Pon / Phone
2002 / Coréia do Sul / 104 min / Direção: Ahn Byeong-ki / Elenco: Ha Ji-won, Kim Yu-mi, Choi jae-woo, Choi Ji-weon, Eun Seo-woo
Não é só do Japão que vive o cinema de terror asiático. A Coréia do Sul também foi um grande expoente do subgênero no início da década de 2000 e até mesmo um dos mais prolíficos celeiros cinematográficos da década passada, lar de nomes como Park Chan-Wook e Bong Joon-ho.
Telefone é um desses exemplares do K-Horror (Korean Horror), que emula muito dos trejeitos do J-Horror, mas com uma estética um pouco mais ocidentalizada que seus vizinhos da Terra do Sol Nascente.
Digo isso porque além de copiar os já famosos fantasmas cabeludos, e uma metáfora fantasmagórica de aversão a tecnologia em contraponto das tradições milenares orientais (nesse caso o telefone celular, como Ring – O Chamado já havia feito com as fitas VHS e Dark Water – Água Negra com prédio de apartamentos), seu ritmo é completamente diferente, mais acelerado, com edição e cortes mais rápidos e menos arrastados, maior quantidade de ação física e utilização do jump scare como recurso de susto (mas nada próximo a banalização do mesmo como se vê no cinema atual).

Telefone é uma peça assustadora, mas irregular, com um roteiro que chega a ser até bem confuso, principalmente em sua desnecessária e arrastada primeira metade, mostrando só ao que veio mesmo do meio até seu explosivo final, aquele preparado para a boa e velha vingança espectral, afinal, sabemos que basicamente só esse expediente fora usado no cinema de horror asiático, aqui, inspiradíssimo em Edgar Allan Poe.
Ji-Won é uma jornalista que escreveu uma série de artigos denúncia sobre pedofilia, e passa a receber ameaças de morte em seu celular. Ela muda seu número e aceita a oferta de sua amiga próxima, Ho-Jung e de seu marido, Chang-hoon para morar em sua casa vazia no interior. Porém ela começa a receber estranhas ligações nesse novo número, além de ouvir toda noite “Sonata ao Luar” de Beethoven no piano, sem que ninguém no local a tocasse.
Em paralelo, a filha de Ho-Jung, que é sua afilhada, após atender a uma das chamadas do celular de Ji-Won passa a ter um estranho comportamento violento com relação a sua mãe e uma misteriosa atração sexual pelo seu pai. Enquanto isso, a repórter passa a investigar os antigos donos daquele número de celular e descobre que eles morreram em circunstâncias bizarras, e uma das proprietárias era a estudante Jin-hee, que desaparecera sem deixar vestígios (e costumava tocar “Sonata ao Luar” no piano).

Indo a fundo, Ji-Won descobre que Jin-Hee teve um caso com Chang-hoon, seu professor, que decidira terminar o relacionamento secreto, fazendo com que a garota fique obsessiva, como manda a cartilha. Okay, nesse momento você já desenha completamente a trama, só que o final revela uma reviravolta que foge um pouco do clichê já pré-estabelecido.
ALERTA DE SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco. Você vai imaginar que a garota ameaçava o casamento do adúltero e ele tinha a matado, como zilhões de filmes com essa temática. Mas acontece que aqui Ho-Jung foi a responsável pelo assassinato da amante do marido, e depois do ato, a emparedou em casa, junto com o celular pré-pago que usava para o marido receber as ligações. Como disse lá em cima, ao melhor estilo Edgar Allan Poe, a nossa heroína descobre tudo isso exatamente ao ligar para o número e escutá-lo chamar atrás da parede. Sorte que a bateria do celular era infinita! Lógico que o espírito rancoroso da estudante surgirá para executar sua vingança.
Telefone é um dos bons exemplares do K-Horror, que hoje parece um tanto quanto batido, uma vez que fez parte de uma verdadeira enxurrada do subgênero, assim como o próprio J-Horror, caindo no mesmo problema da exaustão da fórmula, mas que funciona de sua metade para frente e apresenta uma característica atmosfera assustadora assim como seu fantasma que dá as caras para o susto final.

