P2
2007 / EUA / 98 min / Direção: Franck Khalfoun / Roteiro: Franck Khalfoun, Alexandre Aja, Grégory Levasseur / Produção: Alexandre Aja, Erik Feig, Grégory Levasseur, Patrick Wachsberger; Greg Copeland, Daniel H. Heffner, Jean Song (Coprodutores); Andrew Matosich, Mimi Tseng (Produtores Associados); David Garrett, Bob Hayward, Alix Taylor (Produtores Executivos) / Elenco: Wes Bentley, Rachel Nichols, Simon Reynolds, Phillip Akin, Stephanie Moore
Causos do 101HM: Era uma tarde de domingo de 2007. Cresci na perifa, em um bairro esquecido por Jeová no meio de um limbo entre São Paulo, Santo André e São Caetano do Sul. Estava de boas na casa da minha mãe quando o meu vizinho da frente, com sua educação quase escandinava, ligou um funk bagaceira no último volume e ficou lá a tarde inteira tocando aquele batidão nervoso ensurdecedor.
Quase chegando às raias da loucura com aquela música infernal, eis que decido pegar meu carro e sair de casa antes de dar uma de Michael Douglas em Um Dia de Fúria e comprar briga com a fuleragem do meu bairro. Fui até o shopping, ao cinema, e lá me deparei com P2 – Sem Saída em cartaz. Foi quando eu lembrei: “SIM, aquele filme produzido por Alexandre Aja e Grégory Levasseur, os franceses responsáveis por Alta Tensão e Viagem Maldita. Claro que vou assistir, não podia ser pior que aquele proibidão que tocava em frente a minha humilde residência”.
E olhe, que grata surpresa, porque P2 é um baita thriller. E com a assinatura de Aja/Levasseur: uma tensão angustiante crescente que quase faz seu coração sair pela boca, violência gráfica (mesmo que comedida com relação aos seus dois longas anteriores) e a nossa protagonista, a Angela da lindíssima Rachel Nichols, sendo banhada de sangue e comendo o pão que o diabo amassou até seu final, e de outrora indefesa vítima, para uma mina que chuta bunda do maníaco psicopata que a persegue em um estacionamento abandonado em uma véspera de natal.

Esse plot simples é o que permeia toda a metragem do filme, história de Aja e Levasseur e roteiro de ambos e de Franck Khalfoun (mas com uma mão pesada de Aja segurando essa câmera com toda certeza, naipe a dinâmica Tobe Hooper e Steven Spielberg em Poltergeist). Todo centrado em dois personagens, uma situação claustrofóbica, apenas uma única locação (um prédio e sua garagem, principalmente o tal andar P2) e aquela boa e velha luta pela sobrevivência repleta de adrenalina e angústia, contra um sujeito desequilibrado, vouyeur, e fã de Elvis, vivido por um ótimo Wes Bentley, no auge do seu vício com cocaína.
Fato é quem assistiu Alta Tensão sabe que Aja é um filho da mãe em cenas de suspense com alta, hã, tensão. E criar personagens femininos fortes que vão evoluindo durante o longa. Mas ainda assim, pelo suspense redondo, construção de personagens, um assustador psicopata e a questão da clausura, ou seja, o todo que faz P2 sem um ótimo filme, temos aquela cena do maluco prensando o tiozão da firma que abusou de Angela na festa de final de ano, com um carro contra a parede. PUTA QUE O PARIU, que é de uma violência gritante e com um excelente e verossímil efeito de maquiagem, o cara sendo esmagado e com suas entranhas caindo para fora! Eleva o filme no nível de um “simples suspense”.
E essa parceria Khalfoun na direção + Aja + Levasseur na produção gerou também o fodástico remake de Maníaco, em 2012, com o Elijah Wood no elenco e uma estética em POV absurda, e o diretor também foi o responsável pelo novo Amityville : The Awakening, pela Blumhouse Pictures do Jason Blum, que subiu ao telhado recentemente e deve ser lançado só em 2017.
Bom, a moral da história é: há males, como o vizinho sem noção ouvindo os funk proibidão, que vem para o bem, que é ter fugido para o cinema e assistido P2 – Sem Saída.

