por aí vai. Se todo filme grindhouse fosse assim, hein? E, além disso, os efeitos especiais, leia-se o tanto de nojeira e sangue esguichados, claro que ficaram por conta da KNB EFX Group, de Kurtzman, Nicotero e Berger, os papas do assunto na atualidade. E ah, coloque nessa conta de coisas espetaculares do filme, a trilha sonora, do próprio diretor, inspiradíssima em John Carpenter e mais aqueles petardos da cultura musical que já virou marca registrada em suas películas, assim como as de seu parça queixudo.
Fato é que Planeta Terror é filme para fã nenhum botar defeito! É tipo um combo com tudo que você espera de Rodriguez atualizando um período extremamente fértil do cinema transgressor, exploitation e bagaceira, sempre com um senso de humor e inverossimilhança batendo nas alturas, além da tosqueira, da ficção científica barata e do gore, que é o que a gente gosta de verdade!

